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Doze dias e seis noites... Doze dias e seis noites para que ela e Lucien se "ajeitassem", como Helion havia dito na carta que enviou a Rhysand e Feyre, aquela carta causou um verdadeiro caos na família de Elain. Nestha ficou furiosa, Feyre achava um absurdo... Mas Elain... Ela até compreendia data limite para o pai de seu parceiro renegado, afinal, ou aquela parceria iria funcionar ou Lucien e ela não ficariam juntos e ele se casaria com a então, ainda, noiva.

Sinceramente, aquilo fora a única parte que realmente a incomodou. Se ela e Lucien tentariam aquilo não fazia sentido permanecer o noivado dele, o relacionamento dele com a tal fêmea que viu em sua visão uma vez. Aquilo incomodou tanto Elain que ela não conseguiu disfarçar enquanto colocava terra num vaso de maneira mais grosseira do que o de costume. Lucien continuar o noivado significava que ele também estaria com a tal noiva e com Elain.

— O que a pobre terra fez com você? — perguntou Feyre se aproximando com Stella em seus braços, sua sobrinha que parecia carregar a beleza de todas as estrelas ainda sendo um bebê.

— Nada, eu só estou chateada — admitiu Elain retirando as luvas de jardinagem e as olhou em suas mãos. Lucien havia dado a ela um par especial, que ela nunca usou.

— E o que está te chateando? — questionou Feyre balançando o corpo com Stella apoiando a cabeça contra seu peito.

Elain olhou para a irmã mais nova, para aquela imagem dela, não apenas Feyre, mas uma mãe e um dos maiores sonhos de Elain também era ser mãe.

— Quer saber a verdade? — ela disse suspirando e Feyre assentiu. — O noivado de Lucien. Eu não quero que ele continue com o noivado.

— Eu aposto que ele também não quer, mas foram as exigências de Helion para que você pudesse ir para lá — explicou Feyre. — Eu também acho uma grande besteira.

— Eu vou lá para Lucien ficar comigo, e a noiva dele? Também vai ficar junto? — jogou as luvas sobre a terra no vaso e Feyre deu um pequeno sorriso sapeca.

— Eu não estou com ciúme — Elain disse cruzando os braços.

— Está sim, não por que você quer, mas a parceria te deixa assim — deu uma pequena risada. — Antes de saber da parceria e eu fui para a Estival com Rhys e Amren, eu morri de ciúmes dele, e ainda não era apaixonada.

A Archeron do meio bufou pelas narinas e voltou sua atenção para as flores.

— Essa é uma das coisas que não gosto — disse ela. — Essa coisa que faz a gente sentir o que não queria sentir.

As duas ficaram em silêncio e Feyre suspirou, se aproximou da irmã e escorou o queixo no ombro dela.

— A história de vocês começou bem conturbada, mas sabe, eu acredito que vocês dois tem muito o que aprender com o outro.

A olhou com os olhos castanhos e suspirou também. Aprender com Lucien, o que exatamente? Ela não sabia o que poderia aprender com ele.

— Bom, enfim, você precisa arrumar suas coisas, depois que o sol se pôr amanhã você vai para a Diurna — deu um beijo no ombro de Elain e depois se retirou a deixando sozinha com seus pensamentos. Pensamentos ansiosos que iam e voltavam se perguntando como ficaria se aquela tentativa daria certo.

***

Como o combinado, assim que o sol se pôs Rhysand e Feyre a acompanhariam ate a Corte Diurna e Elain estava tão nervosa, havia escolhido o vestido mais bonito que tinha, da cor ametista e de ombros caídos, um tecido leve, os cabelos levemente cacheados com a parte de cima presa. Não exagerou em jóias, apenas um fina gargantilha, brincos de pérola, não queria causar uma impressão errada na família de Lucien, mais do que já havia.

Então, chegou o momento, deu a mão a Feyre e logo a magia de Rhys os envolvou e num piscar de olhos Elain está a agora em frente a entrada de um majestoso e glorioso palácio de cor marfim com detalhes em dourado. A porta dupla simplesmente monumental era dourada com o sol e estrelas entalhada, trepadeiras subiam nas mejestosas colunas e a faixada era iluminada por uma luz suave quente. Era tão grande, tão lindo, que Elain quase se esqueceu de como respirar.

A porta se abriu se dividindo em duas partes e quatro figuras foram surgindo... Quarto, não três.

Helion e sua Senhora estavam de braços dados, usando lindas roupas típicas da Corte Diurna, coroas em suas cabeças, assim como Feyre e Rhysand usavam as deles. E do lado de Helion estava Lucien, vestido como sempre, túnica, calça, botas, mas os cabelos estavam presos num rabo de cavalo alto liberando as feições de seu rosto que mesmo com aquela cicatriz e a falta do olho era... Lindo, naquela luz, naquele ambiente da Corte Diurna, Lucien parecia outra pessoa.

A atenção de Elain então fora para a fêmea ao lado de seu parceiro, usando um vestido branco preso ao pescoço, a pele era escura quase como nanquim, cabelos negros feito a noite lisos e caindo sobre os ombros expostos, era curvilínea e bem mais alta do que Elain, seus olhos eram da cor do céu azul, seus lábios eram carnudos, uma beleza que fazia machos caírem aos pés dela. Tinha peças de ouro como braceletes em seus braços e pulsos, usava uma sandália rasteira e uma postura invejável.

Ela olhou daquela fêmea, Lírio, para seu parceiro que tinha os olhar para o chão. Elain ergueu o queixo e ajeitou sua postura soltando a mão de Feyre levando as mãos em frente ao corpo e olhava para Lírio da mesma forma que ela a olhava, de cima.

Um silêncio amendontrador se colocou entre as duas famílias até que Rhysand pigarreou e a mãe de Lucien deu uma leve cotovelada em Helion que a olhou de canto de olho, depois para Lucien e Lírio e depois para Elain.

— Rhysand, Feyre — disse Helion e o cunhado de Elain e a irmã sorriram.

— É um enorme prazer estar aqui — disse Rhysand.

— O prazer é nosso em recebê-los — disse a mãe de Lucien olhando para Elain. — Organizamos um jantar para sua chegada.

— Muita gentileza sua, Senhora Aideen — disse Feyre.

— Vamos, por favor entrem, são muito bem vindos — disse Helion que a olhou novamente. — Todos.

Ela tentou não tremer ou desfazer a postura com aquele olhar do Grão-Senhor.

— Bom, venham, vamos primeiro der uma volta — disse Aideen puxando o braço o parceiro.

— Ah sim, eu fiz algumas mudanças aqui inspiradas em sua casa, Rhysand... — ia dizendo Helion andando junto da mãe de Lucien e com agora seu cunhado e a irmã os acompanhando e indo em frente deixando Elain, Lucien e Lírio para trás.

Novamente um silêncio assustador entre os três, até que Lucien limpou a garganta e deu um passo se afastando de Lírio, por alguma razão Elain gostou daquilo.

— Lírio, essa é Elain Archeron, minha parceira — disse ele e Lírio a olhou de cima a baixo. — Elain...

— Eu já sei — disse ela de maneira mais grossa do que esperava e Lírio dilatou as narinas. — É um prazer.

Lírio arqueou a sobrancelha.

— Eu não poderei dizer o mesmo. 

— Lírio — avisou Lucien e a fêmea apenas virou o rosto para o outro lado. Ele então olhou para Elain e se aproximou e ofereceu o braço. — Me acompanha?

Olhava do braço musculoso de Lucien para o olho dele, para o jeito que ele parecia ansioso e então olhou para Lírio que os olhava ainda de rosto virado e pelo canto do olho. Elaine então levou a mão a dobra do braço firme e Lucien que olhou para Lírio e ela desviou o olhar novamente.

— Nos falamos depois — disse ele a ela que sequer se deu o trabalho de respondê-lo e algo selvagem dentro de Elain rugiu, uma vontade imensa de avançar em Lírio, mas, manteve a boa pose e acompanhou Lucien, caminhando ao lado dele pelos enormes e largos palácios dourados do palácio, e sinceramente, era uma sensação nova e estranha, mas quando o olhava enquanto ele explicava sobre a construção não conseguia parar de encara-lo, de escutar a voz dele e algo dentro dela, o laço, pareceu de aquecer de uma forma que não a feriu, mas sim a confortou.

O Laço Partido (CONCLUÍDO)Where stories live. Discover now