Capítulo 27 - O Rapto da Imperatriz PARTE II

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Fazia pouco mais de 45 minutos desde que Thanatos deixara Perséfone onde ela pediu. Ele deveria ter subido imediatamente para o Olimpo e reportado a situação, mas resolveu esperar o tempo que sua Senhora havia requisitado. Não tinha muito o que fazer, então, decidiu dar uma checada se as ordens dadas aos espectros estavam sendo cumpridas corretamente. Ele caminhava pelos corredores escuros, saindo por uma reentrância e outra, quando Cerberus veio choramingando em sua direção. Ele parou e encarou o animal, estendeu a mão e acariciou-lhe o focinho do meio.

- O que foi, rapaz? Andou comendo o que não devia de novo?

O animal resmungou e com delicadeza mordiscou-lhe a camisa de seda negra, puxando-o.

- Quer me mostrar algo?

Ele seguiu o enorme cão, que lhe empurrava vez ou outra com um dos focinhos, até que encontrou Pandora caída em um dos corredores. Ele correu até a mulher, agora com sua aparência de vinte anos. Ela estava estática, as orbes negras totalmente vidradas, como se visse algo, encarasse alguma cena.

Thanatos puxou-a para seu colo e sacudindo-a de leve tentou trazê-la de volta.

- Pandora... Fala comigo! Consegue me ouvir? Pandora!

Mas ela não respondia, logo seus olhos se fecharam e ela apagou por completo.

- Mas que merda!

Ele ergueu a mulher nos braços e desapareceu dali, aparecendo no quarto do padrinho da menina. Afrodite estava recostado a cama, lendo alguma coisa e assustou-se com a chegada repentina do homem, que nunca entrava sem bater ou ser convidado.

- O que houve?! - levantou-se depressa. - Coloque-a aqui. - Afrodite deu espaço para que Thanatos a colocasse sobre a cama.

- Eu a encontrei caída num dos corredores da ala Sul. Foi Cerberus que me levou até ela. A princesa estava em transe, mas não dizia nada e nem esboçava reação alguma à minha presença. Depois apagou por completo.

- Onde está a mãe dela?

- Na enseada de Agistri. Ela me pediu para levá-la para tomar um pouco de sol e que voltasse em duas horas para apanhá-la.

- Você levou Perséfone para fora do castelo, sozinha? - Afrodite subiu o tom.

Thanatos confirmou com a cabeça.

- Se aconteceu algo com a Senhora do Submundo, sugiro que comece a praticar desde já o desapego por sua pele, porque Hades vai fritar você!

Thanatos ia responder, mas antes que ele tivesse a chance Pandora se moveu resmungando e sentou na cama.

- Morceguinha, o que houve?

- Alteza, se sente bem?

A garota se levantou e correu pelos corredores, como se buscasse algo, aflita.

- Não, não... Mamãe você não pode ter feito isso!

Os homens se entreolharam e correram seguindo-a. Ela entrou como um furacão no quarto dos pais e jogou o travesseiro de seu pai longe. A orbe dourada estava pousada ali, sobre os lençóis e ela a encarou, trêmula, desejando que fosse mentira. Criando coragem pegou o objeto em sua mão e sentindo a energia de Yoon nele, gritou seu pai a plenos pulmões. Sua voz ecoou pelo Palácio, balançando as estruturas. As almas que por ali vagavam, bem como os espectros e criaturas a serviço de Hades, curvaram-se de dor nos tímpanos. Cerberus uivou alto, fazendo coro no angustiante chamado.

Os olhos do deus do Submundo tornaram-se negros como a noite sem estrelas ao ouvir o chamado de sua filha. Poseidon e Zeus se entreolharam, e arrepios tomaram o corpo de ambos, que também haviam ouvido o grito de desespero da garota. Hades desapareceu dali, tão rápido que só se viu um borrão negro sumindo chão a dentro.

Poseidon (Autora: Sra.Jeon)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora