Treino - Capítulo 8

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Antonella López

Após Léon estacionar o carro em frente ao prédio gigantesco escrito “Escuela Saint Jorgi, deixei meu celular em cima de minha perna esperando que o homem ao meu lado falasse algo a respeito de eu sair ou não do veículo.

— vou lá conversar com a diretora, pode esperar no carro, se quiser - sugeriu e eu concordei com a cabeça, não estava muito afim de sair do confortável e quentinho banco que estou sentada.

— acha que vai dar certo? - perguntei deixando apenas minha curiosidade à mostra, o resto dos sentimentos contidos ainda estavam encapsuladas em alguma parte do meu corpo.

Eu poderia me gabar dizendo que, com certeza, eu sou uma das melhores nisso, mas soaria um tanto depressivo ver que você consegue esconder bem seus sentimentos para que ninguém os veja.

— acho que sim, mas se não der, tudo certo - afirmou simplista, olhando para a estrada ainda sem sair do carro já parado, logo seus olhos claros se direcionaram pra mim. — sabe, eu acredito que Deus sempre faz o melhor, mesmo que não seja do jeito que pensamos ou que queríamos que fosse - explicou dando um sorriso tranquilo, como se tudo estivesse em paz.

Não sabia que resposta dar a ele, então apenas concordei com a cabeça e ele saiu do carro, dizendo que deixaria o vidro um pouco aberto para que eu não me sentisse sufocada. Pois bem, o sufoco ainda está presente aqui. Ainda mais porque não entendi como Deus poderia ter feito o melhor quando escolheu tirar minha mãe de mim.

— ei - levei um susto ao ver uma pessoa batendo no vidro do carro, bem onde eu estava. Arregalei os olhos. — você é alguma.. coisa? de Léon Ramones? - perguntou segurando um gravador na mão, olhei para ele e não falei nada, me virando para frente.

Droga.

O que eu falo? Nós nunca falamos sobre caso alguém me perguntasse o que sou dele, sabia que o assessor de Léon e o pessoal marketing já haviam falado com ele sobre isso, mas o problema é que nunca dei brecha alguma para ele me falar desse assunto e de como responderia as perguntas que me fizessem.

Uma vozinha chata na minha cabeça dizia constantemente a mesma coisa: "destrua a reputação dele, ele passou a sua vida inteira longe e só por causa da morte de sua mãe que ele apareceu, você vai mesmo perdoar tão facilmente assim?"

Fechei os olhos fortemente enquanto o homem ainda batia na janela do carro e falava algumas coisas rápido demais em um espanhol diferente do que estou acostumada.

— senhorita? - chamou outra vez e então, abri meus olhos, direcionando-os para ele. Encarando fixamente os olhos escuros, que se arregalaram ao — provavelmente — notar a semelhança entre mim e Léon. — você é alguma familiar dele? - perguntou novamente, com o gravador perto da janela. Ele parecia meio amedontrado com o jeito que eu o encarava.

E com razão.

Uma tossida junto de uma coceira de garganta foi ouvida, fazendo o homem recuar alguns passos, olhando para a figura alta que estava em sua frente.

— boa tarde - Léon disse sustentando um sorriso educado, enquanto o homem em sua frente estava tentando parecer menos intimidado possível.

— boa tarde, senhor Ramones - o entrevistador desejou, sorrindo de volta. — que bom te ver, tenho algumas perguntas para o senhor e enquanto lhe esperava, estava aqui falando com a..

Deixa a Luz EntrarWhere stories live. Discover now