16. Onde anda você?

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POV: ENID SINCLAIR

Abro os olhos lentamente, e novamente, o cheiro do quarto de Wednesday adentra meu olfato, me trazendo um sentimento de lar. Ela estava sentada na poltrona lendo Pequeno Príncipe enquanto fazia um batuque na própria coxa.

Ao mesmo tempo, um remorso ocorre pelo meu corpo juntamente com uma ânsia de vômito e enxaqueca. Sento na cama e aperto minha tempora, tentando lembrar o que havia acontecido, parecia que tudo estava rodando em câmera lenta.

— Ei, calma, sem pressa. — ouço a voz da morena, ela se aproximou em passos rápidos e me entregou um copo d'água com uma pílula.

— O que... O que eu estou fazendo aqui? — aperto meus olhos, tentando espantar a sensação de desconforto.

— Você me ligou ontem, eu também não sei o que aconteceu. — disse com preocupação, deslizando os dedos pela minhas costas.

Engulo o comprimido e levo o copo d'água até a boca, não conseguir sentir o gosto de nada, apenas uma tontura irritante e uma dor de cabeça insuportável.

Olho para baixo, estava vestindo a mesma camiseta roxa que usei no dia dos namorados, com a borboleta preta vibrante. Automaticamente, minhas bochechas começam a queimar só de imaginar o que pode ter acontecido.

— A gente? — encaro Wednesday, enquanto aponto para sua camiseta.

— Não, não. Eu só te dei um banho com suas roupas e deixei você se trocar, não vi nada, não toquei em nada. Me desculpa, eu só não queria que você dormisse e acordasse se sentindo suja. — respondeu rapidamente.

Aperto meus olhos com força novamente e respiro fundo, nada, não conseguia lembrar de nada. Porra, Enid.

— Olha, se não quiser me contar o que aconteceu, tudo bem, ok? — levou seus dedos para meu rosto, acariciando minha bochecha. — Não se sinta pressionada.

— Não consigo me lembrar. — mordo o lábio inferior. — Você pode me contar o que aconteceu?

— Uh, você me ligou, as dez da noite e disse que precisava de uma carona. — continuou com a carícia, sem desviar o contato visual. — Quando eu cheguei na boate, você estava encostada numa parede, mas você não disse nada, apenas dormiu.

— Ah. Eu lembrei. — abro um sorriso de canto, tentando amenizar a situação. — Eu bebi uma caipirinha com uma mulher, eu não sei o nome dela, acho que é... Sarah. — dou de ombros. — Eu fui limpar os quartos e ela veio atrás, tentando me beijar, eu recusei, mas o efeito da bebida se misturou com uma dor aguda no estômago. Por impulso, acertei um soco no rosto dela. E merda, ela é filha do patrão.

— Enid. — sua expressão muda radicalmente, para um semblante fechado, cerrou o maxilar e fechou o punho.

— Acho que perdi o emprego, pela terceira vez no ano. — retiro o edredom das minhas pernas.

— Ela te dopou. — deu ênfase, me puxando para um abraço. — Não vou deixar isso barato, de forma alguma, vou falar com meus contatos e...

— Wednesday, não precisa. — suspiro exausta. — Acontece. Não vai dar em nada, a justiça desse país é inútil.

— Tem razão, mas não quero que você continue trabalhando em um lugar onde não pode se sentir segura. — depositou um beijo na minha bochecha. — Vou te dar um emprego digno.

desejo proibido. | wenclairOnde as histórias ganham vida. Descobre agora