Capítulo 64

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Capítulo 64: Feitos de Fogo.



Marco encarou Ace, sabia o motivo do outro se entregar, odiava Teach por os colocar nessa situação, mas não poderia nunca permitir que algo acontecesse à Ace, mesmo que precisasse mentir, dizer algo que não queria sobre si, também sabia qual era a carta na manga de Crocodile então apenas o restava isso e, conhecendo Oyaji, ele concordaria.

Acariciou a mão unida à sua com carinho, as lembranças de como tudo começou, dois anos atrás, em sua mente.

A chegada de Ace, os ataques à Oyaji, a aceitação, as lutas lado à lado, os flertes aleatórios, a paixão, o namoro...

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Ace sorriu nervoso com o olhar jogado sobre si, o moreno de sardas tinha uma espada atravessando seu abdômen, na altura do intestino, e sangue escorrendo por sua boca, era justificado o olhar que o loiro mais velho o dava, mas não deixava Ace menos nervoso.

- N-não fo...

- Cale-se! - Marco brigou imediatamente - Como caralhos um logia conseguiu o feito de ser ferido pela porra de uma espada?!

- Hm... D-desculpe?

Ace não sabia exatamente como responder, eles estavam lutando quando o Portgas sentiu a lâmina coberta de haki o atravessar.

Marco soltou um suspiro exasperado puxando a espada, tentando não ligar para o gemido de dor do mais novo, antes de curar com seu poder o que era mais urgente.

- Vamos, na enfermaria eu poderei trabalhar melhor em você-yoi.

- Nunca pensei que fosse do tipo que gostasse de platéia, Marco - O moreno sorriu malicioso.

- Que diabos?!

Ace se aproximou, deixando seu rosto próximo do rosto do mais velho.

- Não quer trabalhar em mim, Marco?

O imediato dos piratas do Barba Branca sentiu o rosto queimar com o que era insinuado.

- Se continuar eu te deixo aqui-yoi!

- Aqui? Na frente de Pop?! Wow, senhor imediato, eu não conhecia esse seu lado!

- Ace-yoi! - Marco engasgou, vermelho brilhante.

Maldito D.!

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- Marco - Ace chamou baixo, apenas para o outro ouvir - No que está pensando?

- Menos de dois dias - Marco sussurrou, 33 horas pelos seus cálculos, mesmo sem relógio ele tinha uma precisão incrível.

Ace suspirou enquanto encarava para além das grades.

- Não pense nisso.

- E no que vou pensar?

- Não sei, só... não pense nisso.

Passos soaram, deixando os quatro aliados tensos, seria outra seção de tortura? Ninguém vinha aqui desde que Crocodile foi levado, pouco depois de Marco, dias atrás.

Ace arregalou os olhos, soltando a mão de Marco que franziu o cenho com isso, tentando entender o porque do outro ter feito isso.

Logo eles conseguiam ver o Vice Almirante Garp que se sentou de frente à cela de Marco e Ace soltando um longo suspiro.

- Olha só pra você...

- O que veio fazer aqui? Testemunhar a minha desgraça? - Ace zombou.

- Naquele tempo, eu prometi a seu pai que te manteria seguro...

Marco arregalou os olhos e Jinbei os encarou atento a cada palavra.

Garp falou em um monólogo, sobre o pedido do pai de Ace, a promessa que fez, suas tentativas de manter o garoto seguro e seu desejo para que ele entrasse para a Marinha para que pudesse viver seguro.

Ace riu, o interrompendo, uma risada amarga e rouca que se transformou em tosse.

- Você realmente acredita nesse conto de fadas? Depois do que eu e Luffy passamos?! Com o sangue que carregamos?! Acha mesmo que estaríamos seguros nas entranhas da organização que está nos caçando desde antes de nascermos?!

Garp não retrucou, baixando a cabeça enquanto se mantinha em silencio, ele sabia que suas esperanças eram falsas depois de tudo o que aconteceu, mas como ele saberia?! Foosha havia sido segura por anos!!

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Luffy franziu o cenho enquanto encarava Buggy, sem conseguir o entender por causa do calor e da fome.

- O-o que?

- Aquele idiota do ruivo! E você é mais idiota ainda! - Buggy bufou - Não serei usado como um brinquedo, já te trouxe até aqui!

- O que você falou sobre Shanks?! - Luffy se estressou, pegando o outro pela gola enquanto rosnava baixo.

- Você realmente acreditou que era importante pra ele? - Buggy riu com escárnio - Somos piratas, Mugiwara, acorde! Ele está apenas te usando, Shanks nunca conseguiu chegar até o One Piece e notou que você é capaz, ele vai aparecer quando for importante e te salvar, vai estar sempre nas sombras, e assim como foi ensinado a fazer, vai te roubar quando você estiver quase lá e tomar todas as glórias, ele sempre foi assim!

Luffy o soltou, Shanks não o enganou, certo? Ele nunca faria isso, ele... ele havia dado esse chapéu para si, tinha sacrificado um braço...

Era isso? Apenas um instrumento para Shanks? Estava sendo usado? Protegido enquanto fosse útil e então seria descartado?

Balançou a cabeça para espantar os pensamentos, isso não importava agora! Depois que resgatasse Ace iria confrontar Shanks, devia focar no que era urgente!

Puxou Buggy, decidindo ir em frente enquanto ignorava os sons dos cacos de seu coração ecoando no vazio de seu ser.

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Ace havia perdido a consciência em algum momento, sentindo a carícia de Marco em sua palma, foi acordado com a fala irritada de Megallan e o encarou com irritação antes de notar Boa Hancock ali.

Ace sentia como se algodão estivesse em seus ouvidos enquanto a mulher falava, mal prestando atenção, ela se aproximou mais da grade, apenas movendo os lábios e o homem arregalou os olhos, isso, isso era sério?!

- Vamos andando - Megallan chamou e Hancock se afastou, saindo sem dizer mais nada.

Ace sentiu as lágrimas virem assim que ficaram sozinhos.

- Amiga sua? - Jinbei indagou com curiosidade não entendendo a reação do outro.

- Ela disse algo, não disse? - Marco indagou - Crybaby, eu li os lábios dela, o que significa?

- L-Luffy.

- O que?!

Ace virou para a cela ao lado encarando os olhos dourados em desespero.

- Luffy está aqui...

- Isso é impossível, é impossível invadir Impel Down! - Marco argumentou.

Jinbei franziu o cenho, havia escutado muito sobre os irmãos de Ace enquanto estavam presos.

- Acredita mesmo que ele faria uma loucura dessas?

- É Luffy, se eu sou louco e impulsivo ele é o quíntuplo, o único equilibrado de nós é Sabo - Ace contou, as lágrimas voltando a cair.

O silencio reinou no andar, nem mesmo os outros presos diziam algo.

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