Capítulo 13

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O sol nascia quando eles emergiram ao ar livre.

      Clay colocou o braço ao redor do ombro de Carlton, e pela primeira vez Carlton não o afastou com uma piada. Charlie assentiu distraidamente, piscando na luz. "Carlton e eu vamos até às Urgências," continuou Clay. "Mais alguém precisas de um médico?"

      "Estou bem," disse Charlie reflexivamente.

      "Jason, precisas de ir ao hospital?" perguntou Marla.

      "Não," disse ele.

      "Vamos ver a tua perna," insistiu ela. A festa parou quando Jason levantou a perna para Clay examinar. Charlie sentiu um estranho alívio a percorrê-la. Um adulto estava no comando agora. Depois de um momento, Clay olhou para Jason com uma cara séria.

      "Não acho que vamos ter que cortá-la," disse ele. "Ainda não." Jason sorriu, e Clay virou-se para Marla. "Eu tomo conta dele. Pode deixar uma cicatriz, mas isso só o vai fazer parecer duro."

      Marla assentiu e piscou para Jason, que riu.

      "Preciso de mudar de roupas," disse Charlie. Parecia uma coisa fútil de se preocupar, mas a sua camisa e calças estavam molhadas com sangue em alguns lugares, secas e duras noutros. Começava a fazer comichão.

      "Estás um caos," apontou Carlton redundante. "Ela receberá uma multa se conduzir assim?"

      "Charlie, tens a certeza que não precisas de ir ao hospital?" disse Marla, virando a sua preocupação de laser para a sua amiga agora que o seu irmão foi declarado salvo.

      "Estou bem," disse Charlie de novo. "Só preciso de trocar de roupa. Nós paramos no motel."

      Quando alcançaram os carros, eles dividiram-se no que se tornaram os grupos habituais: Marla, Jason, e Lamar no carro de Marla; Charlie, John, e Jessica no de Charlie. Charlie abriu a porta para o lado do condutor e parou, olhando de volta para o edifício. Não foi apenas ela; pelo canto do olho ela conseguia ver que todos encaravam-no. O centro comercial vazio estava escuro contra o céu rosado, longo e atarracado, como algo brutal e adormecido. Eles todos viraram costas, entrando nos carros sem falarem. Charlie manteve os olhos nele, observando enquanto ligava o carro, esperando para virar as costas a ele até ao último momento possível. Ela saiu do estacionamento e foi embora.

      Ao longo da estrada, os carros separaram-se. Clay e Carlton pegaram a outra saída do estacionamento, dirigindo para o hospital, e Charlie saiu em direção ao motel enquanto Marla continuou para a casa dos Burke.

      "Eu sou a primeira a tomar banho!" disse Jessica quando saíram do carro, depois, vendo a cara de Charlie, "Eu faço uma exceção especial no teu caso. Vais primeiro."

      Charlie assentiu. No quarto, ela agarrou na mala e levou-a para a casa de banho com ela, deixando John e Jessica à espera. Ela trancou a porta atrás dela e despiu-se, deliberadamente não olhando para os cortes no braço e perna. Ela não precisava de ver o que estava ali, apenas lavar e enfaixá-los. Ela entrou no chuveiro e soltou um grito baixo quando a água pungente atingiu os seus cortes abertos, mas ela cerrou os dentes e limpou-se, lavando o cabelo severas vezes até que estivesse limpo.

      Ela saiu e secou-se com a toalha, depois sentou-se na borda da banheira, pôs o rosto nas mãos, e fechou os olhos.

      Ela não estava pronta para sair ainda, não pronta para encarar qualquer consequência, qualquer discussão que pode ter que haver. Ela queria sair desta casa de banho e nunca mais falar do que tinha acontecido. Esfregou as têmporas. Ela não estava com dores de cabeça, mas havia pressão lá dentro, algo que teria ainda que emergir. 

(1) Five Nights at Freddy's: Olhos Prateados (PT-PT)Onde histórias criam vida. Descubra agora