14. A BUSCA

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— Se ele estava infiltrado aqui, o que eles não devem saber de nós?

A pergunta de Helô quebrou o silêncio assustador dentro do apartamento. Lia estava paralisada no chão e junto com Helô, Henrique encarava o rapaz desacordado, amarrado e amordaçado na cadeira. Parecia inacreditável que aquilo estava acontecendo. Há alguns dias atrás Henrique só tinha que lidar com as questões no morro, que aliás ele conhece como a palma da mão, agora ele tinha um bando de homens que ele nem conhecia no seu encalço. Não tinha dívida, não havia roubado nada deles, pelo contrário, essa gente que tirou tudo dele e dos seus e agora queria ver a morte deles, de novo.

— A gente vai morrer? — Lia murmurou sem desviar o olhar do chão. Os braços envolviam os joelhos e escondiam o queixo da garota atordoada.

Não tinham resposta para dar pra ela.

— A gente vai atrás da Alana. — Henrique engoliu a dor, tentando pensar onde ele teria posto ela naquele edifício.

— Como? A gente nem sabe onde ela está.

— Procurando. — voltou o olhar para Helô. — Tem doze apartamentos aqui, ela deve estar dentro de algum desses. — suspirou ao perceber que subir e descer escadas só complicaria a sua situação.

— Você precisa ir em um médico, Henrique.

O rapaz tocou a região com uma dor que nada tinha a ver com as costelas fraturadas. Com a outra mão tocou a lateral do rosto da garota a sua frente, acariciando sua bochecha com o polegar. O tom castanho dela encararam os seus em um misto de sentimentos.

— A gente precisa acabar com isso antes que mais alguém morra.

Ela suspirou.

— E se a gente não conseguir?

Henrique esboçou um sorriso triste.

— Não tem essa opção na minha vida.

Alana parou na terceira curva que fazia

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Alana parou na terceira curva que fazia. Nem sabia mais onde estava e para qual direção era a porta daquele quarto. Estava perdida, cansada e com sede. Naquela altura até o seu estoque de saliva havia acabado e o machucado na sua nuca era nada perto da dor nas palmas e nos joelhos ralados contra o chão de cimento. Queria muito sair dali.

Riscou o isqueiro e a chama tremulou até apagar logo depois.

— Merda! — resmungou ao tentar riscar novamente, mas não obteve resultado.

Estava na escuridão, de novo. Arrastou as mãos pelos cabelos e respirou fundo repassando as imagens que conseguiu visualizar dali de baixo. As paredes eram de cimento assim como o chão, haviam ossos de pessoas espalhados por ali e alguns acumulados nas bifurcações, havia passado por duas à duas esquerdas atrás. Não dava para ficar de pé, apenas sentada e o teto dali, chão do prédio, era uns quatro dedos acima da sua cabeça. Não sentia vento, nem ouvia qualquer ruído. Aquele buraco parecia a porra de um universo paralelo cheio de cadáveres.

O Assassinato no Edifício 83Where stories live. Discover now