Capítulo 11

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Daryl Dixon

Depois que a S/n saiu, eu fiquei ali por mais um tempo, respirando fundo e me xingando mentalmente por sempre conseguir estragar tudo.

Levantei daquela maca e me olhei em um espelho, vendo meu rosto com alguns curativos e sem as manchas de sangue. Não havia ninguém ali na enfermaria, o Henry já tinha sido liberado e o Siddiq tinha saído.

Eu saí da enfermaria em passos lentos e desanimados, descendo alguns degraus e parando no meio da rua sem saber muito o que fazer agora.

— Já conheceu a fera? - uma mulher aleatória perguntou.

— Como? - olhei para ela com o cenho franzido.

— A S/n Grimes. - ela disse.

— Ah...

— Dizem que ela sempre teve um lado psicótico. - falou a mulher, que até agora eu não sabia o nome ou o que queria falando todas aquelas coisas para mim. — Todo mundo diz que ela é como o pai, acho que é por isso que todo ano ela é reeleita a líder.

— Mas ela é uma boa líder, não é? - perguntei, ficando cada vez mais confuso com as intenções dela.

— Sim, ela é. - concordou. — Mas também é muito cruel. Estou aqui há 4 anos e já vi ela fazer muitas coisas. Aquelas espadas cheias de traços que vive nas costas dela a torna ainda mais assustadora.

Eu apenas ouvia o que aquela mulher falava, vendo S/n andar com Lydia pelas ruas da comunidade.

— Mas dizem que ela nem sempre foi assim. - comentou. — Dizem que ela perdeu muita gente. O pai, o irmão, o melhor amigo... Falam que o Glenn, o melhor amigo dela que morreu com a cabeça esmagada como carne moída, era unha e carne dela. Ele conquistou aquele coração de gelo como nenhum outro conseguiu. Acho que nem o Daryl conseguiu fazer aquela mulher amar ele na mesma intensidade que o Glenn. - ela contou, com os braços cruzados e os olhos também sobre a líder. — Daryl é o cara que deu um pé na bunda dela. O filho da puta foi embora do nada e deixou só uma carta pra ela. Depois disso, dizem que ela nunca mais foi a mesma.

Quando ouvi meu nome, meu peito apertou. Respirei fundo e abaixei a cabeça, sentindo toda a culpa pesar em minhas costas de novo. Mesmo que eu explique e me desculpe, ninguém nunca vai entender o motivo pra eu ter ido embora.

Ela nunca vai me perdoar.

— Prazer, Luciana. - a mulher finalmente se apresentou.

— Daryl Dixon. - me apresento de volta, vendo ela arregalar os olhos.

— Eu... eu não... não quis...

— Tudo bem. - tento tranquilizá-la do susto, vendo seu nervosismo. — A S/n mudou muito depois que o Glenn morreu. Ela tava do lado dele quando aconteceu, e sinto que ela se culpa por isso até hoje. Depois daquela noite eu acho uma parte dela morreu, a outra parte eu devo ter levado embora comigo.

— E como ela era? - perguntou curiosa. — Como ela era antes dele morrer?

— Ela sorria, ria de tudo. Os dois passavam o dia se irritando e passeando por Alexandria. - sorri fraco ao lembrar das aventuras dos dois. — A Maggie já estava grávida na época, S/n tava animada porque ia ser madrinha. Todos estávamos. Ela e o Glenn faziam planos, sentavam na varanda de casa e passavam a noite olhando as estrelas, conversando sobre o futuro ou simplesmente aproveitando a presença um do outro. Mas aí ele morreu e ela desabou. - fechei meu sorriso e cocei a ponta do meu nariz, sentindo a mulher me encarar. — Ela amava as estrelas, e no fim ele se tornou aquilo que ela mais amava.

— Ele era mesmo muito importante pra ela.

— Ele era o porto seguro dela. - digo. — Se ela estava prestes a cair, ele a segurava. Eu disse que não deixaria ela cair, que ia segurar ela, mas ela caiu e eu não estava aqui pra segurá-la. Eu não estava aqui quando ela mais precisou de mim. O Glenn com certeza me mataria se estivesse aqui. - comecei a desabafar, nem lembrava mais que aquela mulher estava ali.

Love in chaos III - Daryl Dixon Where stories live. Discover now