"Algumas pessoas não fazem ideia da sorte que tem, mas o mesmo serve para o azar."
Stella, uma jovem artista solitária de vinte e um anos estava levando uma vida monótona, até que tudo virou de cabeça para baixo. De repente se viu entre deuses e fei...
Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
Jotunheim. Então essa é minha origem, um Gigante de Gelo. Consigo enxergar agora o porquê do favoritismo de Odin por Thor, e principalmente a razão da escolha dele, um completo idiota, para assumir o trono de Asgard; afinal o rei jamais poderia ser alguém como eu, cujo sangue asgardiano não corre pelas veias. A ira estava me consumindo e queimando dentro de mim como nunca ocorrera antes, sentia-me como uma bomba-relógio, prestes a explodir a qualquer instante. Minha vida inteira fora apenas um teatro barato, cujos personagens principais eram Frigga e Odin, que sempre fizeram questão de encenar a família perfeita. E mesmo depois das cortinas se fecharem, aparentemente pretendem continuar a encenação, insistindo que nunca houve diferença entre mim e Thor. Patéticos! Como nunca houve diferença, se eu sou o mais velho e infinitamente mais bem preparado para assumir Asgard como rei? Oh, claro, melhor colocar um tolo musculoso com o cérebro do tamanho de uma ervilha para liderar a droga de uma nação!
E para meu mais puro e grandioso azar, essa midgardiana resolve dar as caras por aqui, bem agora, dois dias depois de ter descoberto a verdade sobre minha origem. Evidentemente que nunca comprei esta historinha, mas para Odin, bastou que uma velha biruta se intitulando de Völva viesse ao palácio com suas ladainhas para que ele movesse o mundo atrás da garota. Deu seu jeito de transportá-la para Asgard e agora é mais uma criatura para me importunar neste lugar. Olhei pela janela de meus aposentos que tinha vista para as mesas do jardim e avistei Thor e a midgardiana chegando, ambos sentando-se e conversando, rindo como se fossem velhos conhecidos. Ridículo, não esperava nada menos de Thor, que mais parece um filhote de cachorro, querendo atenção e fazendo gracinhas para qualquer um que apareça em sua frente.
Revirei os olhos e continuei os observando até notar algo estranho: a garota levantou-se e saiu visivelmente enfurecida jardim afora. Interessante... Resolvi me ocultar e ir atrás dela para descobrir o que Thor disse, que foi capaz de fazê-la surtar desta maneira. A encontrei sentada em uma pedra num lugar um pouco afastado do palácio, visivelmente abalada. Permaneceu ali por alguns minutos e seguiu de volta ao palácio, continuei a seguindo até ver onde ela queria chegar: nos aposentos de Odin e Frigga, batendo freneticamente na porta. Após alguns segundos, Frigga abriu a porta e sem cerimônias a garota entrou, comigo ainda oculto passando por elas e me aconchegando em uma poltrona macia para assistir ao espetáculo.
— Eu confiei em você. — Ela disse em um tom frio e eu ergui as sobrancelhas. Frigga ficou branca como um fantasma e a encarou de olhos levemente arregalados.
— O que houve, querida? — Esticou sua mão numa falha tentativa de alcançar a garota, que rapidamente recuou.
— Quanto tempo esperaria para me contar que é a responsável pelos meus pesadelos? Ou melhor, iria me contar algum dia? — Cruzou os braços e Frigga respirou fundo, sentando-se no divã em seguida e fazendo sinal com a mão para que a garota se sentasse à frente dela. A princípio hesitou, mas logo sentou-se também.
