Capítulo 2 | O colar

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    Eu não estava raciocinando direito, quando bati os olhos naquele colar foi como se tivesse entrado em um transe. Franzi as sobrancelhas e cocei os olhos, numa tentativa falha de me convencer que não havia enxergado aquilo. Ao abri-los, ainda conseguia ver aquele brilho escapando da pedra de tom violeta, ficando quase hipnotizada. Quando me dei conta, já estava com a mão na maçaneta da porta frontal da loja, mas quando fiz menção a girar, meu celular começou a tocar. Com o susto, dei um pulinho ridículo que provavelmente chamou a atenção de quem passava por perto. 

    ‒ Merda ‒ sussurrei enquanto procurava o celular dentro da mochila. Após alguns segundos o achei e consegui ver o nome do meu professor de Pinturas a Óleo piscando no visor, logo o atendi.

    ‒ Hum... Oi, professor Harry.

    ‒ Olá, Stella, estou ligando para perguntar se você se esqueceu do que combinamos semana passada. Meu Deus! Esqueci sim, completamente.

    ‒ Não professor, já estou a caminho, é que tive um probleminha. ‒ ri de nervoso e comecei a caminhar bem depressa, esbarrando em algumas pessoas pelo caminho.

    ‒ Oh, certo, estamos aguardando, até logo. ‒ desligou.

    Mas é claro que eu tinha que esquecer dessa maldita apresentação! O professor Harry era um homem da terceira idade, extremamente talentoso em suas obras e muito gentil, até demais. Na semana passada ficou encantado com uma tela que eu havia pintado há uns bons meses, quando ainda nem fazia parte da Academia. Eu resolvi postar uma foto da tela no meu Instagram, o que foi suficiente para o professor me mandar diversas mensagens aparentemente impressionado com o que eu havia criado e praticamente me implorar para que eu fizesse uma breve apresentação para os alunos mais novos, explicando quais as técnicas e materiais que usei. Obviamente não gostei nada da ideia, já não gosto muito de falar com uma pessoa, quem dirá falar em alto e bom som para mais ou menos 60 alunos. Mas não tive muita escolha, não poderia correr o risco de ganhar a antipatia dele e acabar prejudicando meu desempenho naquela matéria tão importante. Praguejei mentalmente enquanto caminhava depressa, abandonando o pensamento sobre o colar, pelo menos por enquanto.


05:57pm

    Finalmente estava indo para casa, após um dia extremamente maçante. O dia havia sido tão cansativo que nem tive tempo para voltar a pensar no incidente da manhã, e quando me dei conta disso arregalei levemente os olhos ‒ o antiquário ‒, pensei enquanto automaticamente começava a andar mais rápido. Nesse horário provavelmente ainda estava aberto, mas eu ainda teria algumas ruas a frente antes de chegar lá. Andei o mais depressa que pude e após uns 10 minutos estava novamente a encarar a vitrine, porém, para meu azar, estava completamente escura e na porta havia uma plaquinha pendurada do lado de dentro indicando que o estabelecimento já havia fechado. Bufei impaciente e frustrada, ainda tentando enxergar algo que se parecesse com o brilho que vi mais cedo, claramente em vão. Dei meia volta, aceitando que teria que esperar até o dia seguinte se quisesse entrar naquele lugar e segui meu caminho para casa.

The Savior  |  LokiWhere stories live. Discover now