23. Estupidez

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POV: WEDNESDAY ADDAMS

Me reviro pelo colchão pela vigésima vez, observando a luz fraca do sol entrar pela varanda e se deslumbrar pelo chão de porcelanato. Não sentia nada, as reuniões da empresa não me importavam, os chamados da minha mãe do outro lado da porta também não, muito menos Isaac falando que tenho dois dias para tomar o primeiro passo e não jogar o plano da investigação no lixo.

Aperto o travesseiro com força e não me culpo por deixar as lágrimas deslizarem pelas minhas bochechas, deixando-me com um sentimento de angústia e culpa. Angústia por ser uma mentirosa e culpa por não ter responsabilidade com a única que pessoa que se importou verdadeiramente com meu bem-estar.

Droga, Wednesday. Por que tão complicada?

Estúpida. Estúpida. Estupidez.

— Wednesday, você não saí desse quarto faz três dias! — bateu mais uma vez, a voz de Fátima parecia melancólica e preocupada. — Você precisa tomar sol, comer e se recompor. Sinto sua falta, querida.

Reviro os olhos e apenas ignoro, soltando um suspiro pesado, me sentia exausta mesmo não fazendo absolutamente nada. Quanto tempo eu não me sentia assim? Faz anos. Principalmente por garotas, principalmente por Enid Sinclair.

Ah, esse nome me causa arrepios intensos e demorados.


— Amor, vamos fazer um acordo, então? — Fatima pareceu cansada, as batidas ficaram baixas. — Deixe-me entrar, vou ouvir tudo que você tem para dizer e não vou questionar e nem te julgar.

— Não quero conversar. — minha voz sai atordoada e turva, acompanhada com o soluço.

— Não quer conversar, tudo bem, anjo. Faço companhia, as vezes precisamos somente de afeto e está tudo bem, seus sentimentos são válidos. — bateu mais uma vez. — Se não gostar, eu me retiro, pode ser?

Respiro fundo e me sento na cama, sentindo meus músculos doerem por passar tanto tempo deitada em uma posição. Me dirijo até a porta e destranco, enxergando a mulher uniformizada com os olhos exalando preocupação, parecia perdida. E então, volto para a cama, me jogando de bruços.

— Seu pai está preocupado. — fechou a porta e se sentou ao meu lado.

— Ah, preocupado, que engraçado. — dou uma risada sarcástica. — Não fica em casa, não se preocupa com ninguém além de si mesmo e me empurrou para uma investigação estúpida.

— Eu entendo sua raiva. — acariciou minhas costas. — Wednesday, todo mundo tem problemas, desafios diários. Se trancar em um quarto, não se alimentar, evitar falar com os parentes, não vai te ajudar a curar nenhum deles, sabia?

— Por enquanto está resolvendo, então, vou ficar assim. — escondo meu rosto no travesseiro e respiro fundo. — Eu errei feio, Fátima.

— O que aconteceu?

— Eu magoei a Enid, inventei mentiras, e... Ela não responde minhas mensagens, não atende minhas ligações. — viro meu rosto e encaro a mulher sentada. — Tudo foi minha culpa, entende? Ela tem seus motivos.

— Oh, você realmente está doente de amor. — ela sorriu e deu uma risada sincera. — Nasci para ver você assim, Wednesday.

desejo proibido. | wenclairOnde as histórias ganham vida. Descobre agora