Xamã - Gata você é o crime...

21. Baladinha Rural

   Eu tinha alguns amigos engenheiros agronômicos, por causa do meu curso que era o mesmo que o deles, eles haviam me convidado pra uma festa que ia ter na fazenda do saraiva. Saraiva era um cara alto, muito alto, pele bronzeada e era apaixonado por uma garota chamada Ana. Na época da universidade eu era apaixonada pelo Marcus, ele tinha uma pele clara como e a neve e olhos puxados... Se ele relaxasse o olho, parecia que dormia.
   Eu ia pra essa festa depois do trabalho, já tinha preparado minha roupa pra banhar no batalhão e me arrumar por lá.. e assim eu fiz.

— eita comandante, vai derrubar boi hoje? - Micael saia junto comigo.

— alguns. - ri assim que ele fez cara feia ao entender minha fala

— não venho trabalhar amanhã em? - colocava minha bolsa no banco traseiro da Dodge. — tô de folga.

— praia?

— vou passar a tarde com um amigo. - circulei a Dodge — boa sorte no trabalho amanhã.

   [...]

   A fazenda era bem afastada, já dava pra ouvir o sertanejo remix de longe e as luzes na porteira a maioria do pessoal do saraiva eu não conhecia. Só era familiar pra mim aqueles do nosso curso. Vi algumas mulheres se admirando da Dodge por ser um carro muito bonito e quem tinha geralmente era os fazendeiros que continham ali. Percebi a animação delas achando que poderia ser outro fazendeiro para elas dá o bote. Arrumei a faca na minha texana e desci com duas garrafas de vinhos na mão.
   De longe eu vi o Marcus com uma camisa social vinho e um relógio de ouro brilhando.

— ajuda aqui cara. - lhe entreguei as garrafas e circulei a Dodge para pegar uma grade de cerveja.

— a madame chegou. - ele riu

   Peguei numa lateral da grade e ele na outra colocando as garrafas de vinho em cima das cervejas. Adentramos na casa e vi muita gente se pegando e conversando.

— cadê o saraiva? - perguntei voltando pro carro com o Marcus pra pegar outra grade de cerveja.

— deve tá por aí com a Ana.

   Deixamos as grades ao lado do freezer e foi aí que eu parei pra reparar no Marcus e como ele tava incrivelmente bonito.

— ta tão bonito! - eu dei um meio sorriso admirando — sabia que eu te amo?

— para, vou ficar vermelho e minha mãe vai perceber. - ele sempre dizia isso, desde a época da universidade.

— é sério, eu te amo. - ri lhe abraçando.

— que mentira. - sorriu mostrando suas covinhas.

— cadê o Jhon? O Léo? O hericles? - pego o saca rolha da minha bolsa pra abrir uma garrafa de vinho. Rapidamente peguei uma taça e coloquei algumas pedras de gelo e coloquei o vinho completando toda a taça com o liquido cor vermelho escuro.  

— acho que tão bebendo e dançando lá na pista de dança.

   Joguei conversa fora com meu grande amigo de universidade enquanto tomava meu vinho, onde o próprio me deixava entorpecida. com o tempo eu fui encontrando meus velhos amigos. Um deles era Rafael Menezes que na época da universidade eu queria ficar com ele. Não havia mudado absolutamente nada. sua pele continuava a mesma e a barba bem feita combinando com o corte de cabelo. Usava uma roupa escura com um jeans escuro que combinava com a texana em seus pés.

- opa! - logo depois um abraço um tanto diferente para um velho amigo. - como estás as coisas comandante? - ele soltou uma risada baixa.

- está indo conforme o planejado - tomo um pouco do meu vinho  sentindo seu gosto meio amargo. - e as fazendas? 

- as fazendas? - ele soltou uma risada calorosa - vou registar a quinta amanhã. Tudo está indo muito bem. 

     Saimos pra pista de dança eu, Marcus e Rafael. eu dançava com os dois. 

     Não demorou muito pra me encontrar com meus outros velhos amigos. jhon continuava o mesmo, só que agora casado com o namorado dele da época, Léo com uma namoradinha do cabelo loiro e mastigado como se uma vaca tivesse passado a tarde toda mascando ele, Big com sua tão namorada fortona e brava que ele tanto gostava e falava e por último, o anfitrião da festa, Saraiva com a sua namoradinha.

     Cumprimentei todos e dancei com todos, eu espero do fundo do meu coração que nenhuma das namoradinhas estejam ficado bravas pelo simples motivo dos meus amigos dançarem comigo. Fazia muito tempo que eu não os via e todo aquele conjunto de coisas - a músicas, as conversas, as cervejas... - que por sinal não mudaram os gostos com todo esse tempo - o clima, o local e o cheiro - me fizeram lembrar da época da faculdade, das tardes que saímos cedo pra beber num bar de quinta. E por um breve momento eu queria voltar aquele tempo, voltar no tempo onde tudo eram "flores" - menos os seminários e tcc's - queria muito voltar a toda aquela bagunça que éramos.   

   Era umas 04 da manhã quando recebi uma ligação de Major que me fez correr dali imediatamente.