Daisy Jones

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S/N LAMBERT (vocalista secundária): "Como pode alguém ser tão burro assim?"

Deixo a fumaça sair pelos meus lábios enquanto olho para a moça do documentário. Talvez ela estivesse adorando eu relatar aquilo, o que não poderia achar ruim, se eu estivesse em seu lugar e uma estrela que fez parte de uma banda mais famosa dos anos 70 estivesse falando sobre a convivência da época, eu iria amar. Iria amar mais ainda por saber que ganharia uma fortuna com esse documentário, e que nem ia precisar pensar mais em estudos quando já estava com a vida feita.

Não sabia ao certo se deveria falar sobre aquilo, de certa forma já havia sido avisada que o resto do ex membros já haviam relatado sobre isso, porém eu achava meio pessoal e particular, embora ganharemos uma boa quantia por esse relato, ainda achava pessoal.

S/N LAMBERT: "Sabe..." faço um pausa, olhando para o além da câmera. Eu lembrava de cada detalhe daquele dia, lembrava de cada segundo que passei diante aqueles dois. "Eu acho que Camila fez uma escolha idiota, mas consigo entender o lado dela, de fato, uma mulher grávida e solteira na época era tachada como...como posso dizer? Vagabunda? Prostituta que esqueceu de se proteger e acabou ficando grávida e o pai era um bêbado a procurar de um breve prazer a noite? Era ridículo quem pensava assim. Mas o que podiamos fazer se era esse o pensamento de todos? Aquilo me machucou muito. Sentir que fui traída."

A mulher, chamada Tammy, me olha com um olhar de quase pena. Mas eu não precisava daquele olhar, sabia o quão doloroso havia sido ter descobrido que Camila havia voltado com Billy, mesmo depois de tudo o que a fez passar. Eu a entendia, não queria que a filha vivesse em um lar onde não tinha um pai, e eu sabia o quão ruim era a dor de se sentir não amada, meu pai havia me deixado quando tinha apenas quatro anos e nunca mais o vi. Sacudo a fumaça com a mão e fungo, a lembrança da discussão vívida em minha mente.

S/N LAMBERT: "Lembro de dizer a ela: Para de ser estúpida Camila, ele não te merece porra! Olha pelo o que você teve que passar desde que ele se foi e agora. Agora ele volta e tudo fica bem? Que ele se sente renovado por ter passado esse tempo em reabilitação e agora, da noite para o dia esse puto resolve ser pai? Resolve ser marido? Me responda Camila, seja sincera porra. É isso que você quer pra sua vida?". "Respiro fundo e olho para a câmera, fingindo que aquilo não me abalava. "E lembro claramente da expressão dela. "Camila me olhava com os olhos inundados, a minha respiração estava acelerada e eu segurava um manso de cigarro, e às vezes penso que eu o segurasse mais um pouco teria queimado minha mão. Era noite naquele dia, havia estrelas acima de nós, o cheiro de roupa molhada que vinha da casa nunca havia desaparecido completamente, o cheiro das plantas ao redor da casa era a única coisa que chegava a ser suportável."."

"E o que aconteceu depois?"

S/N LAMBERT: "Ah." Abro um sorriso de escárnio. "Camila me respondeu: É claro que não! Eu não quero isso para minha vida, eu não desejo Billy como te desejo, mas isso não vai funcionar S/n! Eu te amo, mas amo minha filha. É o futuro dela que está jogo! E eu a respondi: Eu posso te dar esse futuro. Ela disse, chorando e fungando enquanto procurava por fôlego: Não, você não pode. Você é mulher, S/n. Billy é homem. E eu ainda o amo."

Engulo o caroço que se formou na minha garganta e desvio os olhos da câmera, segurando uma lágrima que queria cair. Eu não chorava, aprendir desde de cedo que lágrimas não te levavam a nada. Minha mãe, na época da escola, eu havia terminado meu relacionamento com um garoto, era hilário hoje em dia lembrar de que eu achava que iria casar, e viver feliz para sempre. Mas na época foi doloroso, eu sentia que havia perdido um parente, e olha que nem se compara. Mas quando eu entrei na casa, minha mãe estava assistindo no sofá, mas eu passei correndo e subi para meu quarto sem nem cumprimentar.

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