Capítulo 66

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Mesmo a contragosto Kara não pode ficar para a conversa que Eliza queria ter com Lena e as deixou sozinhas no apartamento, mas como estava muito nervosa para ir à CatCo foi até a casa de Alex esperar que Lena lhe ligasse. A irmã já esperava por ela e precisou de apenas uma batida na porta para deixá-la entrar e recebê-la com um abraço de urso.

Enquanto isso Lena tentava sustentar o olhar de Eliza Danvers sem parecer desafiadora demais o que não era tarefa fácil pois se intimidar não era de sua natureza, mas decidira que deixaria a mãe de Kara assumir o ritmo daquele encontro que poderia decidir seu futuro amoroso porque por mais que soubesse que Kara poderia ficar ao seu lado contra Eliza jamais permitiria que isso acontecesse.

— Kara me disse que prefere café a chá, certo?

— Sim, café está ótimo. Mas não precisa se preocupar, estou bem.

— A convidei para o café da manhã Lena, sente-se à mesa, sim? – Seu tom de voz era calmo, mas firme, o que não deixava margem para contestação. Eliza era uma mulher forte e elegante que raramente não conseguia o que queria.

— Então você está cuidando das empresas do seu irmão?

— Não – Lena tomou um gole do café "então esse será o tom da conversa" pensou – eu assumi as empresas Luthor, meu irmão ou minha mãe não têm mais nada a ver com a L-Corp.

— Sua mãe, claro, havia me esquecido de Lillian Luthor. Ela também declarou seu ódio contra minha família em alto e bom tom.

Lena respirou fundo, pousou a xícara na mesa e olhou firmemente Eliza Danvers:

— Senhora Danvers, não vou ficar aqui tentando explicar ou me desculpar pelas ações criminosas de alguns membros de minha família, seria inútil e não nos levaria a lugar nenhum. Sim eu sou uma Luthor, sim as vezes tenho ímpetos de odiar bem mais fácil do que qualquer outra coisa, mas nada, nada neste mundo me é mais verdadeiro do que o que sinto por Kara.

— E o que você realmente sente por ela, Lena?

— Eu... – Lena engoliu em seco – eu não sei se é amor senhora Danvers, como sabe o DNA Luthor é feito mais de obsessão do que de amor. Mas posso te dizer que quando ela sorri, ah, quando Kara me sorri é como um raio de sol que surge entre nuvens cinzas, posso te dizer que quando ela me olha com aqueles olhos honestos eu penso que não os mereço em minha vida, posso dizer que quando ela me olha e sorri ao mesmo tempo, senhora Danvers, eu sinto um desejo incontrolável de ser o que ela vê em mim, o que ela precisa que eu seja. Não sei se isso é amor, tudo o que sei é que prefiro desaparecer da vida dela antes de ser usada por Lex como uma arma contra ela, eu posso lhe dizer, sem sombra de dúvida, que eu morrerei antes de ser usada por quaisquer membros de minha família que queira usar minha relação com Kara para feri-la de alguma forma.

— Mas você mesma já a magoou muito quando soube que...

— Eu sei – Lena a cortou e secou uma lágrima que teimosamente caiu de seu olho – eu sei, como sabe não fui criada para perdoar, senhora Danvers, fui criada para me vingar primeiro e matar depois.

Lena viu os olhos de Eliza se alterarem diante de sua confissão, mas sabia que se queria ter uma chance de ser aceita pela mãe de Kara não poderia mentir, não agora, deveria ser completamente sincera por isso continuou mesmo correndo o risco de pôr tudo a perder:

— Não há por que esconder isso, todos conhecem minha família e se não fosse pela fama dos Luthor não estaríamos tendo essa conversa.

— Pelo menos reconhece que para mim é difícil aceitar, entenda, ela é minha filha, eu a amo, tudo o que quero é vê-la bem. Protegida, na medida do possível.

— Posso lhe assegurar que queremos a mesma coisa, o bem-estar de Kara.

— E isso não é mais um plano de vingança?

Lena olhou nos olhos da mulher que já começava a considerar sua ex-sogra pois os viu frios, gelados. Foi inevitável não tremer ao constatar que estava perdendo a luta para Eliza já que não conseguia convencê-la que seus sentimentos por Kara eram reais e não mais um plano Luthor assassino. Estava determinada a não fazer a namorada escolher entre ela e a mãe, assim, desistiu.

— Não – respondeu simplesmente.

Não sabia como fazer Eliza entender o que sentia porque ainda não estava pronta para admitir nem para si mesma que a palavra certa era amor, e com certeza não estava pronta para dar ar a essa palavra que tanto enchia seu peito quando pensava em Kara. Sem ter mais argumentos, se levantou e silenciosamente caminhou para a porta.

Eliza observava tudo com atenção e sem dizer nada. Ponderava em seu íntimo cada palavra que Lena havia lhe dito e mesmo ainda tendo dificuldades para acreditar nos reais sentimentos da Luthor por sua filha era inegável o fato de que havia algo ali, mas como acreditar em alguém cuja especialidade familiar é mentir e trair?

Ao Som do CoraçãoWo Geschichten leben. Entdecke jetzt