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Ele já estava lá, Feyre havia conseguido levar Lucien até a Corte Noturna e agora Elain tinha a difícil decisão em suas mãos de ir conversar com ele ou deixar que as coisas ficassem como estavam... Doendo, machucando, e cada dia mais próximo do casamento dele piorava. Então, era aquilo, não é? Teria que enfim enfrentar aquele destino que lutou tanto para mudar.

Elain respirou fundo, inflando os pulmões de coragem, não seria fraca, não seria indefesa, ela não foi durante a última guerra contra aqueles de outro mundo, então, não seria covarde em enfrentar seu parceiro de frente e revindica-lo.

Pediu para Feyre a levar até ele, estava na Casa do Rio e ela não precisava saber em qual cômodo Lucien estava, apenas seguiu o caminho o laço a guiava, até o jardim e quando chegou a porta parou no arco vendo os longos cabelos ruivos de Lucien fluindo com a brisa fresca, usando roupas claras, botas marrons até os joelhos, e mão... Os dedos tocavam uma rosa branca com extrema delicadeza, a ponta dos dedos brilhando com magia e a flor se deleitando com aqua energia... Energia de luz, do sol.

Respirou profundamente e avançou para o jardim fazendo com que os cascalhos brancos denunciassem sua chegada pelo barulho. Lucien não a olhou, apenas abaixou a mão a afastando da flor continuando a fita-la.

- Quer conversar comigo?... - perguntou o príncipe... Sim, príncipe, Lucien agora era um príncipe.

Elain novamente encheu os pulmões de coragem, cerrou os punhos ao lado do corpo, endireitou a postura e disse:

- Revindico a nossa parceria, Lucien.

Fora como se uma onda de choque corresse por seu corpo, se agitando, esquentando, pulsando e sabia que Lucien também havia sentido o mesmo, pois o corpo dele tremeu de forma que pisou mais forte nos cascalhos. Ele trincou os dentes os deixando a mostra.

- Isso não está sendo bem uma conversa - ele disse.

- Sobre o que mais quer conversar? Feyre já disse tudo o que precisa saber sobre a nossa situação - continuou Elain.

- Na qual você nos colocou - ele disse quase como num grunhido e se voltou parcialmente para ela. - Depois de tudo o que fez, depois de ter me humilhado em frente a sua família... Revindica a nossa parceria?

- Não me orgulho do que fiz - disse Elain sem desfazer s postura firme. - Hoje sei que fui imprudente e tola.

Lucien deu um riso desacreditado e levou as mãos ao rosto.

- Não precisamos ter uma parceria feliz como a de minhas irmãs - disse Elain. - Vamos apenas aceitar isso para que o laço nos deixe em paz. Eu sei que quer isso tanto quanto eu, eu sinto...

- Se sentisse mesmo, Elain, saberia que tudo o que eu menos quero é isso - ele disse abaixando as mãos. - Fazer você e eu vivermos juntos por pura obrigação.

- Você não dorme mais, quase não come, não consegue ler e nem ficar em silêncio por muito tempo por que você me sente, o tempo todo, você sente os mesmos cheiros que eu, você me cuidando desse jardim, você escuta meu coração e você sente a minha dor - disse Elain agora segurando as lágrimas. - Eu sei que não quer isso para nós, Lucien, mas se quer ter paz, se quer fazer esses sintomas se amenizarem... Não há outro jeito, eu tentei encontrar.

Ele engoliu em seco, o peito largo subindo e descendo descompassadamente.

- Já pensou no que isso significa? - perguntou Lucien e Elain ergueu o queixo. - Signica passar por uma cerimônia, ter nossos pulsos amarrados até a consumação dessa parceria. Você está pronta isso?

- Eu sei disso, mas quanto a isso, eu quero um tempo - ela disse. - Acho que devemos nos conhecer melhor antes da cerimônia, ao menos, o básico.

- Nos aproximar? - as sobrancelhas dele se ergueram.

