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Não consegui me despedir dos meus amigos hoje de manhã, quando acordei eles já tinham ido embora.
Tomo um banho rápido e visto minha farda, pego a chave do carro e da casa e sigo pro batalhão.
Assim que passo pela porta vejo o coronel machista me olhar feio. Eu tinha assinado a suspensão dele e ele estava ali pra deixar suas coisas e pegar o que precisava.
Passo por ele abraçando logo em seguida Micael.

- como eu estava com saudades de você... Nossa. - ele pega na minha mão. - o garoto tá treinando tiro com o pessoal.

- bom saber, na minha equipe só tem os melhores e ele tem que ser o melhor.

Por cada corredor que eu passava lembrava de como Sérgio fazia sexo comigo, em cada cantinho daquele batalhão a gente tinha feito sexo.
Meus pensamentos se dissiparam quando vi o moleque que parecia ter uns 19 ou 20 anos segurando a metralhadora errado.

- assim não amor. - me aproximo arrumando sua postura e a arma nos seus braços. - agora atira.

Quando tudo acabou foi que eu reparei bem no garoto, ele me parecia bem familiar.

- Sou Radson, muito prazer comandante. - ele faz uma pequena reverência.

- irmão do Sérgio? - eu paralizei. - não quero na minha equipe.

- mas por...

- você sabe o que aconteceu com seu irmão né? Não quero outra culpa nas costas.

- eu vou me sair bem.

- seu irmão disse a mesma coisa antes daquilo acontecer. - meu telefone tocou me distraindo - fora da minha equipe.

Saio pra atender, era Major. Que cara insuportável nossa.

- fala Zé mané. - era chamada de vídeo.

- como tá por aí? Adivinha quem tá aqui comigo. - ele ri.

- não faço ideia.

- xamanzin. - ele ri com Borges. - borges disse que vocês fazem um casal bonito.

- fala pra ele, que eu conversei com a mãe dele e ela me disse que o baco ia ser o novo padrasto dele. - ri junto com major.

- vai se fuder clara. - ele grita me fazendo rir.

- gente tenho que trabalhar. - vejo minha equipe vindo. - tenho uma coisa pra resolver.

- amanhã as 10 to enchendo seu saco. - Major desliga.

O garoto veio atrás de mim pisando firme e com uma cara de irritado, ele era maior que eu... Todo mundo era.

- vou ser da sua equipe.

- não garoto, não vai. - olho algumas mensagens no celular e não reparo no que ele estava dizendo. - vou dizer pela ultima vez, você não vai.

- e se eu fizer o que Sérgio fez com você pra que você deixasse?

Eu olhei bem para o seu rosto e lhe dei um tapa fazendo ele virar o rosto com tudo, todo pessoal que estava ali no pátio pararam pra olhar aquilo.

- não ouse tocar a mão em mim. Da próxima vez que cogitar fazer isso fica sem a mão. E qualquer merda que sair da sua boca você fica sem dentes.

Depois de algumas horas saí do meu trabalho, era umas 11 da noite. Provavelmente Major estaria no palco.
Chego em casa pensando em tudo o que tinha rolado. Tomei um banho rápido, vesti uma roupa de academia e desci pra correr. Só assim pra me fazer pensar melhor.
Correndo em meio aos meus pensamentos, eu pensei em Geizon e Akasha. Pensei em como ele era, sua voz, seu corpo, seu beijo, seu toque, seu sorriso, sua fala... Em cada pedacinho daquele homem. Arrisco em dizer que fiz até uma mine fanfic na minha cabeça enquanto corria.
Parei pra comprar uma água em uma barraca que por milagre ainda estava aberta.
Sentei na calçada e refleti, muito por sinal... Quando percebi já era duas da manhã e as ruas totalmente desertas.
Alguém me ligava, atendi pelo botão do fone mesmo, não queria usar o celular enquanto corria. Ouvi muita gritaria, voz do Borges e do Major...

- mostra a cara. - era a voz do xamã.

- estou correndo. Não vou mostrar.

- vai logo.

- quando eu chegar no apartamento.

Desligo e volto a ouvir meus raps, as musicas do Major e borges sempre vinham na minha playlist. Não havia percebido o quanto eu estava correndo perigo, tiro um fone e percebo uma moto do outro lado da rua me acompanhando, era dois caras. Minhas pernas tremeram.
Continuei a correr o mais rápido que podia pra chegar rápido na portaria, mas antes disso eles pararam com a moto na minha frente.

- o celular vagabunda. - eles tiram uma arma.

- eu não tenho. - me aproximava devagar pra poder pegar a arma.

- tava falando por telepatia sua vaca? - um deles cospem na minha cara, isso foi a gota d'água.

Seguro na mão do cara rodando e tirando a arma apontando pra eles.

- vão, ou querem morrer?

- essa vadia nem sabe atirar. - um deles ri.

Atiro no ombro do cara que falou e me preparei pra disparar a proxima bala. Ele acelerou a moto e saiu.
Eu abaixo minha guarda e relaxo um pouco, tirei forças do inferno pra chegar no prédio enquanto ligava pro xamã.

[...]

- obrigado por ter me atendido. - digo ja sonolenta. Estava falando com xamã há três horas, eram 06 da manhã. - eu preciso me arrumar pra trabalhar.

- eu preciso dormir. - ele ri baixo. - bom dia.

- bom..

Eu apaguei por cima do celular...

Xamã - Gata você é o crime...Onde histórias criam vida. Descubra agora