Capítulo 1 | Relíquias do Tempo

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06:49am

    Stella acordou de supetão, sentando-se na cama e inspirando quase mais ar do que seus pulmões pudessem suportar. Arregalou os olhos, mas logo em seguida os fechou — mais uma vez — pensou, enquanto tentava controlar seus batimentos cardíacos, diminuindo o ritmo da respiração. Pelas contas que fizera no dia anterior — provavelmente não tão confiáveis, devido ao caos em sua mente — já havia passado 2 meses desde que os pesadelos começaram. Variavam muito pouco, mas o que nunca mudava era evidente: as imponentes colunas douradas que conseguia enxergar de longe, reluzindo o sol de tal forma que chegava a incomodar levemente os olhos. Ela não fazia ideia de qual lugar era aquele, só sabia que gostava do visual. Não parecia o planeta Terra, longe disso: Stella não sabia como, mas tinha certeza de que aquela paisagem pertencia a outro mundo, isto é, se ela de fato existisse — o que, de acordo com a lógica racional em qualquer mente sã, era fato que não existia. —

    A questão é que se fossem apenas a paisagem bonita e o cheiro agradável, levemente floral que conseguia sentir naquele lugar, a garota estaria mais do que satisfeita em sonhar diariamente com isso. O problema era o que acontecia a seguir: a figura sombria de uma mulher se aproximava rapidamente de Stella e ela sentia-se incapaz de movimentar qualquer membro, permanecendo com os pés fincados no chão quando a tal mulher — vestida com algo que parecia o traje de um vilão das histórias em quadrinho — envolvia o seu pescoço com apenas uma mão e a erguia no ar, fazendo seus pés penderem e sua respiração cessar abruptamente. Enquanto Stella sufocava lentamente, ainda paralisada, a mulher proferia as únicas palavras que dizia neste sonho: "Eu disse que esse momento chegaria."

06:54am

    Deixando os devaneios de lado e sabendo que não conseguiria voltar a dormir, Stella decidiu se levantar e tomar um banho. Considerando que era uma sexta-feira, suas aulas começariam somente às 09:00h, o que a aliviou por saber que daria tempo de passar na loja de materiais artísticos e até mesmo se dar ao luxo de a apreciar com calma. Há exatamente 1 ano ela finalmente tomou coragem de se matricular em um curso de desenho e pintura, algo que sempre gostou e já era bastante habilidosa naturalmente, por isso mesmo não tinha pretensão de fazer aulas; entretanto, o luto a fez mudar de ideia. Após 6 meses afundada em sofrimento e solidão, a decisão de se matricular na Academia de Artes de NY trouxe um pouco de paz para a vida da garota, — exceto pelos dois últimos meses em que mal conseguia pregar os olhos — que já não dedicava mais 24 horas do seu dia para chorar, desde que perdera a mãe.

    Sarah, sua mãe, era uma pessoa muito doce. Criou Stella sozinha e fez o melhor que pôde para que a filha não se sentisse abandonada pelo pai, o que de fato aconteceu. Stella desistira de pedir a mãe para que a levasse para conhecer seu pai, esse era um desejo que durante a infância esteve queimando dentro dela, mas ao longo da adolescência foi se apagando aos poucos e nos dias atuais estava praticamente adormecido. De acordo com sua mãe, seu pai era um mochileiro em busca de aventura quando ambos se conheceram. Após alguns meses de namoro, ele não explicou o porquê, apenas disse que precisava partir e assim o fez. Claro que, para Sarah, o motivo estava evidente: a gravidez inesperada aos 20 anos de idade. Bom, a única certeza que ela poderia ter acerca de seu pai era que ele não prestava e isso era motivo suficiente para que não o procurasse, como ele nunca a procurou, nem mesmo quando sua mãe ficou doente.

The Savior  |  LokiWhere stories live. Discover now