Your eyes | Charles Leclerc

๑.Come Back

"I thought I was different, but my mind need some assistance." · Charlie! - Chesle

· Charles Leclerc

A minha semana estava sendo uma loucura, principalmente pela saída de Xavi, já que agora eu teria que trabalhar com um engenheiro que ainda não havia sido apresentado a mim. A única informação que obtive é que, aparentemente, ele é filho de Andreas Seidl, o atual diretor executivo da Sauber. É uma informação estranha, pois, qual seria o intrigante motivo de não escolher seguir os exatos passos do seu pai, visto que possivelmente teve uma oportunidade?

Mas, voltando à minha, atualmente, infeliz realidade; ouvi sobre o tal garoto num momento de concentração, e acabei por não me importar em perguntar mais sobre ele ou sobre a sua competência - algo que eu provavelmente poderia me arrepender -. Tudo o que sei é sobre o seu parentesco e a sua assustadora recente graduação. Além disso, ainda não sei se lidarei com um jovem engenheiro, ou um pseudo senhor bem vivido.

Estava procurando por Sainz ou por Ellie para contar-lhes sobre tal mudança. Lilih voltaria para Mônaco em apenas algumas horas, e estava de passagem para nos acompanhar durante os primeiros dias de treino, por conta do nosso convite a ver mais de perto o trabalho de engenheiros de umas das mais tradicionais equipes da principal categoria de automobilismo. Passei os meus olhos por cada corredor da empresa, e os pousei sobre Ellie quando a vi de longe num sofá, exatamente como na primeira vez que a encontrei. A garota parecia um pouco séria, enquanto conversava com Sainz ao seu lado.

- Você sabe, minha mãe 'tá meio preocupada com esse negócio de eu trabalhar tão longe de onde sempre estive acostumada a morar e estudar. Ela esperava que de alguma forma eu conseguisse estar sempre perto pelo menos do meu pai, mas como não deu certo por lá...

- Catatau, eu sei que ainda vai ser difícil a adaptação, mas você vai ter muito apoio! Eu aposto que lá não há tantas pessoas que te conhecem tão bem e te apoiariam além do seu pai.

- Eu sei que talvez as coisas caminhem bem, mas você sabe também o quanto é difícil pra mim expandir assim longe das asinhas deles. É bem infantil, mas medonho.

- Você é uma adulta, Ellie. Chega de se impedir de amadurecer e comece a reparar nas suas habilidades! Pense em Munique, quando os seus pais estavam fora depois da sua formatura e você nos fez sair do hotel e irmos para sua casa. Você foi tão cuidadosa com tudo e soube tomar a frente pra que todas as coisas fossem absurdamente aconchegantes e marcantes.

- É diferente de uma responsabilidade profissional, Sainz.

- Mas demonstra o quanto você é boa em tudo o que quer fazer.

- E Charles? Não sei se ele já sabe, preciso conversar com ele sobre isso pra irmos nos acostumando.

Senti como se o meu coração parasse pelos exatos 5 segundos utilizados por Ellie para proferir sua frase. Eu de fato não sabia o porquê e com o que era preciso nos acostumarmos; mas ela me dizia odiar termos tido tantos altos e baixos, e pra mim, sabendo que estamos no mais alto que posso imaginar agora, as suas palavras só podiam significar que o baixo nos espera ansiosamente.

- Nos acostumarmos com o que, Ellie? Não me diga que vai embora mais uma vez... - eu disse frustrado, não sabendo exatamente pelo que.

- Claro que não! Eu te prometi!

- E então precisamos conversar sobre o quê?

- Charles, se acalma! Não dá pra conversar com você passando por cima de mim o tempo todo! Ultimamente você só sabe ficar angustiado e ver tudo como uma má notícia - ela respirou profundamente, e eu sabia que tinha sido rude demais - Juro que tenho tentado te ajudar, mas é muito difícil quando nem mesmo me ouve!

Ellie ficou claramente chateada com a minha reação, e saiu rapidamente dali com uma feição nada boa.

- Tinha necessidade de tanto desespero? - Carlos passou por mim em um estalo, fazendo com que eu acordasse ainda mais pra realidade de estar sendo um babaca por culpa dos problemas unicamente meus.

Eles precisavam de um tempo para não odiarem tanto a minha cara, e eu os deixei a vontade para processarem que eu não sou sempre tão idiota.

----- ๑ -----

Encontrei Sainz em sua sala, e dei dois toquinhos na porta já aberta, esperando uma confirmação para entrar. O espanhol levantou o seu olhar, e apontou suavemente apenas com a cabeça para o sofá ao lado, o qual me joguei esperando pelo sermão.

- Percebeu sua babaquice, Leclerc? - ele ajeitou a postura, se atentando a mim.

- Obrigada pela parte em que me toca! - fui irônico.

- Você sabe que não menti. O que foi aquilo? Enlouqueceu?

- Eu ainda nem sei o que rolou comigo naquela hora - tombei a cabeça para trás enquanto suspirava pesadamente - Não sei o porquê fui tão precipitado. Acho que essa história de novo engenheiro me tirou do eixo.

- Calma... se você já sabe, por que reagiu daquele jeito?

- Porque eu nem conheço ele, cara. Não tenho nem ideia da competência do Andreas; como vou ter ideia da competência de um filho seu que ao menos conheço?

- Andreas... Seidl?

- Sim, o que entrou pra Sauber esse ano.

- Leclerc, o que você sabe sobre ele?

- Seidl pai ou Seidl filho?

- Seidl filho, seu tal novo engenheiro - ele parecia confuso e perdido, e eu não sabia o porquê.

- Pra ser sincero, quase nada. Nem ouvi muito sobre ele, e só sei que se formou recentemente e, claro, é filho do Seidl.

- Filho? - Sainz tentava encaixar as peças, e de repente parecia que algo havia feito finalmente sentido - Arruma essa peruca mal feita e se apressa, Leclerc! Você precisa urgentemente conversar com a Lilih!

- 'Tá, mas pra onde ela foi?

- Pro hotel. Corre, Leclerc; você não tem noção da cagada que fez!

Eu não sabia o que me aguardava a partir do momento que eu saísse da sala; mas eu sai, e corri, corri pela garota a qual a minha confusão fez com que corresse de mim.

Sei que eu devo ter traumatizado vocês um pouquinho (ou um poucão), mas voltei com tudo, e vocês mal esperam pelo próximo capítulo!