Consequência Do Nosso Ódio

2 - irracional

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Estou nervosa. Meus pés não conseguem se manter quietos num único lugar e estou prestes a contrair uma panarise de tanto roer minhas unhas em nervosismo. Desde que a reunião chegou ao fim, ta quase todo mundo trancando naquela sala decidindo sobre a implementação da minha ideia

– fica calma, você foi bem — Yuna chama a minha atenção sentada no seu sector, ela posiciona melhor seus oculos circulares e depois sorri pra mim amigavelmente. Yuna é uma das poucas pessoas pela qual me dou bem nessa empresa, amo o jeito fofo dela inclusive seus olhos levemente puxados e o cabelo longo moreno e esbelto

– você ta certa, eu dei o meu melhor — independentemente da resposta eu tenho o prazer de dizer que dei tudo de mim dentro daquela sala. Yuna olha por cima do meu ombro tensa e eu me viro imediatamente encarando o meu chefe vindo na minha direção ao lado do seu sobrinho Malcom

Seus olhos me encaram de uma forma directa e isso me deixa com um certo frio na barriga. Não consigo parar de pensar no tanto que ele confiou em mim quando disse que me daria uma chance pra eu poder mostrar o quão sou boa. Não consigo suportar a ideia de uma resposta negativa em relação a minha apresentação

– Julie — ele para na minha frente com sua postura rija e prepotente. Seus ombros largos, corpo malhado, olhos claros que acompanham perfeitamente com o seu cabelo grisalho denunciando o avanço da sua idade

– Ah...sim? — quase derrubo o copo repleto de lápis por cima da secretaria da Yuna. Ele para alguns segundos em silêncio me encarando de braços cruzados e um olhar que eu não sei decifrar ao certo. Logo...um sorriso largo brota pelos seus lábios

– eu sabia que poderia contar consigo. Parabéns, a sua ideia foi considerada, não só considerada como vamos começar com a implementação na semana que vem, e você ficaria na frente, trabalhando com o Malcom — ele fala com entusiasmo na voz. Tento não evitar encarar o Malcom de um jeito desagradável, mas com o passar dos meses fica difícil ter que fingir o tanto que a presença dele me incomoda

– meu Deus isso é incrível, mas acho que deveríamos poupar um pouco o Senhor Maloy, ele trabalha tanto...a ideia foi minha então eu consigo li dar com tudo isso sozinha

O vejo estreitar os olhos atrás do meu chefe e murmurar algo

– que é isso? Eu faço questão, vocês são os meus melhores funcionários, mostrem o que vocês podem fazer — ele pousa a mão no meu ombro e depois sorri amigavelmente. De seguida se retira deixando o Malcom que não possui uma das melhores feição

– você só foi boa, grande coisa — Malcom fala acabando com o meu momento

– não só fui boa como eu detonei, eu sou da elite agora. Voce deveria me dar os parabéns Maloy

– eu não fiquei tão surpreendido com a sua apresentação

– cuidado Maloy, a inveja mata. Eu acho que você ta com medo que mais logo eu seja sua chefe — zombo. O vejo engulir em seco e manter uma posição mais rija como se minhas palavras não o tivessem atingido

– você minha chefe? Julie você precisa parar de sonhar tanto

– fica sabendo que quando eu for sua chefe, vou mandar retirar todos esses quadros obscuros na parede e colocar alguns mais coloridos — digo. Malcom abana a cabeça em negatividade. O facto de ele ser praticamente o braço direito do meu chefe isso lhe dá certos benefícios, como decorar ao seu gosto e pisar em pessoas como bem achar

Desde a minha chegada a um ano parece que ele se sente ameaçado, com medo que eu tome o seu lugar.

– e quando eu for o seu chefe vou implementar um novo código de investimento, não se vista mais como uma prostituta — ele fala calmo olhando directamente pra os meus seios, só então lembro que devido a minha correria acabei ficando com alguns botões desprendidos

– voce é um tarado — falo tapando com minhas mãos

– nao se preocupe. Já vi seios melhores — ele da de ombros e caminha pra sua sala, sumindo pelo corredor, me deixando mais furiosa ainda

– não sei se consigo passar mais tempo com ele sem ser presa por homicídio 

Yuna começa a rir

– vocês ainda vão se casar

– nem que ele fosse o último homem do planeta terra eu me casaria com aquele insuportável — caminho até meu sector e me sento ficando mais calma e tentando manter o meu foco

O resto do dia passei trabalhando feito uma doida. Não que eu odiasse, eu amo o meu trabalho, mas as vezes sinto que eu preciso de uma folga tipo...de um mês.
Quando finalmente deu o meu horário, começo a arrumar minhas coisas enquanto troco algumas ideias com a Yuna

– uma flor pra outra flor — Peter aparece me entregando uma rosa perfumada

– você é um fofo, obrigada

– você acertou em cheio minha cabeça com sua bolsa mas...meus parabéns Milayd

– Peter deixa ela — Yuna diz revirando os olhos

– eu vou te ignorar. Quer carona milayd? Parece que vai chover lá fora

– eu adoraria

O clima agradável entre nós volta a morrer quando Malcom reaparece e caminha na nossa direção. Os olhos do Malcom vão de encontro com a rosa em minhas mãos e no Peter que está encostado sobre a minha secretaria

– Julie, tem algumas contas que você precisa terminar na minha sala

– eu posso terminar amanhã? É que já deu o meu horário

– não — ele da de ombros e volta por onde veio. Cerro meus punhos tentando não estrangular ele

– eu sinto muito amiga — Yuna fala com tristeza

– eu acho que ele não ta raciocinando directo — digo desfazendo minhas coisas

– Não acho que comportamento racional seja familiar a ele — Peter diz me fazendo sorrir

Pego em alguns papéis e canetas e caminho pelo corredor extenso até a sua sala que ficava bem na ponta. Quando chego Malcom está em sua secretaria com o ar concentrado na tela do computador, me sinto praticamente estúpida por acha lo tão sexy quando está focado no trabalho

Ele aponta pro monte de papelada na sua frente. Respiro fundo e puxo uma cadeira me sentando na sua frente, abro meu notebook e começo a digitar e a fazer alguns cálculos