PRÓLOGO

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Antonella López

Olhei para o teto branco acima de minha cabeça, por pouquíssimo tempo, mas consegui.
Estava tudo girando, parecendo que ia cair e desmoronar - como o resto da minha vida -. Então, a melhor opção era ficar de olhos fechados e dormir, de novo. Pelo menos eu acho que era dormir.. ou desmaiar, provavelmente deveria ser a segunda opção - dando-se pelos fatos que aconteceram há pouco -. Minha visão estava ficando roxa com preto tudo vagarosamente, até eu sentir tudo leve e apagar mais uma vez.

Apenas ouvia algumas vozes de fundo, porém não conseguia entender muita coisa e responder? Pior ainda!

- Ella? Pode me dizer quantos dedos tem aqui? - tentei abrir os olhos ao ouvir uma voz que parecia estar muito longe, não conseguia distinguir muito bem se era uma mulher ou homem, mal conseguia abrir o olho, mal conseguia fazer meu corpo obedecer o que eu queria que ele fizesse.

- a informação deixou ela em estado de choque, coloque ela no soro e assim que acordar arranje uma água gelada para que ela possa tomar e aumentar a pressão arterial - outra voz falando e falando, enquanto parecia que meus olhos faziam voltas na cabeça - e isso impossível de se acontecer, é claro - mesmo estando quase fechados.

A última coisa que eu lembrava era dos meus gritos no banheiro, chorando, arrancando meus cabelos enquanto me segurava para não machucar mais ninguém além de mim mesma.

- vou preparar, senhor - a primeira voz respondeu, parecia que estava mais longe ainda.
Eu já havia desistido de tentar conter meus olhos de se fecharem totalmente, desistido de me manter acordada, aparentemente tudo que eu desejava era dormir, esquecer, fingir que o mundo não existe.

Qualquer coisa que me fizesse fugir da realidade em que eu me encontrava, qualquer coisa que funcionasse, menos DR - ou Realidade Desejada, sem ser abreviado - pois eu não acredito que funcione ou que realmente seja algo que faça diferença, ainda mais para o caos que me encontro.

Não conseguia e nem queria pensar como tudo iria ser dali pra frente, não sei o que vai acontecer e sendo sincera, não sei nem para onde eu vou.

Então, senti apenas algo que parecia uma beliscada leve na pele e dessa vez, eu havia dormido de verdade, aparentemente acordando apenas no outro dia. Com um sol "alto" entrando pelas janelas e alguns barulhos.

Estava evitando ver as histórias que ficaram naquelas paredes, a história da minha vida esteve em várias paredes, com várias pessoas, mas essa com certeza é que mais marcou e não há outras histórias que viram que poderão fazer ela sumir. Jamais.

- boa tarde, Antonella. Como está? - perguntou uma das enfermeiras, Carla, me olhando carinhosamente. Cocei a garganta tentando não ser mal educada.

E espera aí... de tarde? Então a sensação de ter dormido bastante não era a toa.

Que bom.

- boa tarde - desejei, não respondendo sua outra pergunta fazendo ela deduzir como eu estou.
Só que na realidade não era preciso uma pergunta, era só raciocinar o que havia acontecido que ela já teria a resposta, mas eu não ia ser babaca ao ponto de falar isso e muito menos falar com todas as letras que eu estou péssima.

  Carla havia me ajudado muito durante os últimos meses e eu não iria ser ingrata por todo o seu esforço. Eu sou muito agradecida por cada tentativa dela, mesmo que não tenha resultado em nada.

Deixa a Luz EntrarWhere stories live. Discover now