13. O LABIRINTO DE OSSOS

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Alana respirou fundo com os olhos cheios de lágrimas. Aquilo não podia estar acontecendo. Apertou os lábios, os olhos e mordeu o tecido de sua camiseta abafando o grito na garganta.

Não conseguia nem se mexer. A agonia dentro de si a manteve trêmula e amedrontada naquele buraco. Ergueu a cabeça e não conseguiu nem ver as frestas da madeira. Estendeu a mão e tentou empurrar, mas sem sucesso. Bruno havia posto outro cadeado e tampado aquilo com um tapete antigo.

Alana estava desesperada por estar ali e por não saber de nada do que acontecia lá fora. Ficar ali parada não ajudaria ela em nada. Agarrou o isqueiro nos dedos e rezou baixinho na tentativa de ter para si alguma proteção maior. A chama tremulou na escuridão e as íris castanhas tentaram se fixar naquela chama quente. Tentou ignorar a ossada e começou a engatinhar de mansinho pelo caminho. O buraco não era tão pequeno quanto pensou que fosse. Quando chegou ao fim daquele corredor se deparou com uma bifurcação sendo que do lado esquerdo um rastro de ossos consumidos pelo tempo a surpreenderam. Em um susto, seu corpo desabou do outro lado sobre um crânio abandonado. Ela gritou, mas ficou apenas com o seu desespero ecoando por ali. A chama apagou no isqueiro e suas mãos trêmulas e suadas tatearam pelo objeto que caiu no chão.

Começou a murmurar baixinho na tentativa de acalmar o próprio coração que parecia prestes a sair pela boca.

— Vocês não viram ela ontem?

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— Vocês não viram ela ontem?

— Eu sabia que ela estava com o Bruno aqui no apartamento, mas ver ela eu não vi.

Helô declarou enquanto Henrique dava murros na porta do apartamento no primeiro andar.

— E você? — Voltou-se para a garota apática ao seu lado.

— Eu não saí do apartamento ontem. — Lia murmurou recebendo um olhar observador do rapaz.

Ela havia ligado para Flora e desligado, o que fez com que a garota a telefonasse de volta. Lia deixou as chamadas tocarem até a garota do outro lado da linha desistir. Ela começou a se sentir culpada por ter dado algum sinal de vida, mas os acontecimentos nos últimos dias haviam mexido em alguma coisa dentro dela. Lia não queria morrer de fato, muito menos sem ver aqueles olhos tom de avelã da garota por quem era apaixonada.

— Isso não está certo. — Henrique levou uma das mãos até as costelas, batendo na porta, porém não havia ninguém lá dentro. — Porra! — Tinha alguma coisa errada, ele sentia isso, se não, por que a porta estaria trancada? — Onde o Bruno tá?

— Segundo andar.

A resposta de Lia promoveu um vinco entre suas sobrancelhas.

— E aquele racista?

— Ele está no apartamento da Dona Benedita.

Aquilo só podia ser piada.

Antes que as perguntas se formassem em seus lábios, o próprio Bruno desceu as escadas com um olhar confuso para os três.

O Assassinato no Edifício 83Where stories live. Discover now