Elain respirou fundo. Sim, era aquilo, a mesma tática que Azriel e Gwyn usaram, mas, com eles o intuito verdadeiro era o amor, já entre ela e Lucien... Apenas costume, preparação para o dia em que finalmente seriam capazes de aceitar aquele laço por fim.

- Não quer uma verdadeira estranha como parceira, quer?

Ele estreitou os olhos a encarando de cima a baixo e aquele olhar do olho castanho avermelhado cheio de fogo fez sua pele se incendiar.

- Certo - ele disse. - Como quer fazer?

Ela não havia pensando bem sobre aquilo, mas...

- Podemos nos encontrar durante os fins de semana aqui... - ia dizendo quando ele negou com a cabeça. - Não?

- Se vai ser minha parceira, Elain, deve saber que terá que viver na Corte Diurna - ele disse com até pesar em sua voz. Aquilo significava... - Vai ter que ficar longe de suas irmãs, de sua família.

O coração de Elain se esfarelou dentro do peito e pelo repuxo no maxilar de Lucien sabia que ele também havia sentido. O lindo príncipe feérico de cabelos ruivos e pele bronzeada suspirou.

- Vamos fazer o seguinte - ele disse. - Vamos começar com você indo até a Corte Diruna nos fins de semana, conforme achar que está mais adepta pode ir aumentando os dias, no seu tempo.

Algo bem parecido com o acordo entre Rhysand e Feyre pós-Sob a Montanha, e tinha dado certo com eles.

- Mas antes, eu preciso resolver as coisas antes de sequer pisar os pés lá - continuou Lucien e a barriga de Elain gelou. Ela havia escutado quando Rhysand falava para Azriel que ela e o mestre-espião não eram bem vindos a Corte Diurna pelo o que ambos fizeram com Lucien. Helion os odiava... Pela Mãe, seu futuro "sogro" a odiava.

- Depois disso - o parceiro continuou. - Enviarei uma mensagem dizendo quando poderá ir.

Elain assentiu com a cabeça e abriu a boca levemente, ela o olhou de cima a baixo e parecia haver uma aura de luz em volta de Lucien, os cabelos brilhavam como lava derretida, a pele castanha bronzeada reluzia como se ele fosse o favorito do sol.

- Então, será assim - ela disse. - Irá cumprir?

- Eu é quem devia me preocupar com isso - retrucou. - Afinal, estou literalmente deixando um casamento promissor para acabar com o sofrimento entre eu e você.

Fora difícil não encolher os ombros com aquela sentença.

- Não precisa se preocupar - respondeu ela. - Assim que disser que posso ir, estarei lá.

Lucien franziu as sobrancelhas e a olhou novamente de baixo a cima. Nunca havia percebido muito bem a maneira intensa qual ele a olhava, querendo ou não, era um olhar diferente de fazer o interior de Elain se acender.

- Até mais, então.

Lucien deu apenas uma leve reverência e então desapareceu atravessando de volta para a Corte Diurna. Naquele instante, Elain quase desabou sobre os joelhos, os ombros relaxaram de uma só vez, o ar saiu de seus pulmões de forma aliviada e toda aquela oressao sobre si se dissipou.

Ela então levantou o olhar para aquela rosa qual Lucien tocava gentilmente, andou até ali curiosa e quando parou próxima ofêgou baixinho em surpresa o ver a flor bem aberta e com partículas de luz minúsculas dançando entre as pétalas brancas deixando rastros e caudas. Um pequeno sorriso se fez nos lábios de Elain, aquilo era lindo, era único, era aquelas uma mínima fração do poder de Lucien, mas era tão lindo e quando ela tocou as pétalas com a ponta dos dedos delicadamente sentiu o calor daquela magia que fez a dela cantar, cantar um lindo soneto que fez com que a magia de Lucien dançasse.

O Laço Partido (CONCLUÍDO)Where stories live. Discover now