Capítulo 71

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Alguns agentes que passavam pelo corredor pararam e olharam-se mutuamente assustados com o grande barulho de algo, mais uma vez, se quebrando vindo de dentro do laboratório que Lena Luthor ocupava no DEO há cerca de dez dias. Pensaram se deveriam ver se estava tudo bem, mas Alex apareceu na ponta do corredor então seguiram seus caminhos enquanto a diretora Danvers entrou sem bater na porta.

Os três computadores estavam espalhados pelo chão junto com pedaços de copos e pratos quebrados com alguns restos de comida misturados a inúmeros papeis amassados, rasgados, até mesmo a cadeira estava jogada perto de uma das paredes. Lena estava tremendo com ambas as mãos apoiadas sobre a mesa vazia, a cabeça baixa deixando lágrimas pingarem entre seus dedos.

— Tenho medo da resposta, mas, quando foi a última vez que tomou banho, Lena?

Lena secou as lágrimas rapidamente e passou os olhos por si mesma, a camiseta preta do uniforme dos agentes do DEO escondia a sujeira, mas não o odor, já as calças de moletom tinham várias cores de encardida. Ela ergueu os olhos e, ao encontrar o olhar de Alex, pode ver que ela estava preocupada.

— Acho que há dez anos? – tentou amenizar seu mau humor e raiva latentes.

— E pelas olheiras não dorme há vinte. Não acha que precisa descansar um pouco?

— Vou descansar quando encontrar uma forma de acabar com o Héstia.

— E cair de exaustão vai ajudar isso como?

— O que você quer Alex? Preciso voltar ao trabalho.

— Não precisa coisa nenhuma, e depois acabou de quebrar o terceiro computador vai demorar um pouco para repô-lo. Você vai tomar um banho e dormir um pouco.

— Alex, por favor, vá embora e me deixe trabalhar, ok?

— É assim então? Está bem. Vou chamar reforços.

— Alex. Alex? Não precisa. Alexandra!

Mas ela já tinha saído e não demorou mais do que alguns minutos para Kara colocar a cabeça para dentro do laboratório e pegar Lena levantando os restos de um dos computadores para colocá-lo sobre a mesa.

— Oi – disse tímida – posso entrar ou corro o risco de levar uma cadeirada na cabeça?

— Oi – Lena a olhou e deixou os ombros caírem – não, a cadeira é da Alex, você merece uma mesa.

Kara entrou devagar e se encostou no batente enquanto Lena se apoiou na beirada da mesa cruzando os braços.

— Muito ruim? – Lena perguntou meio sem jeito.

— Um cheirinho meio peculiar, mas ainda é minha pessoa preferida no mundo.

— Sou é?

— E será mais ainda depois de um banho.

— Kara Danvers! Como ousa me...

Mas foi interrompida porque Kara em menos de um segundo estava ao seu lado tomando-lhe os lábios em um beijo.

— Você precisa descansar um pouco Lena – Kara lhe disse após encerrar o beijo sem soltá-la – Por favor. Já está aqui dentro há mais de três dias seguidos, precisa descansar.

— Tudo bem, só me deixa tentar ligar esse computador de novo.

— Não, agora. Ou vou ter que dar sinal verde para a Alex.

— Como assim?

— Bom, ela disse que se eu não conseguisse te tirar daqui para que descanse, ela vai te levar amarrada e algemada e te jogar debaixo do chuveiro gelado.

— E você a deixaria fazer isso?

Kara levou o rosto para dentro dos cabelos de Lena e cheirou provocadora sua nuca mordiscando o lóbulo da orelha antes de voltar a olhar sua boca:

— Nesse momento a tentação é grande.

— Kara! – ela deu um leve tapa em seu ombro, mas deixou-se levar para fora do laboratório.

Elas foram até o alojamento onde Lena estava dormindo desde que Alex a confinara no DEO. No primeiro dia foi uma discussão sem fim para convencer Kara de que esta era a melhor solução. Depois Lena teve que convencer todos na L-Corp que estava em uma viagem de negócios na Oceania, apenas Clarice sabia a verdade sobre seu paradeiro.

Eliza ficara na cidade por alguns dias, mas depois foi convencida, a muito custo, a ficar um tempo na fazenda dos Kent por segurança, e enquanto Lena tentava achar uma solução para a ameaça Héstia, Clark tentava encontrar Lex que havia evaporado. Kara, por outro lado, vigiava o DEO noite e dia, sabia que Lex estava planejando algo letal para colocar as mãos em Lena e o silêncio dele nesses últimos dias a estava preocupando mais do que qualquer outra coisa.

Ao Som do CoraçãoWhere stories live. Discover now