Correndo para a liberdade.

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🚨⚠️ALERTA GATILHOS⚠️🚨
Esse capítulo contém:
- uso de palavras grosseiras e obscenas;
- violência física e psicológica;
- agressão;
- abuso.

10.201plvrs


Já era noite, estava tudo tão escuro, os únicos pontos de luz que haviam ali era de alguns últimos cotocos de velas sobre alguns pires encardidos e incrustados com cera de vela seca. Alec agradecia por aquela mínima iluminação que tinha, além do fato daquele pouco calor que exalava das pequenas chamas. As chamas, lembrava o ômega, o brasão de sua família, olhar pra elas fazia-o lembrar do que significavam: tão forte quanto o fogo. Era o que tentava ser, no meio de tanta dor e desespero.

Seu corpo tremia, pois quanto mais tarde ficava, mais o frio intensificava. Fazia esforço para tentar não bater os dentes, cerrando os mesmos que, às vezes, rangiam, fazendo seus lábios inchados e doloridos arderem ainda mais. O corpo do ômega também tremia, ele respirava fundo constantemente, tentando fazer o corpo se aquecer, movimento gerava calor, mas seus braços estavam presos para trás e as cordas estavam muito apertadas, eram grossas e duras, pareciam fios de cobre em contato com sua pele, devido ao fato do atrito machucar tanto, sabia que ao se movimentar com mais intensidade, seus pulsos ficariam em carne viva, pois até a pele de seus tornozelos amarrados por cima das barras da calça pareciam pegar fogo.

Ainda havia a fome e a sede que aumentavam ainda mais a agonia do ômega. Os lábios pálidos sem a cor vermelha natural e saudável, sendo destacados pelo vermelho opaco do sangue seco e o hematoma arroxeado, devido ao tapa forte que havia levado. A boca de Alec estava seca, para ele, estava se tornando difícil até engolir a saliva que também parecia estar escassa, mesmo sendo a única maneira de hidratar sua garganta seca, o mínimo esforço de fazer isso, ardia até o esôfago e suas vias aéreas, mas imaginava que isso fosse devido ao formol, que só de lembrar do cheiro, Alec tossiu e depois gemeu, ao sentir a garganta arranhar.

O ômega percebeu que estava de olhos fechados, suas pálpebras pesavam cansadas, mas não queria e nem podia dormir, mesmo que pensasse nisso para tentar não sentir a dor da fome e a intensidade do frio. Inocentemente, achava que quando acordasse, tudo não passaria de um sonho, que abriria os olhos e veria os olhos verdes de Magnus e depois ouviria a voz rouca dele lhe desejando "bom dia, baby", depois sentiria o toque dos lábios dele nos seus, os braços fortes, aconchegantes e quentes em volta de seu corpo, lhe protegendo do frio, antes de se afastar pra preparar um café da manhã.

Alec soltou um grunhido e mesmo de olhos fechados ele sentia as lágrimas rolando por seu rosto. Queria tanto seu marido, tanto, que quando o visse novamente nunca mais iria ficar longe dele, nunca mais. Outro grunhido saiu de sua garganta, quando sua mente lhe lembrou que talvez fosse demorar muito para vê-lo de novo, que talvez seu corpo fosse a única coisa que Magnus e sua família encontrariam depois. Tentava ser forte e manter o pensamento livre de possibilidades como aquelas, mas tudo era tão incerto. E se aquele maldito tivesse de si o que tanto desejava? E se ele tentasse...

Preferia a morte!

Alec sentiu nojo, que foi intensificado por aquele cheiro tão asqueroso quanto o próprio sentimento de repulsa.

‐ Você dormiu, pequeno? – a voz falsamente carinhosa de Lorenzo cortou o ambiente como uma faca. Os sons dos animais e insetos noturnos da mata se calaram, assim como trepidar das velas, era como se tudo se apagasse com a presença dele.

Alec não fez questão de responder e continuou de olhos fechados quando sentiu um peso ao lado de seu corpo, indicando o fato de Lorenzo ter se sentado na beira do sofá. Há quase uma hora atrás, ele havia entrado em um cômodo ao lado, o ômega imaginava que era onde se encontrava à cozinha, pois de lá também exalava calor e estalos de madeira sendo queimada, do que parecia ser um fogão à lenha. Por alguns poucos minutos, Alec se viu sozinho, a mente dele começou a pensar em inúmeras possibilidades de fugir, mas, como? Estava preso, fraco e mesmo se conseguisse se arrastar até a porta ou qualquer janela, todas estavam trancadas com um cadeado. Pensou em se jogar sobre elas, talvez conseguisse quebrá-las com o peso do próprio corpo, mas todos seus planos eram rasos, mesmo se conseguisse sair daquele lugar, como iria correr ou ter a chance de se distanciar o suficiente de Lorenzo, tendo os pés e mão atadas, além do mais, ele voltava o tempo inteiro, parecendo querer se certificar se realmente estava deitado naquele sofá, assobiando e fazendo questão de marchar no chão de madeira para mostrar presença e superioridade.

Eu Sabia Que te Amava (Malec ABO)Where stories live. Discover now