Capítulo 4

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Não foi tão difícil voltar para a rotina costumeira. Tobirama havia deixado muitas pesquisas importantes de lado, mas as anotações iniciais eram muito bem detalhadas e o ajudaram a retornar ao seu ritmo com facilidade. O trabalho na academia nunca foi deixado e continuava o mesmo. Ele dava aulas pela manhã, e às vezes treinava um grupo seleto de estudantes, mas ainda não tinha escolhido os que seriam os seus verdadeiros discípulos. O pensamento nos futuros shinobi o ocupou e foi bem-vindo, mas em casa, quando deitava ou até mesmo enquanto simplesmente lavava o arroz, a cabeça do Senju continuava na outra rotina que foi deixada para trás.

Em uma hora como aquela, Izuna normalmente estaria ali. Ele não aparecia todos os dias, assim como Tobirama não o visitava com frequência, mas passava a noite sempre que jantava na casa do Senju. Ele o esperava na mesa da cozinha, mesmo que sempre comessem na sala, e conversavam enquanto Tobirama preparava o jantar. Na maioria das vezes, era sobre o trabalho, mas nos últimos dias que dividiram refeições, o assunto se aproximava cada vez mais de suas vidas pessoais. O Senju não pretendia ir além daquela forma, mas acabou não se importando, principalmente quando percebeu que Izuna e ele eram muito mais parecidos do que já pensava. Não eram apenas os pensamentos, mas a vivência e os medos que pareciam que nunca iam embora. Portando, foi muito fácil se identificar com o Uchiha.

Hashirama tinha suas feridas como todos eles, mas o irmão de Tobirama era muito mais simples e direto. Ao longo dos anos, o Hokage conseguiu se curar do mais grave, enquanto Tobirama parecia parado no tempo, assim como Izuna. Não era uma situação que desejava para alguém, mas se sentiu aliviado por não ser o único, e quis ter tido a oportunidade de falar mais sobre aquilo. A situação de Izuna parecia ser um pouco mais intensa que a sua, e o desejo de ajudá-lo, mesmo sem saber como poderia, ainda o rodeava. Izuna o rodeava, mesmo sem estar presente.

Tobirama comeu sozinho pelo sétimo dia seguido. Era silencioso, mas não do jeito que gostava. Izuna não falava muito, mas tinha uma presença forte que não deixava o ambiente quieto quando estava presente, mesmo sem abrir a boca. Tobirama levou algum tempo para admitir, mas sentia falta da companhia dele, principalmente sobre o futon, onde a voz do Uchiha era escutada com mais frequência.

O Senju sorriu com a boca fechada, ainda mastigando o arroz. Aqueles momentos eram os que mais faziam falta, e não aconteciam apenas no quarto. Ele podia se lembrar de cada detalhe, principalmente estando ali, sentado sobre chão enquanto olhava para a mesa quadrada. Izuna já esteva deitado sobre ela, e ele, exatamente onde estava, entre as pernas deliciosas que seus lábios sempre marcavam. Foi a primeira vez que o ouviu gemer tão alto, e também quando o ouvir chamar por seu nome, mas baixinho e orgulhoso como sempre. A sensação que teve nunca o deixou, e esperou que fosse chamado daquela forma mais vezes, mas não voltou a acontecer.

Tobirama sentiu o corpo estremecer de repente, e os olhos se fecharam quando o arroz desceu pela garganta sem mastigá-lo direito. A garganta doeu, mas não tanto quanto o seu ego ao ter que se levantar antes de acabar de jantar, para terminar outra coisa, que estava entre suas pernas.

Apenas uma semana, só sete dias, ele repetia para si mesmo enquanto tomava um banho. Tão pouco tempo e estava daquele jeito. Se xingou, mas não havia como negar o quão necessitado estava. Se masturbou antes de entrar na banheira, mas, ainda assim, a lembrança de Izuna sobre o seu colo durante o banho fez seu corpo reagir novamente. O desgraçado ficava perfeito em cima dele, com os cabelos soltos e molhados; os lábios carnudos entreabertos soltando baixos gemidos, o enchendo de desejo e a expectativa de ser chamado como antes, mas Izuna só o provocava, principalmente com aquele sorriso malicioso que o fazia curvar os lábios da mesma forma.

Ele definitivamente precisava de ajuda, foi o que concluiu ao sair da banheira. Mas, que tipo de ajuda? Tobirama não fazia ideia, porém, se colocou a pensar quando deitou no futon. Ele não costumava pensar muito naquilo. Quando precisava, aceitava algum dos muitos convites que recebia dentro e fora da vila. Era bom, porque não tinha nenhuma conexão. Às vezes nem mesmo conversava com a pessoa e ia embora. Ficou envergonhado ao se lembrar de todas as vezes que simplesmente partiu sem olhar para trás. Parecia um animal, como Izuna sempre dizia que Tobirama era, e ele ficava bravo. No fim, o Uchiha tinha razão.

Jardim Sem FloresWhere stories live. Discover now