Capítulo 14

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A gratidão que Tobirama carregou até o portão da vila era genuína, mas ela se foi rápido quando se juntou às carroças e o pequeno grupo que estava de partida. Hashirama foi bem-intencionado, mas não contou com a ansiedade de seu irmão para estar com Izuna. Em sua velocidade máxima, poderia alcançar o acampamento em uma hora, no máximo duas, mas com as carroças e o grupo que contava com apenas um shinobi além dele para fazer a segurança, o tempo comum de um shinobi, que era de três horas de corrida, se tornaria pelo menos seis horas, segundo seus cálculos.

Cogitou deixá-los logo no início do caminho. Sozinho seria mais rápido. Sua verdadeira missão não era aquela, mas quando ouviu uma conversa amedrontada entre uma mulher e um homem que guiavam os cavalos, desistiu. Se aproximou do colega shinobi, e com ele soube que aquela região estava cada vez mais perigosa.

— Soube que um grupo está rondando a floresta. Já assaltaram algumas casas fora da vila. — Ele dizia enquanto se mantinha atento no caminho, assim como Tobirama, que já sabia daquele perigo que estava sendo investigado por Madara, mas não esperou que fosse tão grave, até o shinobi olhá-lo com seriedade. — Fico mais aliviado com o senhor nos acompanhando, pois mais cedo ouvi que o grupo conta com um criminoso de guerra, do clã Hagoromo. É claro que isso é apenas um boato, mas devemos nos prevenir.

Tobirama apenas assentiu, pois, a palavra daquele shinobi se assemelhou com seus pensamentos. Ele não podia deixá-lo sozinho, sem saber o tamanho da possível ameaça, portanto, precisou suportar a ansiedade e dividiu seus pensamentos no caminho e em seu destino, onde esperava que Izuna estivesse bem.

Durante o mês que passou sem o Uchiha na vila, Tobirama não parou de pensar em como ele estava lidando com os pesadelos sem o tratamento, sozinho, tendo que proteger tantas pessoas, e ao mesmo tempo sem saber se deveria se proteger delas. Se culpou por ter escolhido uma discussão no lugar de uma conversa particular, onde poderiam ter encontrado uma forma de lidar com a situação de uma forma mais saudável.

O chamei de egoísta, mas, no fim, eu fui muito mais, pensou, chateado. Ele se preocupa com aquelas pessoas; eu também, mas Izuna sente que tem um dever muito grande com eles. Tenho orgulho dele, fico deslumbrado com tanta força e coragem, mas não consigo colocar o meu medo de perdê-lo abaixo disso tudo.

Tobirama respirou profundamente, sem saber o que esperar daquele reencontro. Sentia-se mais corajoso e não havia mais o receio de se entregar a uma relação com Izuna, mas muitos pensamentos continuavam os mesmos, especialmente aquele que resultou na última discussão que tiveram.

Ficou mal-humorado quando precisaram fazer uma pausa. Todos estavam cansados, menos ele. Se sentia mais enérgico do que nunca, mas precisou ser compreensivo novamente. Por sorte, aquele grupo também queria terminar a missão o mais rápido que pudessem, então almoçaram ao mesmo tempo que descansavam as pernas, se alongaram e logo partiram com Tobirama na retaguarda e o outro shinobi na liderança. Portanto, apenas sentiu o cheiro de fumaça e ouviu um estrondo, seguido de outro, quando já estavam bastante próximos do destino. À frente do grupo, o outro shinobi viu a fumaça e o brilho da explosão que agitou o grupo.

Tobirama pediu calma, mas quando ouviu outro shinobi, que apontou na direção da fumaça e afirmou que naquela direção ficava o acampamento, ele próprio não escondeu seu desespero.

— Izu — sussurrou segundos depois de ver o brilho de uma chama subir entre as árvores e logo sumir.

Ainda estava longe, mas com um esforço maior e um toque na terra seca, conseguiu sentir o chakra agitado do Uchiha. Não pensou muito e seguiu o coração aflito quando ordenou que o grupo parasse.

— Saiam da estrada e camuflem a carruagem. Subam nas árvores e não se movam até eu retornar! — Tobirama trocou um olhar com o outro shinobi, que assentiu antes de tomar a liderança do grupo.

Jardim Sem FloresWhere stories live. Discover now