Mistério Dos Sombrios Vol 1

Capítulo 7

Era madrugada e Emily acordou de repente assustada, tivera um novo pesadelo e as imagens ainda eram vivas em sua mente. A mesma figura sombria escondida nas sombras de seu quarto. Mas dessa vez havia sangue e os olhos escuros de Victor a todo momento a atormentaram. No sonho ele era o homem que a assombrava. Suspirou cansada e sentou-se na cama, vendo que ainda eram duas da manhã, mas seu sono havia ido embora e não era mais que um cansaço agora. Pôs a mão no pescoço suavemente onde as mãos fortes e cruéis de Victor a haviam sufocado e sentiu seu coração bater mais rápido de medo.
O quarto estava escuro então acendeu o abajur se levantando cambaleante, tomando um susto e caindo de volta na cama ao notar uma figura sombria sentada em uma poltrona no fundo do cômodo. Sentiu vontade de gritar apavorada, mas se conteve. Uma agonia cresceu em seu peito e colocou a mão no peito de modo involuntário enquanto tentava se manter calada sobre o olhar sombrio que a criatura lhe lançava. A janela que antes estivera fechada estava completamente aberta, fazendo o vento frio da noite esfriar o cômodo de modo quase insuportável. Victor Hale a estava a poucos metros dela e não tinha uma expressão satisfeita no rosto.

_O que você está fazendo aqui? _sussurrou ela para a figura aterrorizante dele que estava sentado a encarando de modo inexpressivo em uma poltrona a poucos passos da cama

_Shiiii. _murmurou Victor cruzando as mãos uma na outra ainda sentado na poltrona confortavelmente. _Quem faz as perguntas aqui sou eu.

_Victor eu... _começou a dizer Emily gaguejando, tremendo de medo sob o olhar doentio que ele lhe lançava.

_Eu não quero ouvir você. _disse ele friamente. _Então apenas cale a boca.

Emily ficou em silêncio e sentiu lágrimas descerem por seus olhos sem poder controlá-las. Se encolheu onde estava e o viu se levantar e se aproximar quase que em câmera lenta da cama, exatamente onde ela estava sentada. Sentiu uma sensação de vazio e um calafrio lhe atravessar o corpo de modo quase sobrenatural, parecia ligado à sua presença já que a cada passo que ele dava se aproximando a sensação ficava mais forte. O viu se sentar à sua frente e permaneceu em silêncio, se preparando para correr caso ele a atacasse.

_Você e seu amiguinho se acham muito espertos, não é? _disse ele amargamente. _Indo a minha casa bisbilhotar, achando que eu não saberia.

_Eu fiquei curiosa, pedi que Arthur me levasse. _contou ela tremendo quando ele se aproximou dela ainda mais na cama. _Não pegamos nada eu juro...

_Seja lá o que você esteja querendo saber sobre mim, desista. _disse Victor segurando o rosto dela de forma violenta com uma das mãos. Em um aperto firme. Rude. _Quero que vá embora da minha cidade o mais rápido possível. Se você ainda estiver em Greendale na manhã de sexta-feira, eu pessoalmente acabarei com você.

_Quem é você? _perguntou Emily sentindo a parte de sua pele em que ele tocava queimar.

_Você não vai querer saber. _murmurou ele encostando os lábios levemente em seu pescoço, a fazendo gritar ao sentir uma dor aguda ainda mais dolorosa. Ao contrário do que imaginava que ele faria não havia sido uma mordida, mas simplesmente um beijo. Ela o ouviu sussurrar palavras graves em uma língua estranha e então recuar.
Ele se afastou bruscamente dela e caminhou até a janela do quarto que estava aberta, apesar de ter certeza de que havia trancado antes de ir dormir naquela noite.

_Va embora enquanto pode garota, esse é meu último aviso. _disse Victor antes de pular pela janela e sumir na escuridão da noite.

