I - Pai e filho psicologicamente quebrados

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2011

Ninguém esperava que Tony fosse um bom pai.

Ele era irresponsável consigo e com as outras pessoas, principalmente emocionalmente. Ele era péssimo em lidar com sentimentos, mal sabia reconhecer o que sentia, imagina, interpretar o que os outros sentiam. Se pedissem para Tony cuidar de um ovo por um dia inteiro, na hora do almoço ele já estaria quebrado em uma frigideira e provavelmente queimado, em seis minutos, porque Tony esqueceria dele.

Portanto, Tony não compreendia porque todos de repente esperavam que ele mudasse de um dia para o outro quando ele descobriu que tinha um filho. Ele continuava sendo o mesmo irresponsável e arrogante de antes, mas agora com um filho de dezessete anos.

A primeira vez que Tony viu Andrew, Pepper impediu que fosse até ele, porque aparentemente, estava muito óbvio que o homem não esperava por aquele garoto que encontrou sentado na escada da varanda da casa dos novos pais adotivos.

Quando Tony descobriu sobre Andrew, ele esperava um garoto rebelde, com duas ou três tatuagens, um corte de cabelo ridículo e um olhar carregado de ódio. Não o julgue, ele ficou sabendo sobre os muitos lares provisórios que Andrew passou, deveria haver uma explicação lógica para ninguém quere-lo. Tony assumiu que Andrew era um garoto problemático, que se metia em confusão o tempo todo e ninguém queria ele. Mas Tony não encontrou nada que justificasse Andrew ter voltado para o orfanato tantas vezes.

Andrew esbanjava um sorriso que iluminava seus olhos verdes, os cachos caiam em sua testa quando ele inclinava a cabeça para o lado e conversava com uma garota que parecia ter a sua idade. As roupas de Andrew eram simples, havia um rasgo em seu suéter azul-escuro e seus tênis estavam tão gastos que pareciam prestes a se desfazerem ao menor passo.

Fisicamente, Andrew não era nada parecido com Tony.

Psicologicamente, ele era tão destruído quanto Tony.

Tony não pensou muito quando apareceu na casa uma semana depois, acompanhado por advogados, caso precisasse convencer os pais adotivos de Andrew a transferir sua guarda ao Tony. Entretanto, os advogados não foram necessários, pois os pais adotivos de Andrew estavam mortos.

Algumas semanas depois, Tony descobriu que a morte perseguia aquele garoto.

★★★

Tony se sentiu esmagado pela realidade assustadora que era a facilidade de fazer Andrew ser feliz.

O som da risada de Andrew preencheu a oficina, sua alegria emanava dos olhos verdes que brilhavam com intensidade sob a fraca luz da luminária a sua frente. Era como ser aquecido pelo sol do fim da tarde, abraçado por nuvens e iluminado pelos raios da manhã. Tony não sabia dizer o quão estúpido isso parecia, mas ver Andrew feliz era uma visão totalmente familiar e nova para Tony. Ele não sabia como lidar com isso.

O rosto dele era calmo, traços finos e suaves que davam uma aparência mais jovem do que Andrew realmente era. Em tudo que se propunha a ser, ele conseguia. Pensando nisso, era assustador imaginar quantas vezes Andrew escondeu seus reais sentimentos para que ninguém soubesse quando ele estava chateado com algo. Tony até tentou lembrar de algum momento em que viu Andrew triste, mas não foi capaz de se recordar.

Andrew estava sentado no chão, vestido com um terno maior do que seu corpo magro exigia e as mangas ultrapassavam suas mãos, mas, de alguma forma, ele parecia estar confortável. Ele esbanjava um sorriso fácil, que alcançava seus olhos. Poucas pessoas sorriam com os olhos, Andrew fazia isso parecer fácil. Tony meio que queria abraçá-lo às vezes, porém acaba se detendo todas as vezes porque seu pai nunca o abraçava.

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