IV - Está tudo bem

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(Capítulo não revisado)


Houve uma época em que Happy estava determinado para convencer Tony de que havia um filho seu no mundo. Que as constantes festas e as diversas mulheres que Tony já dormiu deveriam ter resultado em um filho de Tony, porque ninguém tinha tanta sorte assim. Mas Tony aparentemente tinha, porque ele não tinha um filho. E então Andrew apareceu e Tony meio que desejou nunca ter descoberto sobre ele.

Sinceramente, Tony pensou que tinha feito ótimos esforços para enganar a si mesmo e a todos ao seu redor em relação a querer não ter descoberto sobre Andrew. Foi arrogância de sua parte, Tony percebeu isso, porém ele imaginou que se alguém descobriu, não faria diferença agora porque Tony não tinha mais a mesma opinião.

Andrew era a melhor coisa de sua vida, simplesmente pelo fato dele ser a pessoa mais genuinamente boa que Tony já conheceu. Não há uma nota de maldade no adolescente. Não há arrogância nem orgulho. Era como se os anos no orfanato tivessem moldado Andrew em uma bondade que Tony nunca conseguiria ter feito caso Andrew tivesse morado com ele desde criança. No entanto, era tudo mentira.

Os olhos de Andrew estão vermelhos e a ponta de seu nariz estava igualmente vermelha, havia rastros violentos que os dedos de Andrew fizeram contra a pele do rosto ao limpar as lágrimas. Os cachos são uma bagunça que apontam para todos os lados. A dor estava perfeitamente costurada a sua pele, aos seus olhos, aos lábios trêmulos e as mãos que tremiam com tanta violência que pareciam desejar algo que não poderiam ter no momento.

Andrew fungou, caindo no enorme pufe em seu quarto e encolhendo-se enquanto Pepper caminhava em direção à escrivaninha para pegar a cadeira.

Andrew parecia tão mais jovem do que realmente era. Tão frágil e quebrado que Tony só queria abraçá-lo e protegê-lo, mas talvez fosse tarde demais para isso. Ele só estava assim porque Tony foi emocionalmente irresponsável com os sentimentos do garoto. Rhodes o avisou que isso aconteceria.

Rhodes avisou que Tony precisava parar de fugir de Andrew só porque temia que machucá-lo como seu pai fez e agora Tony vê como deveria ter escutado ele.

A cena de Andrew encolhido no pufe quebrou o coração de Tony em pedaços que ele sabia que não seria capaz de reunir.

– Converse conosco, Andrew. – Pepper pediu, escolhendo não pegar mais a cadeira ao perceber que ficaria mais alta que Andrew. Ao invés disso, ela pegou dois travesseiros e os colocou no chão, sentando em cima de um.

Tony olhou para o travesseiro no chão, sentindo um nó se formar na garganta ao digerir as palavras de Andrew lá embaixo. Ele pensava que Tony não queria ele. Ele preferia acreditar que Tony estivesse morto a ter que viver a vida que estava vivendo. Tony sabia que seria um pai ruim, ele sempre soube, mas nunca imaginou que ouviria seu filho falando que preferia acreditar que ele estava morto. E então houve a confissão do passado dele, dos diversos lares adotivos que passou, dos traumas que adquiriu nos anos que Tony não sabia de sua existência.

Andrew só falou quando Tony se sentou no travesseiro em frente ao pufe.

– Nos meus antigos lares, os meus pais adotivos costumavam dar presentes antes de me levarem de volta para o orfanato. – Andrew sussurrou, enterrando o rosto nas dobras do pufe de pelos. Ele estava visivelmente com frio, porém o casaco foi deixado na sala de estar e Tony reprimiu a vontade de tirar o casaco que vestia para dar a Andrew, ele entenderia isso como um presente também. – Uma semana depois, eu estava de volta para o orfanato e as crianças perguntavam o que eu havia feito de errado. Eu também me perguntava o que eu tinha feito de errado.

– Oh, Andrew. – Pepper lamentou, colocando a mão no joelho de Andrew. – Eu sinto muito.

– Eu nunca faria isso, Andrew. – Tony disse, incapaz de olhar para o adolescente. – Eu sinto muito se fiz parecer que não queria você...

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