Emily correu rapidamente para a janela do quarto e a trancou o mais rápido de pôde enquanto tentava controlar as lágrimas de medo que não paravam de surgir em seu rosto. O encontro com Victor a deixará ciente de duas coisas.Primeira; ele era mais perigoso do que imaginava e segundo, precisava ir embora daquela cidade o mais rápido possível.

***

Na manhã do dia seguinte Emily acordou suando frio, havia tido pesadelos horríveis durante toda a noite e o motivo de seus pesadelos era, é claro, Victor Hale, que parecia assombrá-la até mesmo em sonhos. Se aprontou o mais rápido que pôde para ir para a escola e sem ao menos tomar café da manhã foi andando sozinha respirando o ar frio da cidade. Seu pai já havia saído para o trabalho e cabia a ela ir sozinha para o colégio naquele dia.

Depois de minutos caminhando viu um carro preto se aproximar e lentamente parar ao seu lado. É claro que não precisou de muito para sentir a sensação de medo e agonia. Victor Hale.

Sentiu vontade de correr, o que o garoto fizera com ela no dia anterior a fizeram temer qualquer coisa naquela cidade. Logo o vidro do lado do motorista do carro foi abaixado e ela pôde ter certeza. Parou de respirar por um momento, quem menos queria ver nesse momento, ainda mais sozinha.

"Victor Hale” pensou em pânico, rapidamente se lembrando do que ele fizera a ela na festa, e logo depois a visitando em seu quarto para ameaçá-la.

Sacudiu a cabeça nervosa, não podia pensar sobre aquilo naquele momento exatamente por três motivos. Primeiro, a rua era deserta e cercada por uma floresta sem fim e silenciosa; segundo, só havia ela e o dono do carro ali; terceiro, o dono do carro era Victor Hale, um psicótico, cruel que a atormentava.

Assustada? Não, apavorada seria a palavra adequada para descrever o estado de espírito dela naquele momento.

_Quer uma carona? _perguntou ele sem encará-la.

_Não precisa. _negou ela sem sequer olhá-lo, em busca de alguém que pudesse estar os observando e pudesse ver tudo quando ele a matasse.

_Por quê? _quis saber ele seriamente. _Por acaso está com medo Emily?

_Não... eu só... não gosto de você. _disse ela seriamente, erguendo o queixo de modo confiante.

Victor a analisou por um tempo e pareceu não gostar nem um pouco da resposta, mas também não disse mais nada.

Acenando de modo indiferente ele saiu com o carro, fazendo Emily respirar aliviada ao ver o veículo se afastar. O medo que sentia dele era maior que tudo o que já sentiu na vida, ainda mais agora que desconfiava sobre sua natureza sobrenatural.

***

Choveu antes que pudesse chegar na escola e quando enfim chegou na sala, estava encharcada por causa da chuva torrencial e tremia de frio. Entrou na sala de aula de cabeça baixa e foi direto para sua cadeira, ignorando os olhares dos colegas e do professor sobre ela.

Sorriu para Arthur que estava a sua frente e voltou-se seu olhar para seu caderno o tirando da mochila e começando a rabiscar coisas sem nexo enquanto o tempo passava.

_Era para ter aceitado minha carona, agora está parecendo um ratinho afogado. _penalizou-se Victor falsamente. _Por ser tão orgulhosa vai acabar ficando gripada ou pior, morrer de pneumonia.

_Me deixe em paz... _resmungou entredentes exasperada. Sua vontade era dizer que preferiria morrer a estar em um carro com ele, mas sua resposta foi o silêncio.

Ao seu lado Victor riu e isso a encheu de ódio, sentiu uma vontade de partir para cima dele e lhe dar um soco, mas pensou melhor lembrando da força usada por ele para sufocá-la na festa na noite anterior. Então voltou a concentrar-se em seu caderno e o ignorou o resto do tempo, o que não foi difícil já que ele fazia o mesmo com ela.