Capítulo 12

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Eles todos ficaram encarando o homem no chão. Jessica recuou involuntariamente um passo. Charlie estava colada no lugar; ela não conseguir desviar o olhar dele. Porque sou um deles. Como se ele conseguisse dizer o que ela estava a pensar. John aproximou-se dela.

      "Charlie, ele é louco," disse ele calmamente, e foi o suficiente para a tirar daquele terrível e extático olhar. Ela virou-se para John.

      "Nós temos que ir embora," disse ela. Ele assentiu, virou-se para o grupo, e gesticulou para o walkie-talkie na sua mão.

      "Vamos voltar para a sala de controlo," disse ele. "Estas coisas são rádios policiais; tem de haver uma maneira de os fazer chegar ao exterior. Talvez consiga usar o equipamento das salas para apanhar um sinal de alguma maneira."

      "Eu vou contigo," disse Charlie instantaneamente, mas ele abanou a cabeça.

      "Tens que ficar com eles," disse ele, quase inaudível. Charlie olhou para Jessica e Carlton. Ele estava certo. Carlton precisa de alguém com ele, e Jessica---Jessica estava a aguentar-se, mas ela não podia ser deixada sozinha encarregue da segurança de ambos. Charlie assentiu.

      "Tem cuidado," disse ela.

      Ele não respondeu; em vez disso, enfiou o walkie-talkie no cinto, piscou para ela e saiu.



Clay Burke estava no seu escritório, revendo os ficheiros dos casos da semana. Não havia muito: violações de trânsito, dois pequenos furtos, e uma confissão do assassinato de Abraham Lincoln. Clay folheou os papéis e suspirou. Abanando a cabeça, ele abriu a gaveta de baixo da sua secretária e removeu o ficheiro que tem o atormentado toda a manhã.

      Freddy's. Quando ele fechava os olhos, estava lá de novo, o alegre restaurante familiar, o chão manchado de sangue. Depois do Michael desaparecer, ele trabalhava catorze horas por dia, por vezes até dormia na estação. Toda a vez que ele chegava a casa ia ver Carlton, que estava habitualmente a dormir. Ele queria agarrar no filho e segurá-lo perto, nunca o largando. Podia ter sido qualquer uma das crianças ali naquele dia; foi uma sorte cega e burra que o assassino havia poupado o seu.

      Na altura, foi o primeiro homicídio que o departamento teve que lidar. Era um departamento com dezasseis pessoas, normalmente carregados com pequenos furtos e reclamações de som, e para entregar um terrível homicídio fê-los a todos sentirem-se um pouco como crianças cujas armas de brinquedo se tivesse subitamente tornado reais.

      Clay abriu o ficheiro, sabendo o que iria encontrar. Era apenas um relatório parcial; o resto estava numa despensa na cave. Ele examinou as palavras familiares, a linguagem burocrática que tentou mas falhou para obscurecer o ponto: Não houve nenhuma justiça feita. Às vezes o culpado safa-se com coisas terríveis, mas esse é o preço que pagamos. Ele tinha dito isso a Charlie. Ele se encolheu um pouco agora, apercebendo-se como isso deve ter soado, para ela de todas as pessoas.

      Ele pegou no telefone, chamando o balcão de atendimento num momento de urgência em vez de andar os vinte passos para perguntar em pessoa.

      "O Dunn já fez algum relato do Freddy's?" perguntou antes do agente do outro lado pudesse falar.

      "Não, senhor," disse ela. "Eu---"

      Ele desligou, sem esperar ela terminar. Clay olhou inquieto para a parede por um longo momento, depois agarrou no seu copo de café e dirigiu-se à cave.

      Ele não teve que procurar pela caixa de evidências dos desaparecimentos do Freddy's; ele esteve aqui antes. Não havia ninguém, e então, invés de levar para cima para o seu escritório, Clay sentou-se no chão de concreto, espalhando papéis e fotografias em redor dele. Haviam entrevistas, depoimentos de testemunhas, e relatórios dos oficiais no local, incluindo Clay. Ele vasculhou-os sem rumo. Ele não sabia do que estava à procura; não havia nada de novo aqui.

(1) Five Nights at Freddy's: Olhos Prateados (PT-PT)Where stories live. Discover now