Caítulo 34 - Recado aos Deuses

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*Capa:  Fê_Kim


Marina

Os olhos de Heiya se mantinham arregalados, aos poucos acompanhando a trilha de sangue que escorria das mãos do filho mais velho após este ter matado o mais novo. O completo choque pareceu dominar Apogêon, pai do garoto, que após segundos, que mais lhe pareceram horas, estático, soltou um grito gutural, em total desespero.

O homem lançou-se sobre o corpo sem vida do único filho seu que restava vivo, após séculos de guerras marinhas. A perda de seu último remanescente fazia tudo o mais parecer completamente sem sentido agora.

- Desgraçado! - Apogêon espumou, ainda abraçado ao corpo ensanguentado de seu filho.

Yoon sorriu de forma cínica, mas sem desviar os olhos da mulher à sua frente, que agora mais parecia um rato molhado e assustado.

- Yoon... Yoon... - seus lábios tremeram. Ela estava literalmente congelada pelo medo.

Os olhos negros como a noite, haviam retornado ao tom normal, indicando que após voltar do seu passeio ao mundo dos mortos, não restava sequer uma única gota de magia de bruxa em seu sangue.

Ela se arrepiou inteira ao confirmar suas suspeitas, quando aos poucos as íris dele adquiriram aquele alaranjado vivo que ela já vira antes, e uma única vez fora o suficiente para nunca mais querer ter um vislumbre daquele tom cruel e infernal que agora brincava nos olhos de seu primogênito.

- "Triunfam aqueles que sabem quando lutar e quando esperar." - o rapaz citou Sun Tzu, enquanto se aproximava da mulher, que frente a aura de Yoon, pareceu minúscula perto dele.

O rapaz agarrou-a pelo pescoço e ergue-a sem dificuldade alguma, enquanto ela sacudia freneticamente as pernas buscando por ar. Nem tossir ela conseguia, pois o aperto era imenso, quase fraturando os ossos de sua garganta.

- Você foi astuta, reconheço... Mas, querida mãe, aquela não era a hora certa.

Apogêon, em iminência de perder sua mulher, tudo o que lhe restava, levantou-se abandonando o corpo de Lee e indo em toda sua fúria de encontro a Yoon. O semi-deus, o poderoso mestiço de sereiano e deus da guerra, soltou uma risada baixa de deboche e sem nem mesmo olhar na direção do mais velho, interceptou seu movimento, agarrando-o também pelo pescoço. Agora ele tinha um em cada mão, erguendo-os com tanta força que seus pés dançavam fora do chão.

- Deveriam ter escolhido melhor seus movimentos, planejado mais, feito a coisa direito, sabe? Não é assim que se brinca... - zombou o semi-deus.

Seu corpo emitiu uma rajada intensa de luz laranja e Heiya e Apogêon foram lançados longe, batendo violentamente contra as paredes em lados opostos do cômodo.

Primeiro, ele decidiu que se encarregaria de Apogêon. Então, com porte altivo, caminhou sem pressa até chegar a pilha de escombros e sangue, perto do corpo ferido de seu padrasto.

Apogêon tossiu, erguendo a cabeça debilmente, ao ver o par de botas pretas se aproximando. Seu cérebro pensou estar alucinando quando viu que o rapaz estava envolto em uma poderosa e maciça armadura negra de ferro. Em uma mão ele segurava o tridente, luvas pretas de couro pesado pareciam cingir-lhe as mãos antes brancas, mas ao focar com mais eficiência, notou que a tal luva, eram escamas negras que se assemelhavam ao ferro de sua armadura.

O elmo que protegia sua cabeça projetava pedaços distorcidos de ferro que se assemelhavam a patas de caranguejos. Os cabelos loiros do garoto, escapavam rebeldes por debaixo do encaixe, na parte frontal e lateral do elmo.

Poseidon (Autora: Sra.Jeon)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora