Capítulo 1

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Estavam agitados lá fora. Havia barulhos de copos batendo uns nos outros, das conversas escandalosas; a alegria exagerada pelo álcool era facilmente sentida, mas Tobirama não conseguia entender o motivo de todos aqueles sons ou o que os levara a se reunirem daquela forma. Ele mesmo sentia a bebida entorpecer sua mente enquanto o corpo parecia mais enérgico do que normalmente era. A situação parecia confusa, mas a sensação era inexplicavelmente boa.

As vozes das pessoas estavam longe, mas existia uma bastante próxima, ofegante, ao lado de sua orelha. Havia gargalhadas do lado de fora, em uma festa que ele não se lembrava de quem era, mas estava bastante à vontade sobre o futon de seu dono, que mexia os quadris de maneira sensual e eufórica sobre seu colo, arrancando gemidos do Senju que tinha uma vaga lembrança de ter sido obrigado a sair de casa por seu irmão. Houve olhares mais tarde; raivosos, medrosos, e indiferentes, mas ele só conseguia se lembrar com nitidez dos provocantes e desejosos, os mesmos que o encararam naquele momento, enquanto o rosto era segurado com firmeza.

Os lábios que soltavam baixos gemidos se tocaram quando o quadril sobre a ereção passou a se mover com mais força e rapidez; Tobirama segurou a cintura fina com força, ajudando-o a aumentar o ritmo. Os olhos se fecharam, ele sentiu o corpo estremece, o gemido em seu ouvido soou alto e o aperto em seus ombros suados foi uma das sensações intensas que se lembrava antes de deitar as costas no futon para cair em um sono profundo.

Os olhos se abriram e ainda era dia. Tobirama levantou metade do corpo antes de notar que ele parecia duas vezes mais pesado. A cabeça doeu, e os lábios inchados o incomodaram. Se sentou. A mão passou pelos fios claros completamente bagunçados enquanto olhava em volta. Os olhos se arregalaram ao reparar que não era o próprio quarto, e o desespero surgiu junto das lembranças que infelizmente a bebida não havia apagado por completo.

A voz de Hashirama soou em sua mente, obrigando-o a acompanhá-lo em uma festa. Tobirama não gostava de festas, mas ele repudiava principalmente aquela para onde seu irmão mais velho o arrastou. Era uma festa importante para o clã Uchiha, e não bastando isso, era na casa do líder deles. E o absurdo não parava por aí. Tobirama se viu em uma festa, com os Uchiha, na casa de Madara, para comemorar o aniversário de Izuna! A ironia seria engraçada mais tarde, se o Senju não tivesse passados dos limites na bebida, agindo como nem ele podia esperar de si mesmo.

O olhar do aniversariante o capturou quando já estava um tanto bêbado. A expressão desavergonhada mostrava que o irmão de Madara também não estava nada sóbrio, e no lugar de se afastar e ir embora, Tobirama tomou mais um copo, e da maneira mais discreta que suas condições permitiram, seguiu o Uchiha pelos corredores da grande casa. O quarto dos fundos foi alcançado quando Izuna segurou sua cintura e o trouxe para mais perto. Os beijos foram eufóricos e até mesmo violentos antes das roupas irem para o chão, e então Tobirama interrompeu as lembranças. A cabeça doeu ainda mais; o desespero estava em seu auge.

O Senju moveu a cabeça novamente, à procura de suas roupas, mas logo parou ao notar que não estava sozinho. A ressaca estava afetando seus sentidos, que só notaram a figura, sentada no pequeno banco distante do futon, um pouco tarde. Os olhos negros o encararam através do reflexo do espelho sobre a penteadeira à frente, e mesmo com toda a seriedade neles, Tobirama não pôde deixar de notar os longos cabelos soltos que estavam sendo penteados com tanto cuidado, muito diferente da forma com que ele havia segurado enquanto estavam sob o efeito do álcool. O kimono escuro sobre a pele clara era fino demais, não ocultando muito do corpo de Izuna, que ao notar o olhar em suas pernas descobertas, as cobriu rapidamente, despertando o Senju de seu deslumbre descarado.

O coração de Tobirama acelerou com a reação do próprio corpo, e rapidamente o olhar abaixou, finalmente podendo achar suas vestes, que rapidamente foram colocadas. Ele não voltou a olhar para Izuna, sequer abriu a boca, assim como o sério Uchiha, e saiu pela porta sem nem ao menos se lembrar onde ficava a saída daquela casa que nunca deveria ter colocado os pés.

Jardim Sem FloresWhere stories live. Discover now