7 - demitida?

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Ja tem quase dez minutos que estou em frente a esse prédio procurando coragem suficiente pra entrar. Parece que vi o meu mundo desmoronar diante dos meus olhos e eu não pude fazer nada...a não ser aceitar e olhar pra frente. Eu não sei ao certo como o meu chefe pode reagir perante tudo isso, passei o final de semana todo ignorando as ligações dele e de mais alguns colegas de trabalho, enquanto procurava por uma forma de virar invisível e continuar fazendo o meu trabalho

Estou convencida de que este lenço que está sobre minha cabeça, máscara sobre o meu rosto e óculos escuros que usei podem fazer com que eu passe despercebida. Por mais que seja difícil ter que enxergar com eles, são a minha única saída

Depois de contar até vinte, decido entrar no estabelecimento tapando o meu rosto o máximo possivel, esbarro em alguns funcionários já que minha visão nesses óculos não é das melhores e peço desculpa rapidamente voltando a caminhar para o meu sector

Pego o elevador e agradeço mentalmente por ele estar vazio. Decido então retirar a máscara para poder respirar um pouco melhor, porém neste exato momento o elevador é aberto, onde entra dois funcionários dos recursos humanos, volto a colocar a máscara rapidamente e eles olham pra mim com o cenho franzido

Alguns minutos depois, o elevador é aberto novamente dando sinal de que cheguei ao meu destino, dou um pulo dele e mais uma vez esbarro na Berenice que estava com um monte de papéis nas mãos, fazendo com que todos se despejassem ao chão desorganizadamente.

– me desculpa de verdade — tento ajuda lá a apanhar

– deixa — ela é rude e começa a recolher a papelada. Nada pelo qual eu não esteja habituada. — que máscara é essa Julie? — ela me olha confusa. Respiro em frustração ao saber que ela me reconheceu e faço mensão de tapar melhor o meu rosto

– eu não sou a Julie...eu sou aaa ....uma estagiária

– Ah achei que fosse uma mulher que é muito desastrada, nem sei porquê o Director gosta daquela sem graça que nem se vestir sabe — ela termina de recolher e passa por mim desfilando. Reviro os olhos e bufo. Caminho até minha secretaria e começo a arrumar ela pra iniciar com o meu trabalho, porém sinto que o olhar da Yuna que trabalha bem do meu lado está sobre mim

– o quê é isso? — ela finalmente pergunta

– o quê?

– essa roupa esquisita, essa máscara e óculos escuros dentro do prédio? Ta tudo bem Julie?

– shiiii — levo o meu dedo indicar sobre meus lábios e me viro pra ela — não fala o meu nome aqui

– Julie — a voz do meu chefe a trás de mim faz o meu peito bater freneticamente e a minha respiração ficar imensamente pesada. Derrepente, é como se eu estivesse a ficar sem ar, como se estivesse dentro de um lugar apertado sem janelas

– Aaah! Eu não sou a Julie — falo a primeira coisa que me surgiu a mente, ainda de costas

– não sei o que você tá pensando Julie, mas te preciso na minha sala agora — eram poucas vezes que eu o via tão sério, e pelo tom da sua voz eu creio que estou prestes a ser demitida, ou afastada do meu cargo. Ele não espera por resposta minha, simplesmente escuto seus passos firmes indo direção ao corredor deixando um silêncio pesado entre nós.

Acho incrível a habilidade que tenho de estragar as coisas

– boa sorte amiga — Yuna trinca os dentes. Simplesmente abano a cabeça positivamente voltando a arrumar algumas coisas antes de ir para a sala do Director. Depois de cinco minutos decido ir. Pra piorar o meu dia tive o desprazer de cruzar com o Malcom saindo de sua sala

Nossos olhares se cruzam e as lembranças da sexta feira me vêem a mente. Sinto um embrulho no estômago e uma vontade imensa de me enforcar, minha vida não poderia ficar pior, ah...espera, tem como ficar pior, eu provavelmente estou prestes a levar um pé na bunda assim que entrar por aquela sala

Malcom Não tem nenhuma expressão facial no rosto, não que fosse diferente da dos outros dias, mas pela primeira vez queria que ele agisse de uma forma diferente, sei lá...nós passamos a noite juntos.

