Capítulo 8

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Mais um pergaminho foi recebido no último dia daquele mês. O conteúdo era promissor e o entusiasmo do líder do acampamento era bastante aparente. No escritório, o grupo que voltou a se reunir, comemorou, e com aquelas palavras, a antiga rotina foi retomada.

Izuna começou a escrever mais uma resposta. Pela primeira vez, tentaria abrir o caminho para um encontro presencial, e enquanto escolhia as palavras certas, dividiu as tarefas entre sua equipe.

Mesmo que já tivessem feito aquilo diversas vezes durante anos, aquela era uma missão especial; era o último acampamento, o maior de todos, portanto, o Hokage exigiu que tudo fosse cuidado com antecedência e muito mais cuidado. Havia muitas pessoas úteis naquele acampamento, como Madara havia apontado, mas Hashirama pensava primeiramente no bem-estar de todos eles. Izuna entendia os dois lados, assim como Tobirama, que correu até o escritório no instante em que soube da notícia.

O Senju abriu um sorriso esperançoso que balançou Izuna, mas houve certa confusão no coração do Uchiha quando fizeram uma reunião com a equipe. Discutiram sobre quais grupos cuidariam das terras que foram reservadas para os possíveis novos moradores, os que providenciariam alimento, emprego e estudos. Tobirama apenas observou, sem interromper as ordens de Izuna. Ele não estava totalmente de volta, mas sua ajuda continuou a ser oferecida pelo Hokage, e foi o motivo de Izuna se ver em um impasse. Ter a companhia constante de Tobirama de volta era tudo o que queria, mesmo não podendo agir tão aberto quanto era quando estavam a sós; aquilo era trabalho, e exatamente por isso, ficou incomodado.

Desde o início teve que enfrentar a desconfiança de ser um Uchiha em um cargo tão importante, mas Hashirama nunca vacilou em sua decisão e se mostrava cada vez mais satisfeito com seu trabalho. Porém, as preocupações e rancores que haviam adormecido com o tempo, despertaram com a supervisão de Tobirama naquele projeto. Era nítido como a vila ficou mais confiante e em paz quando o segundo Senju mais importante de Konoha foi incluído no grupo. Todos confiavam cegamente naquele clã, assim como suspeitavam dos Uchiha sem provas para tal. Madara também estava atendo àquilo, mas parecia que Izuna era o único que realmente sentia aquela rejeição, especialmente quando aquele que seu coração mais prezava, estava por perto. Era uma sensação estranha de perda e vitória da qual ele aos poucos aprendeu a se acostumar, mas ainda havia picos de incômodo, como aquele em que, depois de conseguir tanto sozinho, novamente precisou dividir a atenção com Tobirama. Mas foi fácil se ver livre do sentimento pesado, e ironicamente o seu livramento foi aquele que causava tudo aquilo. Bastou notar que o silêncio de Tobirama era respeitoso, não investigativo, para amolecer um pouco de sua postura, e se viu rendido quando o olhar orgulhoso combinou com seu sorriso gentil.

Izuna tentou se censurar, mas foi tarde; enquanto o grupo discutia entre si, ele sentiu prazer em dividir aquele momento com Tobirama. Se lembrou do quanto se ajudaram fora do âmbito profissional nos últimos meses, e seu coração se acalmou por um instante. Contudo, precisou se desligar da própria mente quando os momentos mais íntimos vieram à tona, e o desejo de comemorar aquela pequena vitória nos braços dele, quase o dominou.

A reunião foi encerrada horas depois. Havia muito o que fazer, e outras reuniões foram marcadas para os dias seguintes. Tobirama estaria presente somente naquela, pois continuaria com seu trabalho na academia e no laboratório, e Izuna sentiu-se contraditório e confuso novamente quando lamentou em pensamento.

A ideia de se deixar levar pelo que sentia por ele era um dos diversos medos que possuía naquela relação que não tinha nome, mas Izuna já estava envolvido demais para voltar atrás e pensava muito nos conselhos que recebia da senhora Yuko, que incentivava sua paixão sem entender as consequências.

Ao partir, pôde trocar apenas um olhar e curtas palavras com Tobirama. Estavam em grupo na rua e sequer um toque puderam trocar. A decepção nos olhos do Senju o agradou grandemente, e Izuna se deitou sozinho naquela noite sem saber se estava sentindo satisfação, medo, alegria ou raiva; mas era certo que no centro de tudo, estava um imenso carinho que o fez sorrir sem notar.

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