32. LEAL

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Deus não fez um amor tão lindo
Pra ser proibido
E se fosse, eu ainda te amava.” - Jão

POV WEDNESDAY ADDAMS

Agora...

Puxo a loira para dentro, abraçando seu corpo como se ela fosse uma pequena criança. Sinto o tecido da minha blusa começar a molhar, Enid se despedaçava em meus ombros e tentava secar com a mão, sempre tentando manter a respiração calma mas não conseguia, respirava fundo e depois voltava para o desespero. Mal conseguia se manter em pé, parecia tão exausta.

— Enid... — fecho a porta com o pé e abraço sua cintura, sentindo seu perfume forte agora que meu nariz está encostado em seu pescoço. — Precisa respirar fundo, eu estou aqui agora, com você.

Não consigo processar o quão isso me deixa verdadeiramente magoada, imaginar que ela está passando por todas essas merdas por causa do seu pai, imaginar que ela está assim também por causa de Gomez e toda a irresponsabilidade que ele teve. Às vezes sinto que fui eu que a envolvi nisso tudo, e isso me destrói.

A forma de como Enid está tremendo, a forma de como suas mãos procuram refúgio em meio ao meu corpo desesperadamente, a forma de como ela tenta parar de chorar mas falha miseravelmente, tudo isso, me deixa anestesiada. Toda a casa parece acompanhar seus soluços, junto com um silêncio confuso. Por que não consigo dizer nada?

Sinto raiva e angústia.

Entrelaço nossas mãos e a puxo com cuidado pela casa, tentando guiar seu corpo até meu quarto, observando seus passos fraquejarem diversas vezes por está tão alcoolizada e machucada, sem conseguir se manter em pé.

Eu quero tanto cuidar dela, protegê-la de todo o caos que está sendo esse mês. Todos nós merecemos sossego, certo? Não é justo tudo de ruim acontecer com ela de uma vez, Enid é um anjo, não merece nenhuma dessas merdas que está acontecendo.

Finalmente chegamos no meu banheiro. Seguro seus braços e deixo-a encostada na pia, encarando seus olhos avermelhados e inchados por passar tanto tempo chorando.

— Vou deixar você tomar um banho, vou aproveitar para pegar algumas roupas. — tento sair do banheiro, mas antes mesmo de conseguir, Enid me puxou pelo braço delicadamente, levando uma das suas mãos até minha mandíbula.

— Não. — engoliu seco. — Cuida de mim essa noite, Wednesday, por favor.

Sabe aquele momento em que parece que você está em um filme? Aquele onde o toque, a respiração, até mesmo o olhar, parece estar perfeitamente conectado?

Meu coração acelerou tanto ao ouvir sua voz baixa, os batimentos cardíacos eram tão fortes e rápidos que parecia que estava tropeçando nas próprias batidas. Isso é o tal amor? É isso que Fátima tanto disse que eu iria sentir? Estou me preocupando tanto em vê-la bem que acabo esquecendo o que está acontecendo por mínimos segundos, mesmo sendo algo ruim, sem nenhuma razão sequer, ela consegue transformar em algo bonito e calmo.

Enid não quer me deixar preocupada e apenas com um simples gesto, ela conseguiu minimizar tudo.

— C-certo, claro. — respiro fundo.

Devagar, começo a dedilhar os dedos pelo seus braços, sentindo cada pelinho, cada detalhe, cada pintinha, observando a forma de como seu corpo se arrepiava facilmente apenas ao me sentir. A temperatura do seu corpo automaticamente aumentou, ficando quente, consegue ser surpreendente a forma de como sua pele se aquece apenas com meu toque, é fascinante.

desejo proibido. | wenclairOnde as histórias ganham vida. Descobre agora