Bato na porta do meu chefe e após escutar um "entre", eu entro vagarosamente com a máscara ainda sobre o meu rosto, ele me analisa dos pés a cabeça e depois volta a assinar um papel, que provavelmente seja a minha demissão

– sente-se senhorita Danken — ele diz calmo.

– obrigada — falo me sentando. Ele abana a cabeça positivamente e depois de alguns segundos em silêncio, larga a caneta e me encara com os olhos escuros e as sobrancelhas encurvadas

– Julie eu estou aborrecido consigo — ele começa. Mordo o lábio inferior sentindo meus olhos esquentaram, eu não posso chorar agora

– Eu sei foi um erro eu...

– eu ainda não terminei, e...porra tira essa máscara e esses óculos — diz rude. Nunca o vi falar de um jeito tão indelicado.

– Ah desculpe — retiro meus acessórios e os guardo na minha bolsa

– eu dizia que você conseguiu me aborrecer, eu liguei pra você o final de semana todo e fui colocado na caixa postal, eu sou o teu chefe porra, você não deveria ignorar as ligações de seu chefe — ele dá uma mini pausa e eu assento com a cabeça baixa — ta vendo a antiga sala da Mildred Bosman? A antiga accionista? — pergunta e eu abano a cabeça positivamente sem conseguir encara lo — eu liguei pra si porque queria que você abrisse uma excessão pra o final de semana pra vir a empresa trabalhar com a reforma

Ao dizer isso, eu finalmente consigo olhar pra ele

– reforma?

– a sala é sua. Espera aí você está chorando?

Entre abro minha boca chocada, eu achei que levaria um pé na bunda, e olha eu aqui, vou passar a ter a minha própria sala

– Ah meu Deus isso é verdade?

– sim! É — ele responde paciente e por mais doido que pareça, neste momento eu senti uma vontade de voltar a beijar meu chefe de tanta felicidade que estou — mas você não vai poder desfrutar dela hoje, como decidiu não me atender, os faxineiros simplesmente limparam a poeira e tiraram algum lixo. Queria que você mesma fizesse a reforma ao seu gosto

– muito obrigada — acabo me empolgando e tento abraça lo mas ele recua — nada de abraços, entendi

Ele sorri finalmente

– e sobre outra coisa — estava demorando falar — Julie eu quero que voce seja muito sincera comigo

– si-sim Senhor

– você me beijou no Cumple club, porquê? Você por acaso tem algum sentimento oculto por mim?

– Aaah... — tento procurar as palavras certas para responder

– não se preocupe eu não vou te demitir. Mas quero te lembrar que somos rígidos aqui com certas regras em relação aos funcionários e chefes, e eu quero muito ouvir de sua parte que foi simplesmente efeito de álcool

– eu juro que eu não sabia do que estava fazendo, eu sequer me lembro do momento em que tudo aconteceu

– muito bem! Estou aliviado agora, espero que esse contratempo não volte a se repetir, você é uma boa garota Julie e eu não gostaria de te demitir

– eu prometo que não vai, eu gosto muito do Senhor, mas não desse jeito, eu o considero como se fosse meu pai, quer dizer, não que você seja velho nem nada Mas...

– Julie, saia

– me desculpa — levanto me sentindo estúpida por não conseguir manter a minha boca calada, caminho direção a porta e no momento em que vou sair, ele retorna a me chamar

– Julie — me viro pra ele e Henry está segurando uma caixinha de lenços. Sorrio em agradecimento pegando em um lenço e me retirando da sala

Consequência Do Nosso Ódio Onde histórias criam vida. Descubra agora