Melissa

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> Capítulo podendo haver erros <

Estou cansada. Assim que desço do ônibus me vejo mais cansada do que nunca. Tudo o que aconteceu na universidade pesa em meus ombros e sinto vontade de chorar. Assim que abro a porta do meu apartamento me deparei com minha melhor amiga sobre o fogão cozinhando algo. O cheiro é agradável e me leva a ir até ela e verificar o que tanto me agrada.

Há vasilhas sobre a mesa com tomate, cebola e pimentão cortados. Limão espremido, e um pequeno pote com açafrão. Seja lá o que estiver aprontando, ela se preparou. Só que há uma coisa. Mari não sabe cozinhar.

Já tinha ensinado várias receitas para ela, mas a loira insiste em não aprender. E agora chego em casa e me deparo com ela cozinhando? Só poderia significar uma coisa, ela tá sofrendo com algo. Quando algo a mágoa, ela simplesmente inventa de fazer algo inusitado. Da última vez tentou fazer artesanato.

— Mari? O que está fazendo? — Ela se sobressalta com minha pergunta, e ao olhar para mim noto como os olhos dela estão vermelhos.

— Queria fazer aquele frango ao molho que você tanto sabe fazer — Ela fala deixando a colher de lado. Vou até a sala, deixo minha bolsa em cima do sofá junto com minhas chaves e volto até a cozinha.

— O que vai fazer? — Ela pergunta quando me ver colocando o avental.

— Te ajudar — Digo e recebo um sorriso gentil. Quando ela está assim, tudo o que faço é ajudar seja lá no que estiver fazendo. Mesmo que eu esteja exausta de um plantão de 36 horas, o que acontece em quase todos os finais de semana. Mas hoje eu apenas passei por um dia ruim.

Passamos a tarde inteira fazendo o tal frango ao molho. Porque a primeira vez ela encheu a panela de açafrão e sinceramente eu não quero ter um ataque do coração. Da segunda vez, eu me virei e ela colocou sal de mais, então tivemos que refazer, a sorte é que eu sabia como aproveitar as comidas. Minha mãe sempre fez questão de me ensinar tudo o que podia. Eu sentia falta dela.

Ela ficou muito pé atrás quando falei que eu me mudaria para São Paulo. Me perguntando varias vezes se eu estava certa da decisão. Eu agora me pergunto se fiz certo. Mas me sinto feliz, moro com minha amiga desde que cheguei na cidade, estudo na universidade que sempre sonhei. Trabalho todo final de semana e às vezes na semana para poder me sustentar. Eu só acho que não tenho muito o que viver.

Eu finalmente pude entrar no banheiro e tomar um belo banho. Enquanto a água derrama sobre mim, escuto minha amiga me chamando.

— Seu celular não para de apitar com mensagens. Estão perguntando se você pode assumir um plantão hoje — Fechei meus olhos e respirei fundo. Eu não estava afim de ir para o hospital hoje, na verdade eu já queria está saindo desse emprego. Mas como não posso ter tudo o que quero, pensei na possibilidade de ir visitar minha mãe no Ceará.

— De quantas horas? — Gritei.

— 12! — Puta merda. Encostei minha testa no azulejo. Pensei em negar, mas a saudade da minha família bateu mais forte. Fazia um bom tempo que eu estava economizando para poder vê-los.

— Eu vou — E lá se vai minha noite tranquila de sono.

— Vou fazer um café para você — Ela gritou de volta. Ah o café ela sabia fazer, e para mim era o melhor.

Quando sai do banheiro observei os pijamas nas cruzetas organizados por cores, eu adorava comprar os pijamas hospitalares. Havia coisas dentro da enfermagem que eu simplesmente amava, mas havia outras que eu simplesmente ignorava ou tentava. Mesmo eu sendo apenas técnica.

Optando por um pijama roxo, o guardei em minha bolsa, optei por vestir lá para não contaminar e vinha embora com ele mesmo as vezes, eu ficava tão exausta que nem me tocava em me trocar, fui tratar de passar uma leve maquiagem. Puxei a gaveta procurando por brincos menores e encontrei um de bolinha pequeno, tenho quase certeza que esse brinco é de recém nascido. Mas tudo bem. Sei nem pra quê boto se eu tiro quando chego lá.

Um acaso do destino Where stories live. Discover now