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A primeira coisa que fiz foi olhar seu antebraço esquerdo, aparentemente foi uma forma que eu encontrei de confirmar a identidade dos irmãos Lockwood e lá estava a última das fases lunares: a lua nova.

-Então você é...

- O irmão mais novo do Bennett, é um prazer conhecê-la.

Gostei dele na mesma hora, acho que era por causa do sorriso e da generosidade que emanava de seus olhos.

- O que faz por aqui?

- Para falar a verdade, não sei, eu te vi por acaso e senti que te devia uma apresentação descente.

Típico dos Lockwoods se apresentarem pessoalmente.

- E também vi você conversando com ele. – finalizou Becker.

Minha alegria murchou nessa hora.

-Eu...

- Está tudo bem Rebeca, você não me deve explicações.

- Mas eu quero dar, eu estava... estou zangada com seu irmão e eu precisava sair para dar uma espairecida – omiti a parte que tive uma briga com meu tio e Jesse – vim até o lago e... ele me encontrou.

A expressão de Becker não demonstrava raiva nem ódio, somente um olhar de tristeza.

- Eu sei como se sente – ele disse simplesmente.

- Sabe?

- Ele matou minha mãe e não duvido que não vá se vingar do meu pai também, o porquê dele ainda não ter feito isso eu não sei, mas pensar que pode ser a qualquer momento me assusta, então eu entendo a curiosidade que você sente, quer saber porque ele está te atormentando, como conhece a verdade sobre seus pais e sobre seus amigos, é normal querer ficar cara a cara com o inimigo e tentar tirar tudo o que pode de informações dele.

- Ele disse que precisa de mim, disse que está esperando acontecer algo para que seus planos se concretizem, tem alguma ideia do que possa ser?

Ele pensou por um momento.

- Talvez seja...

Um uivo interrompeu seus pensamentos.

- O que aconteceu?

Ele ergueu a mão, para me silenciar. Pedi desculpas silenciosamente pela interrupção.

- É o Bruce, disse que encontrou o Bennett em um estado de raiva possessa e quer que eu vá tentar acalmá-lo.

- Como vai fazer isso? Ele fica irreconhecível quando está sob a lua cheia, fica arrogante e teimoso.

Ele parou e pensou por um momento.

- Vem comigo.

- O quê? Não posso, eu e ele...

- Tenho certeza de que o que ele mais precisa nesse momento é de você.

"Isso é ridículo" pensei em dizer "Não posso ser a pessoa que fará com que ele se acalme" pensei em várias desculpas "E além disso estamos brigados".

Mas quando olhei novamente em seus olhos verdes, era como se ele dissesse: "Por favor, você é minha única esperança".

E com isso não pude negar pela segunda vez.

- Está bem, mas não espere que eu faça milagres.

Becker sorriu e voltou a sua forma lupina.

- E como vamos chegar até eles?

"Sobe nas minhas costas"

- Você só pode estar de brincadeira.

"Rebeca, meu irmão está a ponto de matar o Bruce porque ele não deixa ele sair da floresta, então não, não estou de brincadeira".

- Mas...

Outro uivo.

"Precisamos nos apressar".

Sem pensar duas vezes, subi nas costas de Becker e o mesmo começou a correr o mais rápido que pôde na direção de seus irmãos. Eu me agarrava com toda força que tinha em seus pelos, provavelmente ele estava sentindo um desconforto, mas não falou nada.

***

De alguma maneira eu pude sentir que as vibrações de Bennett estavam à flor da pele, raiva, medo e ódio predominavam o ambiente quando finalmente avistamos eles. Bennett e Bruce estavam em suas formas lupinas e pareciam que estavam prestes a se atacar.

"Não quero te machucar cara, mas se não se acalmar não terei escolha" – disse Bruce.

"Você sabe que não pode ganhar de mim, sou muito mais forte que você".

Senti meu estômago embrulhar. Arrogância, esse era o primeiro sentimento que Bennett emanava quando estava com raiva.

"Não jogue na minha cara sua primogenitura nem o poder que teria herdado de mamãe se ..."

"Se eu não tivesse criado um bloqueio com a morte dela? É isso o que você ia dizer né? Não foi isso o que houve, esse 'bloqueio' foi algo inventado pelo papai para explicar o que não aconteceu após a morte de mamãe. Acha que eu não sei que sou diferente? Que o papai e a mamãe escondiam algo? Que ainda escondem? Que o simples fato de eu ter olhos azuis não me torna diferente?"

"Por que iniciar essa conversa de novo? O poder nunca te interessou."

"Mas o motivo da cor sempre, a própria Rebeca quando descobriu disse que é impossível eu ter essa cor de olhos se eu não fosse um assassino!"

"Bennett, pare de se culpar por algo que você nunca fez! Você nunca matou ninguém!"

"Quem sabe? É de conhecimento de todos que eu perco o controle em noites de lua cheia, um exemplo disso é a noite em que marquei a Rebeca".

"Você não quis fazer isso."

"Muitas pessoas não querem fazer muitas coisas, mas acabam fazendo, eu posso ter matado alguém, talvez por acidente, mas não é impossível".

Eu me recusava a acreditar naquilo tudo, tá certo que eu não podia explicar a cor de seus olhos, mas eu simplesmente sentia, e aposto que ele também, que tudo o que estava dizendo não passava de mentiras.

"Se eu fosse um alfa, poderia ter evitado que ele chegasse perto dela."

Agora sim eu estava com o coração saltando pela boca, por que o "dela" significava que ele estava se referindo a mim.

"Ele não a tocou, nem a machucou."- tentou argumentar Bruce.

"Exatamente!" gritou Bennett "Não acha estranho isso? Na primeira oportunidade que teve, matou a mamãe, porque com a Rebeca seria diferente? Ele está tramando alguma coisa e eu não posso protegê-la!"

Bruce não teve como dar uma resposta a essa afirmação.

Culpa. Seu segundo sentimento.

"Ela foi parar no hospital hoje por minha causa! Se não fosse o Sr. Channey ter mencionado a morte de mamãe e eu ter ficado com raiva por achar que ele é o maldito alfa, ela não teria ficado magoada e irritada comigo e não teria batido a cabeça!"

Eu queria sair de onde estava, mas não saberia o que fazer, então simplesmente desviei o olhar e olhei para baixo. Minha tatuagem estava brilhando, provavelmente estava assim desde que chegamos, mas eu nem havia notado e aparentemente, Bennett também não.

Desci das costas de Becker e fui em direção à Bennett. Ele se virou imediatamente.

Cheguei perto dele, me ajoelhei e encostei minha testa no meio da sua. Enquanto minhas mãos acariciavam seus pelos, fechei os olhos e disse:

- Nada do que aconteceu foi culpa sua.


Olá pessoal, tudo bem com vcs? Espero que sim :) Andei meio sumida mas não abandonei vcs não ksks espero que ainda estejam aí para que continuemos nossa aventura, ksksks tomara que gostem do novo capítulo, um super abraço e até a próxima fui!!!!

Marcada pelo loboOù les histoires vivent. Découvrez maintenant