Capítulo 30 - A morte do imortal

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Deméter puxou seu imenso manto de flores e cobriu a ela e Pandora, protegendo-as dos estilhaços e lascas de árvores, que voaram com o forte terremoto que sacudiu toda a Terra. Assim que o tremor cedeu, ela descobriu-as e olhou desolada seu imenso campo florido, que agora parecia mais um lugar de morte. Estava tudo marrom e podre, como se o solo tivesse se tornado um pântano infectado.

- Essa energia...

Pandora tremeu.

- Isso é a energia de meu pai, escapando para o mundo mortal. Eles devem estar no meio de algo realmente intenso lá. Ele nunca deixaria miasma(energia maligna) escapar para cima dessa forma.

- A quantidade de poder requerida na luta deve estar fugindo ao controle dele.

- Vovó, estou com medo.

- Confie em seu pai, ele vai trazer sua mãe de volta e recuperar a casa de vocês.

- Preciso ajudar.

- Vai ajudar ficando aqui e não distraindo ele e o seu rapaz na batalha. Eles não teriam sossego com você lá embaixo em risco.

- Mas eu posso lutar! - rebateu com com veemência.

- Está vendo o que os poderes do seu pai fizeram aqui em cima por que ele perdeu um pouco do controle?

A moça pálida de cabelos negros, que parecia a mistura perfeitamente dosada de seu pai e sua mãe, resultando numa aparência angelical e aterradora ao mesmo tempo, olhou novamente em volta, analisando o estrago, que era enorme. Finalmente fez que sim com a cabeça.

- Você ainda não aprendeu a lidar com seus poderes. Acabou de amadurecer e ainda tem um longo caminho de controle a percorrer. Se você for lá embaixo e se meter nessa luta, e perder o controle, a escuridão engolirá a Terra, o Olimpo ruirá. Pandora, - a mulher segurou o rosto da neta, olhando fundo em seus olhos azuis - você é o caos em forma humana, os poderes de seu pai e sua mãe combinados, mais os dons de seus padrinhos, tudo isso condensado aí dentro. - pôs a mão no abdome da neta - Você é um invólucro com a força de uma bomba nuclear multiplicada milhões de vezes.

A garota arregalou os olhos assustada com o que ouvira. Queria muito acreditar que sua avó estava apenas tentando assustá-la, mas ela sentia correr por suas veias aquela sensação imensa de poder que beirava ao descontrole toda vez que se irritava. Algo dentro dela lhe dava a certeza de que nada de bom viria se ela perdesse realmente o controle sobre si mesma.

Pandora olhou para as próprias mãos, seus olhos tornaram-se vítreos e tudo a sua volta se distorceu. Tudo o que seus olhos brancos de transe a mostravam era um mundo vazio, com fogo e fumaça. Milhões de corpos apodrecendo aos seus pés e suas mãos pingando sangue. Era aquilo o que ela seria capaz de fazer se perdesse o controle sobre a grande energia contida em seu corpo.

Saindo do transe, a garota se agarrou a cintura de sua avó, tremendo. Seu coração era bom e complacente, como seus pais e seus padrinhos a criaram para ser. "Filha, embora nossa família se erga da morte, a morte é piedosa e bonita de muitas formas.", era o que seu pai sempre dizia e sua mãe completava, " Somos o que precisamos ser, mas como seremos isso, depende exclusivamente de nós". E definitivamente ela amava o mundo e suas peculiaridades, ela não queria desistir de sentir as coisas, não queria perder a luz do sol, que Thanatos a mostrara. Não queria ser responsável por nenhum mal que levasse àquele terrível futuro de sua visão.

A mulher acariciou os cabelos da neta com carinho e beijou-a no topo dos cabelos negros.

- Fique calma, eu confio em você, e você também deve confiar no seu pai e no seu rapaz. - ela puxou a garota pela mão - Venha. Ajude sua velha avó a colocar as coisas no lugar por aqui.

Poseidon (Autora: Sra.Jeon)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora