Caminho dos Sonhos

Capítulo 16

Capítulo 16: Direita e Esquerda

Um grito cortou o silencio da noite deixando todos alarmados.

Era a terceira noite que viajavam desde que deixaram a ilha natal de Nami, a primeira que Sanji escutava um grito tão sofrido vindo do quarto de seu capitão, estando na cozinha cozinhando o que seria o lanche da madrugada do mesmo, o loiro saiu correndo, preocupado, se encontrando com Zoro no caminho.

- Volte para o que fazia, não é bem vindo no quarto dele - Zoro brigou enquanto parava na porta, Sanji bufou já farto do outro.

- Não respondo a ninguém além dele, se ele não me quiser ele dirá.

- Você não tem ideia do que está acontecendo - Zoro se pôs entre a porta e Sanji.

- E você é um brutamontes que jamais conseguiria o ajudar!

- Tem como os dois pararem de discutir e entrarem de uma vez? O ponto aqui não é ajudar Luffy? - Nami resmungou da porta do quarto feminino.

Zoro, relutante, cedeu, entrando no quarto e buscando por Luffy em sua cama.

O moreno estava no chão, no canto mais afastado da porta, agarrado às próprias pernas e sem seu chapéu a vista, isso preocupou Zoro que foi se aproximando devagar.

- Se vai entrar então faça algo útil e encontre o chapéu dele - Resmungou para Sanji o mais baixo e calmo que conseguiu enquanto ainda se aproximava de Luffy, esse que não pareceu sentir a presença deles, ainda encarando o nada - Luffy?

Luffy se encolheu, tremendo apenas com a menção de seu nome, isso fez Sanji franzir o cenho enquanto achava o chapéu, em baixo da cama, e o pegava caminhando de volta.

Zoro encarou o loiro em agradecimento antes de colocar o chapéu de palha sobre a cabeça do menino mais novo, esse que o agarrou fortemente.

- S-Sabo se foi - Luffy sussurrou, Sanji não sabia quem era Sabo, mas parecia algo ruim ele ter ido embora - S-Sabo e Ace, e-ele se foram.

- Eu tenho certeza de que eles estão conosco, nos vigiando enquanto velejamos - Zoro garantiu enquanto se sentava ao lado do menor, Luffy fungou.

- P-por que eles se foram, Zoro?

Zoro não soube o que responder enquanto Luffy se inclinava deitando contra ele, os dois ficando em silencio.

Sanji os encarou por um tempo antes de sair, talvez devesse buscar algo para Luffy comer, isso deveria ajudar, tinha certeza.

O Roronoa sentiu a tensão sair quando Sanji fechou a porta e, o mais cuidadoso possível, pegou Luffy em seus braços o levando para a cama.

- Quer me contar o que aconteceu, Luffy?

Zoro sempre perguntava isso, mas, ao invés de responder, Luffy mudava de assunto, geralmente contando sobre os irmãos, o mais velho nunca insistiu sabendo que era algo delicado para o capitão, seja o que fosse.

- Makino não era bem vista na vila - Luffy murmurou, ele nunca tinha falado nesse nome o que interessou seu imediato - C-chamavam ela de vadia de piratas, eu não entendia o que era, mas parecia ruim, Makino nunca ligava, ela apenas ria e me dizia para não brigar, q-quando Shanks vinha e eu contava à ele todos da tripulação riam e perguntavam porque ela não bateu neles.

- Ela parecia alguém forte.

Luffy assentiu.

- Quando me expulsaram ela tentou vir até a floresta, eu ouvi dos javalis que ela foi parada pelos outros e que a obrigaram a voltar, eu sempre quis ir até ela, mas tinha tanto medo de ser apenas esperança falsa e Makino me rejeitar que nunca fui atrás...

Zoro encarou a parede do quarto enquanto balançava Luffy em seu colo, o menor enterrou o rosto em seu peito enquanto fechava os olhos.

- Eu pensei que morreria quando Mihawk me acertou, achei que seria meu fim, mas não estava arrependido por Kuina, não, eu tinha certeza de que ela estaria do outro lado pronta para me dar um soco e dizer que fui imprudente, mas que estava feliz de eu ir atrás do nosso sonho não importava como - Zoro contou tocando os fios estranhamente macios, Luffy não cuidava deles, além disso era de borracha, como era tão macio?!

- Viver sem arrependimentos... - Luffy sussurrou, lembrava de Ace dizendo sobre seu sonho.

- Meu maior arrependimento, que com certeza me faria querer voltar, seria te deixar, eu nunca vou perder novamente ou morrer, porque eu vou estar ao seu lado sempre, você nunca mais vai estar sozinho.

Se os dois tivessem prestado mais atenção no que acontecia no navio ao invés de focarem só em sua conversa teriam notado Nami e Usopp os ouvindo o tempo todo e Sanji os expulsando quando voltou com o lanche, apenas para ouvir a confissão de Zoro.

Isso mexeu com o cozinheiro de alguma forma, ele não entendia, se Zoro era tão apegado ao sonho que tinha a ponto de nunca recuar mesmo lutando contra o espadachim mais forte do mundo, então por que ele simplesmente desistiria disso tudo por Luffy?

Sanji sabia que Luffy era especial, tinha convivido o suficiente para notar isso, mas Sanji só se resignou a o seguir porque Luffy acreditava em seu sonho, ele acreditava no All Blue e até se empolgava em ouvir o cozinheiro falar sobre.

Sanji não conseguia conceber largar tudo isso por alguém, ele só pensou em largar por Zeff porque tinha uma dívida com o homem mais velho, mas não devia nada à seu capitão, então era estranho para si que Zoro pudesse ser tão apegado a Luffy a ponto de se esquecer de si mesmo.

O cozinheiro pensou em deixar o lanche perto e apenas sair, entrando lentamente no quarto para não ser notado, mas Zoro o encarou imediatamente quando colocou o pé para dentro e isso deve ter alertado Luffy que se ajeitou melhor no colo de seu imediato.

- Sanji? - Luffy chamou rouco apertando o peito de Sanji.

- Eu vim trazer um lanche para vocês - O cozinheiro explicou.

- Deita, você também precisa dormir, é noite do Zoro vigiar...

Sanji assentiu começando a sair do quarto.

- Onde vai? - A voz de Zoro o fez parar.

- Para o dormitório... - Sanji franziu o cenho, sabia que Zoro quase sempre dormia no quarto do capitão, mas isso era entre eles.

- Eu preciso ir, você fica aqui com Luffy.

- Olha, eu não...

- O capitão mandou deitar - Zoro demandou e Sanji bufou, mas não retrucou enquanto voltava se sentando na cama, um dos braços de Luffy imediatamente o puxando para deitar com eles.

Zoro não se moveu para sair até Luffy estar ressonando baixinho, só então o imediato se soltou dos braços enrolados em si e saiu, deixando para Sanji a tarefa de vigiar o sono de seu capitão.