Passado 3

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Xiao

Acordei quando o sol entrou através da brecha na cortina e bateu no meu rosto, minha cabeça latejava horrores. Sentei e percebi que estava no meu quarto, e aos poucos as lembranças de como eu havia chegado ali foram aparecendo na minha mente.

Yibo gentil me ajudando, Yibo me deitando na cama, Yibo olhando meus lábios.. eu.. senhor o que eu fiz?!
Levantei e percebi que estava nu, nos lençóis brancos uma pequena mancha de sangue.. eu sou um monstro.

Yibo era como um irmãozinho para mim, eu nunca havia visto ele de forma diferente apesar de já ter notado os olhares que ele me direcionava. Meu pai sempre fazia comentários sobre homens que se deitavam com outros homens, os chamava de escória e tantas outras coisas e eu apenas cresci pensando assim. Mas o Yibo era diferente, eu não conseguia julga-lo por me olhar, eu gostava dos olhares embora nunca tenha assumido isso antes.

Mas a forma como tudo isso aconteceu foi repugnante, nunca senti tanto nojo na minha vida como senti de mim mesmo naquele momento. Vesti rapidamente uma bermuda e desci as escadas correndo pra ir atrás dele, implorar perdão pelo que eu fiz, dizer que foi um mal entendido, que deixei o preconceito e as drogas falarem por mim.

A primeira coisa que vi foi Haikuan descendo do carro e vindo em minha direção, pela expressão no rosto dele ele sabia exatamente o que eu tinha feito com seu irmãozinho. Então eu nem tentei me defender dos socos, enquanto ele me xingava dos piores nomes. Eu merecia aquilo, e quando ele se cansou de me bater e se levantou para ir embora eu implorei que me deixasse pelo menos me desculpar com Yibo, mas ele riu com escárnio e disse que seu irmão nunca me perdoaria.

-Você nunca mais vai ver ele, ele foi embora do país. Eu espero que você apodreça sozinho na sua solidão pois você não merece ninguém. Não preciso te desejar mais mal do que isso, a vida já se encarregou de tirar todas pessoas a sua volta.

Aquilo doeu mais que os socos, e eu fiquei deitado na grama olhando para o céu odiando cada segundo da minha vida. Eu não tinha família, não tinha amigos, não tinha ninguém..
Quando criei coragem para entrar minha decisão já estava tomada, fui direto para a cozinha e peguei uma faca com força deslizei sobre os pulsos e fiquei olhando enquanto o vermelho carmesin tomava conta do mármore branco, com a vista já embaçada eu sentei no chão esperando a morte.

Mas o que chegou foi um grito alto e fino aos meus ouvidos, eu não entendia bem o que a voz dizia enquanto pedia uma ambulância, nem conseguia ver o rosto da mulher que estava ali. Mas uma frase dele me fez querer segurar a vida:

-Xiao você não pode morrer, por favor fica comigo, fica com a gente. Eu estou grávida de você!!

Então a escuridão tomou conta de tudo.

Erros do Passado (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora