Capítulo 44

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Eu a vi despedaçar, cair em lágrimas assim que entramos em casa

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Eu a vi despedaçar, cair em lágrimas assim que entramos em casa. Fátima apareceu e parecia preocupada mas mandei ela se afastar, pedi que nos deixasse a sós. Levei Ada até nosso quarto e a deitei na cama. A primeira morte. Eu ainda me lembrava de como havia sido, como matei pela primeira vez. Lembro de ter ficado em choque e ter começado a chorar e meu pai sentar ao meu lado e me confortar. Nem sempre é fácil, ele dizia. Ada soluçou mais alto enquanto eu tirava suas botas.

Não puxei conversa e muito menos tentei dizer que passaria. Porquê na verdade não passa. Você se acostuma.

Sem me importar de acabar levando um tapa, tirei seu vestido. A forma como nem se importou, me fez perceber o quanto estava perdida em seus pensamentos. Fui até o closet e peguei uma das minhas camisas, coloquei nela e peguei um lenço umedecido. Seu olhar encontrou o meu e me peguei pensando se por acaso eu não estava sendo invasivo demais. Mas ela não conseguia parar de chorar. Sei que têm ansiedade e ela entrou em crise logo após perceber o que aconteceu. No carro mandei mensagem para Jade perguntando o que eu poderia fazer, eu não tenho experiências com ansiedades ou ataques de pânico. Não faço ideia de como reagir. Eu me controlava com álcool. O que pensando bem, não era uma boa ideia.

Logo após Charlotte morrer, eu esperava Luna dormir e ia beber o quanto pudesse. O álcool nunca me afetou diretamente, os meninos costumam brincar comigo pela forma como não tenho ressaca. E agora havia Ada, ela perdeu os pais muito nova e isso desencadeou muitas coisas, somando isso com fugir do Zafer. Me sentei ao seu lado depois de retirar meu paletó e comecei a tirar sua maquiagem.

— Ele tinha família? — Engoli em seco me perguntando se seria melhor mentir. Mas se eu mentisse ela iria acabar descobrindo de qualquer forma.

— Tinha — Quando pensei que não pudesse mais chorar, ela me agarrou com força. Deixando o lenço de lado, peguei meu celular quando apitou e vi a mensagem da Jade.

Jade:
Tenta acalmar ela. Ela comentou que não precisa de remédios para se controlar, caso não der certo. Dê um remédio para dormir.

Não contei para o grupo o que tinha acontecido e quando enviei a mensagem contando. Não deu nem um minuto e foi chegando mensagens deles, depois de tranquilizá-los, deixei o celular de lado para confortar ela. Ada havia parado de chorar e estava na fase do transe. Não falava nada e muito menos uma lagrima caia. Perdida em seus pensamentos ela começou a brincar com o meu relógio. Ouvi ela contando baixinho os números no relógio e começava tudo de novo quando chegava no sessenta.

— Dorme um pouco Ada, vai ser bom para você — Tentei mesmo sabendo que agora possivelmente é tudo o que ela menos quer.

Balançando a cabeça constatando meu fato, continuou contando os números. Apenas fiquei aqui ao seu lado a observando. Nem troquei de roupa com medo dela desabar de novo. Trouxe ela para meus braços colando suas costas em meu peito quando me escorei na cabeceira da cama. Comecei a fazer carinho em seu cabelo, e a ouvi começar a falar em turco. A fase do esquecimento.

Um acaso do destino Where stories live. Discover now