Armadura - Capítulo 15

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Eu, com toda a certeza, deveria ter dormido no máximo 3 horas, passei grande parte da noite me remoendo por não saber o que fazer para ter uma boa relação com Léon. Bem, na verdade, eu sei que tenho que conversar com ele, deixar se aproximar... Só não sei como.

Escutar tantas "Daddy Issues" talvez não tenha ajudado nada no processo e apenas pensei nisso quando tocou a tal música no modo aleatório do Spotify.
Mas, pelo menos, não é "Estrelinha" do Di Paullo e Paulino — afinal, agora tenho menos "Daddy Issues" que antes.. eu acho.. —, aquela é o legítimo: tocou, chorei.

— entendeu?

— AH!

Gritei, levando um susto quando percebi dona Eliane próxima de mim, que também levou um susto com meu grito.

— foi mal.. - murmurei e ela respirou fundo, abanando a mão, como se dissesse que "não foi nada".

— acho que você não está para estudar hoje - ela disse, dando uma leve risada e eu cocei a cabeça, concordando.

— no momento só estou precisando de muita música - dei de ombros, me escorando na cadeira e ela franziu a testa.

— você quer trabalhar com isso? - indagou, curiosa.

Não sei se entendi muito bem..

— isso..? Com a música? - perguntei, sem entender e ele concordou.

— é, no ramo musical - complementou e eu suspirei. Era um sonho e tanto.

— querer eu quero, o problema é conseguir - respondi simplista e ela fez uma careta.

— você canta? - indagou, curiosa.

Olhei pra ela, piscando lentamente algumas vezes. Sem saber o que responder.
Cantar, todo mundo canta, não é? A grande questão é cantar no tom certo, afinado.

— dá pra se dizer que sim - falei simplista, ouvindo seu suspirar em seguida.

— isso não é uma resposta completa - apontou, esperando que eu fizesse algo.

— o quê?

— falamos disso outro dia. Você deve terminar logo essa questão, logo seu pai vem buscar você - disse rápido, se levantando da mesa. Revirei os olhos, focando na frase em espanhol que estava escrevendo na vigésima tarefa que dona Eliane me passou.

— e, finalmente, a guerra terminou, resultando na derrota do Eixo - murmurei, escrevendo o final da frase da resposta, encerrando as aulas.. por hoje.

— terminou? - indagou, vendo que eu já estava guardando minhas coisas na mochila.

— sim - concordei com a cabeça, sem parar de arrumar minhas coisas.

Assim que terminaei de me organizar, coloquei a mochila no ombro. Indo até a porta, evitando pensar que fazia bastante tempo que eu não cantava em alto e bom som, onde conseguia encontrar um certo tipo de terapia. Pois, querendo ou não, era um jeito de extravasar o que eu sentia, cantando emoções com os sentimentos reprimidos que havia dentro de mim.

— amanhã começaremos uma disciplina nova - dona Elaine comunicou, aparecendo atrás de mim. Virei meu rosto para ela, lembrando que eu simplesmente saí da sala sem dizer nada.

— ok, preciso trazer alguma coisa pra essa matéria nova? - indaguei, indiferente, cruzando os braços.

— muita água e algumas maçãs - respondeu simplista, saindo do local. Continuei com os braços cruzados.

— é culinária? - brinquei e ela deu de ombros.

— amanhã você vai saber - retrucou, dando um sorriso por fim. Abanei a mão, sorrindo também e saindo da casa da minha professora.
Assim que coloquei meus olhos na rua, vi o carro de Léon estacionado e de imediato uma sensação de felicidade preencheu meu coração por alguns segundos.

Deixa a Luz EntrarOnde histórias criam vida. Descubra agora