Como deveria ter sido

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Yibo

A recuperação de A-Yuan foi impressionante. E eu me sentia extremamente orgulhoso daquela criança, cada pequeno passo ou simplesmente ver ele sorrir, ou a forma como falava comigo fazia meu peito se tornar quente e cheio, como se eu estivesse completo.

  As coisas entre mim e o pai dele já eram outra história. Ele não sabe que o ouvi me defender no hospital, mas ainda assim se afastou de mim.. sei que ele mudou mas.. qual outro motivo teria feito ele se afastar novamente se não o preconceito?!  Xiao me disse um milhão de vezes como se sentia grato pela recuperação de seu filho, e insistiu que o valor total da cirurgia fosse descontado aos poucos do seu salário,  eu aceitei apenas para tranquiliza-lo.. mas de uma forma inexplicável ele conseguiu se afastar ainda mais de mim.

  Sei que ele pensava que eu estava com Mo, e talvez isso o enojasse.. talvez ele tenha guardado mágoa pelo que eu fiz quando nos reencontramos, ou talvez.. ele simplesmente não se importasse.

Mas devo reconhecer que apesar de tudo ele foi gentil e educado. Evitava ficar no mesmo ambiente a sós comigo mas nunca me proibiu de aproximar do seu filho, ele me confidenciou certa vez que era bom Sizhui ter mais alguém além dele, que gostava como seu pequeno sentia que éramos uma família com um pai e dois tios babões no caso Liu e eu.

Até meu tio o pequeno conseguiu domar, bastou que Qiren botasse seus olhos naquele pequeno raio de sol cheio de covinhas para se apaixonar também. Ele passou a frequentar nossa casa depois da recuperação, amava passar horas na companhia do vô Qiren ouvindo histórias de guerreiros antigos e qualquer besteira sobre magia, ou passar o dia enquanto Liu ensinava as tarefas e o mimava com comidas gostosas.

Xiao nunca negava a ele nossa companhia, dizia que era bom o filho ter alguém se algo acontecesse a ele. A primeira vez que ele disse aquilo me perguntei se ele pensava em tentar algo contra si próprio mas com o tempo percebi que não, Xiao só queria ter a sensação de que seu filho tinha aquilo que ele não poderia dar.. uma família.
  De uma forma estranha nos tornamos uma família com pais separados?!

  Eu o via todos os dias no trabalho, ou nas vezes que A-Yuan insistia para fazer algo juntos como hoje. O pequeno decidiu que agora que tem forças para brincar queria realizar o sonho de ir em um parque de diversões. Seus olhos brilhavam a cada brinquedo novo que ia, ou a cada sabor de comida que experimentava. Ficava pulando, nos puxando pelas mãos e dando risadinhas gostosas, podia ver o quanto a felicidade do filho alegrava o pai, fazia meses que não via Xiao tão radiante, tão belo.. o tempo passou rápido e logo a tarde começou a virar noite.

  A-Yuan dormiu e me ofereci para leva-los para casa, meio sem jeito ele aceitou. Colocamos Sizhui na cadeirinha que eu comprei pra ele e que agora fazia permanecia no meu carro, e logo uma chuva torrencial despencou pegando nos dois desprevinidos. Corremos pra entrar o mais rápido possível no carro mas ainda assim acabamos enxarcados.

Seguimos em silêncio para o pequeno apartamento, depois de pegar A-Yuan no colo Xiao saiu enquanto eu o seguia em silêncio com as vários sacolas de brinquedos que o filho pediu e ele foi incapaz de negar. Tentei desviar meus olhos da forma como a blusa de cor bege agora molhada agarrava em sua pele tornando a imagem extremamente tentadora..

Não queria manter aquilo na minha mente, Xiao já ocupava espaço demais lá e eu poderia tentar evitar ter aquele tipo de sonhos com ele, minha adolescência já foi bastante conturbada por isso. Meu celular tocou e eu atendi sem olhar o visor, o que foi um erro.

-Eii docinho tá fazendo o que de bom?

Suspirei e respondi:

-Estou ocupado Mo.

Ele deu uma risada do outro lado e respondeu:

-Mas é claro que você está ocupado..pra mim você sempre está. As coisas seriam diferentes se eu fosse ele né?

Erros do Passado (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora