Capítulo 16

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Os grãos cobertos pela água ainda não estavam totalmente limpos, portanto, Izuna escorreu a sujeira branca e despejou mais um jarro d'água no arroz. Afundou a mão no líquido frio, mas o calor que sentiu em suas costas se sobrepôs à temperatura nos dedos. Sorriu suavemente, sentindo o toque quente correr em sua barriga e peito, seguindo as mãos cuidadosas e firmes daquele que apoiou a cabeça na sua.

— Eu gosto de te ver assim — sussurrou Tobirama, descendo suas carícias para a cintura do Uchiha.

— Te servindo? — brincou Izuna, pois o arroz deveria estar sendo preparado pelo dono daquela casa.

— Também — respondeu Tobirama, inspirando o cheiro do Uchiha através de seu pescoço.

Em seguida, soltou uma risada baixa e desviou do cotovelo que quase acertou o seu estômago. Ainda bem-humorado, se apoiou na bancada onde Izuna lavava o arroz, e se manteve perto, mesmo com o olhar sério que recebeu.

— Eu gosto de te ver à vontade aqui em casa — explicou, sentindo o coração reagindo aos poucos, por conta de sua própria intenção naquela conversa. — Esta casa combina muito com você. — Apoiou o peso do corpo em um único braço e se curvou para ver o rosto do Uchiha de mais perto. — Eu acho que você nasceu para viver nela.

Izuna tirou o olhar do arroz e o levantou para Tobirama com um brilho expressivo que poucos conheciam. Imediatamente adivinhou o teor daquele súbito assunto, pois, depois de tudo, esperava que em algum momento, algum dos dois introduzisse aquele desejo, por isso não se espantou com o coração batendo tão rápido, e sorriu um pouco mais ao deixar o arroz de lado. Se apoiou na bancada, e aproximou o rosto. Quis rir da expressão ansiosa do Senju, mas não pôde, pois estava da mesma forma.

— Pedir para eu morar com você fere tanto o seu orgulho que precisa dar essas voltas? — perguntou em um tom provocativo.

— Não. Eu só... — Tobirama fechou os olhos e soltou uma risada fraca, assim que os abriu. Sim, ainda era difícil se livrar do orgulho sempre forte, mas o amor que carregava consigo finalmente se tornou imbatível. — Eu gostaria que você morasse aqui comigo — disse, e se aproximou outra vez, segurando Izuna pela cintura. — Ou... posso morar na sua casa, eu não sei. Só quero ter você por perto.

Tobirama esperou por uma resposta com ansiedade. Há dias ensaiava aquele pedido, sem saber se era ousado ou cedo demais, mas era o que mais queria e precisava, e não se arrependeu de abrir o seu coração outra vez para Izuna, que segurou o seu rosto com as duas mãos.

— Eu acho que esta casa é perfeita — respondeu ele.

— Sério? — perguntou Tobirama, abrindo um sorriso semelhante ao de uma criança que acabara de conseguir o melhor presente de todos.

— Sim, eu também quero ter você comigo todos os dias — disse Izuna, acariciando a bochecha levemente corada.

Quis admirar aquela expressão rara de Tobirama, mas não pôde resistir quando os rostos se aproximaram. Os lábios se tocaram em um beijo breve, e Tobirama o surpreendeu com um abraço apertado, que fez os seus pés serem levantados do chão.

Os dois corações estavam acelerados, batendo no mesmo ritmo apaixonado, mas quando pensaram além da vida aconchegante que já possuíam naquela casa, os sentimentos foram divergentes.

— Madara vai odiar. — Izuna sussurrou quando se apoiou no pescoço do Senju, que estremeceu os dois corpos com uma risada divertida.

— E Hashirama irá amar.

— Que bom que existe um equilíbrio na nossa família. — Izuna também riu quando afastou a cabeça do ombro de Tobirama, que deitou a testa na sua e o apertou ainda mais contra o seu corpo.

Jardim Sem FloresWhere stories live. Discover now