04 - Quase morte

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- Deixe sua farda e arma na sala, pegue todas as coisas do seu armário. - meu superior dizia firme enquanto eu ouvia de cabeça baixa, sabia que tinha errado, mas foi o melhor erro da minha vida. - está suspensa por um mês, por respeito deixarei ficar com as coisas do Coronel que estiver no armário dele.

Cumprimento ele e sigo deixando minha farda na minha sala e a arma em cima da mesa, sigo para os armários e tiro uma muda de roupa minha que tinha lá, a chave de casa e do carro. Abro o armário do Sérgio e tinha uma regata, buquê de flores pequeno e uma caixinha com um par de anel de ouro.
Minha vista ficou embaçada e eu comecei a chorar. Peguei a camisa e senti o cheiro do seu perfume misturado com suor denunciando que não havia sido lavada.
Enxugo as lagrimas, coloco as roupas na bolsa e saio abraçada com o buquê olhando as alianças. Dentro de uma delas tinha uma frase. - te amo minha comandante - desabei. E nem liguei pra quem me via ou ria de mim.
Micael que era mais apegado a mim me abraçou forte e ficamos assim por um bom tempo.

- tá bom Micael, eu preciso ir. nos veremos no enterro a tarde.

O caminho todo eu chorava e lembrava de Sérgio a qualquer passo que eu dava, até no carro eu lembrava dele.
Assim que abri a porta lembrei quando Sérgio veio aqui em casa pela primeira vez, cozinhamos juntos em meio a beijos e comida queimada. - chorei novamente - meu celular começou a tocar, vi que era o Rd e atendi.

- Pequena vamos a um enterro comigo? borges vai, um amigo nosso morreu na mão de um comandante do Bope na operação de ontem a noite, soube que a pessoa foi super cruel com ele e mataram da forma mais covarde.

- Rodrigo eu não vou.

- vamos pequena, vai me deixar só?

- Rodrigo eu que matei aquele desgraçado. - disse entre choros. - estou suspensa.

- VOCÊ O QUÊ? - ele gritou do outro lado do telefone. - E A PROMESSA DE BORGES?

- Rd, eu vou falar só uma vez. - respiro fundo enquanto ele esperava do outro lado. - eu... matei... o pau no cu do seu amigo, e antes que me pergunte o porquê, tinhamos ja finalizado a operação ninguém se machucou, nem civis, muito menos esses bandidinhos aí e esse caralho atirou a sangue frio no meu namorado quando a gente ia entrar na viatura eu não aguentei ver a pessoa que eu mais amo morta na minha frente, eu simplesmente arrombei todas as casas a procura dele e matei e nunca me senti tão bem depois de ter metralhado a cara dele.

Major ficou em silêncio por longos segundos.

- mil perdões pequena. vou pedir pra borges ir aí.

- não precisa, vai ter o velório dele hoje a tarde e preciso ficar bem pra confortar a familia dele.

Assim que Major desligou, eu corri até meu quarto deixei tudo em cima da cama e peguei minha prancha de surf. - onde quer que ele esteja eu iria ficar com ele -

Povs Xamã:

Terminei meus trabalhos na gravadora mais cedo e fui pra casa, peguei a prancha de surf e a chave do carro juntamente com a carteira e sai pro mar. Queria encontrar aquela gata de novo e sabia que ela estaria lá, eu prescentia isso.
Assim que cheguei comprei uma cerveja e fui pra Beira do mar, e lá estava ela, com um biquíni azul escuro surfando algumas ondas. A vi ser derrubada por uma onda, esperei ver sua cabeça junto com a prancha, mas não vi.
Corri apavorado pra água nadando até onde ela estava, mergulhei e vi seus cabelos indo cada vez mais pro fundo, agarrei seu corpo e subi. - ela tinha desmaiado.
Fiz respiração boca a boca e 30 compressões, eu estava com medo e apavorado. Depois de alguns minutos ela abre os olhos devagar, parecia muito cansada. Depois de quase morrer seria estranho se ela não estivesse.

- o que aconteceu?

- a onda era muito forte e pesada - ela sussurra.

- onde você mora? vou te deixar em casa.

- não quero.

E agora pai? tinha que pegar akasha, era a minha vez de passar um tempo com a minha filha.

- por favor, colabora comigo, preciso pegar Minha filha na escola agora a tarde.

- liga pro Major ou o Borges.

Liguei para os dois e expliquei toda a situação, tirei minha regata e a vesti com sua ajuda ela estava fraca, muito fraca.

- cuida dela pra mim irmãos. - bati de leve no ombro dos dois e sai pra pegar akasha.

Passei em casa pra tomar um banho e trocar de roupas.

- iai filhota. - abro os braços e a pequena me abraça. - vamo pra casa do papai? ou melhor tomar aquele sorvete que você ama? - pego sua bolsa e abro a porta do carro pra ela.

Xamã - Gata você é o crime...Where stories live. Discover now