XIV - Ossos de aço

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(Capítulo não revisado)

As luzes do quarto hospitalar eram fortes o suficiente para fazer os olhos de Andrew arderem através das pálpebras fechadas. Ele não queria abrir os olhos, de alguma forma ele sabia que a dor o abraçaria no segundo em que encarasse a dura realidade de ter sobrevivido a mais um evento impossível. Pessoas teriam morrido em um queda menor do que a que Andrew sofreu. Seres humanos estariam mortos se alguém cravasse uma bala em suas cabeças. E, no entanto, indo contra todas as leis da vida e da morte, Andrew abriu os olhos, o coração batendo em seu peito indicando que continuava vivo.

Demorou para Andrew se adaptar ao seu corpo novamente, testando cada parte para garantir que nenhum membro sofreu um dano irreversível. Ele sentiu primeiro as pontas dos dedos dos pés, balançando para ver se não havia perdido o movimento das pernas. Uma vez que garantiu que ainda sentia suas pernas, Andrew fechou os olhos e deixou a cabeça cair contra os travesseiros, testando a mobilidade dos dedos das mãos.

O aço gélido envolvia seus pulsos, impedindo que Andrew erguesse os braços.

Andrew abriu os olhos e olhou em volta, sentindo o pescoço implorar para ficar parado com os possíveis ossos que quebrou na queda.

O quarto em si não era estranho, parecia um quarto de hospital com paredes de vidro e equipamentos de tecnologia avançada. As luzes estavam acima de Andrew, acendendo uma iluminação que doía sua cabeça se olhasse por muito tempo.

– Oh, você acordou. – Passos pesados se aproximaram, em algum lugar atrás de Andrew que impedia de olhar para trás. O som de metal quebrando o silêncio contra o piso de porcelanato fez Andrew estremecer, suor gélido escorrendo por sua testa. – Isso é bom.

Um robô enorme feito de metal e aço apareceu, com seus olhos iluminados em vermelho escarlate que carregavam uma crueldade que fez Andrew tentar lutar sem sucesso contra as fortes algemas que o prendiam contra a maca. O pânico o engoliu por inteiro, desde seu coração até a sua mente, revelando as possíveis coisas que Ultron faria com ele.

Quando Andrew foi sequestrado e apontaram uma arma para cabeça dele, ele não sentiu metade do medo que estava sentindo sendo obrigado a olhar para Ultron. Uma faixa de couro prendia sua cabeça contra a maca, mantendo-o parado quando o dedo de Ultron traçou o contorno de seu rosto com delicadeza, como se o menor de seus movimentos pudessem esmagar os ossos de Andrew.

– Humanos... Compostos de medo e amor, frágeis como uma flor. – Ultron cantarolou da melhor forma que um robô pudesse cantarolar. – Não precisa ficar com medo, Andrew. Felizmente para você, tem muitas pessoas que se importam com você.

Ultron se afastou de Andrew e andou ao redor do quarto.

Andrew soltou o ar lentamente, sentindo que se ficasse mais um segundo segurando a respiração seus pulmões gritariam. Ele queria chorar, se fosse sincero consigo mesmo sobre suas necessidades e desejos.

– O quão interessante pode ser o corpo humano, Andrew? – Ultron parou perto da máquina que pairava acima de Andrew. – Eu tenho acesso a todos os estudos e artigos escritos nos últimos séculos e nada se compara a você. – Ultron gesticulou para o corpo de Andrew estendido na maca, algemas de aço prendendo suas mãos e uma faixa de couro mantendo sua cabeça parada. – A doutora Helen Cho ficou mais interessada em como você tem átomos de vibranium que não só se tornaram compatíveis com as moléculas do seu tecido, mas como elas também se uniram a eles. Você, doce Stark, é um ser humano raro. Isso, se você ainda for considerado humano.

Átomos de vibranium em um corpo humano era como ter o escudo do Capitão América protegendo seu corpo. O que, na verdade, explicaria como o corpo de Andrew sobrevive a tantos eventos que teriam levado qualquer um à morte. Mas talvez a doutora Helen Cho estivesse errada, talvez aquela máquina que estava acima de Andrew – a mesma que reconstruiu o tecido da pele de Clint – tenha mudado alguma coisa em seu corpo. No entanto, o que justificaria os eventos antes de sua pele ser reconstruída? Talvez nada.

StarkWhere stories live. Discover now