Caminho dos Sonhos

Capítulo 21

Capítulo 21: Cabelos loiros e cartola azul

Sabo acordou naquele mesmo dia, uma dor de cabeça terrível o assolando enquanto aquelas duas risadas únicas o confortava, lágrimas caíram antes mesmo que conseguisse abrir os olhos, por que relutou tanto em lembrar deles? De seus irmãos!

- Sabo-san? - A voz preocupada do médico à bordo fez o revolucionário abrir os olhos - Como se sente?

- O-onde está Dragon? - Sabo se sentou, a adrenalina o atingindo, Dragon era pai de Luffy! Céus! Isso explicava tanta coisa sobre a forma que Garp-san agia sempre que Luffy perguntava sobre um pai!

- Sabo-san, precisa ficar de repouso, acredito que você tenha conseguido alguma de suas memórias, isso pode ser um pouco confuso e...

- Eu lembrei de tudo - Sabo contou respirando fundo, ele queria ir até Dragon e gritar com ele, mas sabia que não podia negligenciar sua saúde - Estou com dor de cabeça, parecida com a que sinto toda vez que me deparo com algo sobre o passado, mas não acho que seja nociva, também não sinto nenhuma tontura ou outro sintoma, só... preciso falar com Dragon, onde ele está?

- No escritório, ele pediu para ser informado tão logo o senhor acordasse.

- Bom, eu vou até ele, assim que terminarmos voltarei para fazer uma melhor avaliação médica.

Sabo se levantou, deixando a enfermaria e seguindo para o escritório, a cada passo que dava mais e mais memórias chegavam até si, sobre sua família biológica, seu ódio por nobres e pelo sangue que corria em suas veias, sua amizade com Ace, sua fuga para viver com o amigo, conhecer Luffy, se tornarem amigos e então irmãos, ser pego e obrigado a voltar para o reino e então ver tudo queimar, sem saber se os irmãos estavam bem, forçado a assistir enquanto ouvia os planos de casamento que o enojavam até fugir novamente, dessa vez para o mar.

Sabo abriu a porta com tudo enquanto se recordava de seu naufrágio e então de seu despertar.

- Dragon!

- Sabo, como está se sentindo? - O líder encarou o mais jovem visivelmente preocupado.

- Você é o pai de Luffy!

- B-bem, eu te contei isso tem apenas algumas horas.

- Merda! Seu imbecil! Você abandonou meu irmãozinho!!

O revolucionário loiro estava ofegante, o rosto vermelho de raiva enquanto encarava o mais velho que estava visivelmente confuso.

- Irmãozinho?

- Luffy! Luffy e Ace, eu os conheci! Nós somos irmãos... - A voz do jovem adulto foi se acalmando a medida que a raiva desinflava, Sabo caiu na cadeira de frente para Dragon, as lágrimas vindo - E-ele sempre foi tão chateado de nunca saber nada sobre suas origens, n-nos achava sortudos porque a gente pelo menos sabia de onde vinha o suficiente para odiarmos, mas ele não sabia nada, i-isso sempre doeu tanto nele.

Dragon ouviu em silencio, esperando o outro se acalmar, ele sabia que merecia esses gritos, sempre se odiou por deixar seu filho para trás, então nada diria.

Sabo, no entanto, não parecia querer dizer mais nada, as lágrimas caindo enquanto escondia o rosto entre as mãos.

- Luffy sabe - Dragon começou lentamente - O dia em que te encontrei, eu tinha ido à Goa porque soube que um Dragão Celestial iria até lá e me preocupei com Luffy, queria o tirar de lá ao menos até aquele maldito ir embora, para não correr riscos, mas Luffy nem mesmo parou, preocupado em achar os irmãos, eu o vigiei até ter certeza de que não sairia da floresta e fui embora, foi quanto te achei, eu não tinha ideia da ligação de vocês três.

Sabo ergueu o olhar, as peças se encaixando.

- Ele gritou com você, em Loguetown, por que?

- Eu não tenho certeza - Dragon confessou - Recebi uma chamada de denden de meu pai a algum tempo dizendo que Luffy tinha sido dado como morto a ele e que só agora tinha descoberto, que todos o odiavam e que era minha culpa, julgo que descobriram nosso parentesco.

Sabo sentiu um gosto ruim em sua boca, se isso era verdade então Luffy tinha passado pelo o inferno, seu doce e sorridente Luffy devia ter se machucado tanto! E onde estava Ace? Teria vindo ao mar aos 17 como juraram? Se sim ele devia estar no Paraíso, esperando para ver Luffy, Ace com certeza iria querer ver o irmãozinho antes de voltar para seja lá o que esteja fazendo.

- Eu quero uma licença - O loiro voltou a se erguer - O médico iria me obrigar a tirar de qualquer forma já que estou me lembrando e isso pode ser delicado, então eu quero essa licença.

- Bem, se é uma recomendação médica - Dragon concordou - Onde ficará durante esse tempo?

- No navio de Luffy, eu vou recuperar meu tempo perdido com meu otouto!

Dragon franziu o cenho, mas não retrucou enquanto via o outro sair apenas para voltar minutos depois.

- Onde está o navio de Luffy?!

- Dentro da baleia.

- O QUE?!

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Luffy gritou em animação enquanto eles saiam pelo portão de dentro de Laboon, ele nunca pensou que seria tão divertido estar dentro de uma baleia!

- Nós temos que fazer isso de novo! - Gritou para sua tripulação que apenas sorriram satisfeitos em vê-lo feliz.

- Quem sabe outro dia? Acho que uma vez por dia é o bastante para uma aventura - Nami determinou vendo o moreno concordar.

- Ei, tio Flor! - Luffy se virou para Crocus, o homem que haviam encontrado dentro da baleia e que cuidava dela - Por que ela está se machucando assim?

O homem soltou um longo suspiro enquanto eles desciam do navio, pronto para contar a história de uma baleia que entendia a língua humana, uma baleia que foi deixada ali por seus companheiros que disseram que a Grand Line era muito perigosa para um ser como ela apenas para sumirem.

Uma baleia que esperou por 50 anos, para, quando Crocus ouviu que eles tinham abandonado a Grand Line e a baleia, e tentou contar, ela se virou contra a Reverse Mountain e nunca mais parou de a atacar, sua ira prevalecendo contra a Grand Line por lhe roubar os amigos a quem esperou por meio século.

Essa era a história de Laboon, a baleia que tinha os engolido, isso deixou Luffy pensativo, uma baleia que havia sido vítima da maldade humana, que se aproveitaram de ser um filhote e lhe encheram de amor apenas para o largar a seguir, o deixando para trás para que os anos formassem cicatrizes em seu ser, sejam elas visíveis ou não.