Capítulo 99

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Kara entrou sorridente na CatCo e ignorou o olhar felino de Sophia, deixou o café na mesa de Nia que ainda não havia chegado e foi para sua sala. Estava inspirada essa manhã e queria escrever, escrever sobre como o mundo é lindo e colorido e feliz e de como se precisa parar para apreciá-lo. Estava na metade de seu texto quando o telefone sobre sua mesa tocou:

"Kara, você precisa vir aqui agora."

"O que foi Nia?"

"Só venha, rápido."

Kara levantou-se e enquanto saía de sua sala apurou os ouvidos para tentar descobrir o que havia perturbado tanto sua amiga. Mas o que seus ouvidos captaram precisavam de confirmação visual para que tivesse a certeza de que não estava sonhando ou melhor tendo um pesadelo. Apressou os passos e como os demais repórteres ficou estática diante da figura imponente de Lillian Luthor no meio da sala de Andrea Rojas. As duas gesticulavam e discutiam aos brados, todos podiam ouvir.

Então Lillian simplesmente sentou-se na cadeira da editora chefe e sorriu enquanto buscava os olhos de Kara através do vidro que separava a sala do resto da edição, ao ser encarada pela matriarca Luthor um arrepio gelado percorreu o corpo da Danvers. Andrea abriu a porta com força, quase a quebrando, estava ofegante e a raiva transbordava de seus olhos, passou por alguns colegas de trabalho e foi até o bebedouro, precisava de litros de água para tentar se acalmar.

Alguns instantes depois, Lillian levantou-se e vendo que tinha a atenção de todos parou na frente da porta, cruzou os braços de maneira que sua fina pulseira de ouro incrustada com esmeraldas ficasse por cima e olhando diretamente para Kara dirigiu a palavra a todos:

— Olá, como sabem sou Lillian Luthor e com o infeliz caminho que meu querido filho Lex escolheu seguir, decidi retornar à cidade para ajudar minha filha com os negócios da família, por isso, a partir de hoje estou assumindo a direção da CatCo.

O sorriso gelado que acompanhava cada palavra fez cada pessoa ali se arrepiar, mas em Kara, por alguma razão que ela desconhecia no momento, produziu também um mal-estar repentino. Pequenas pontadas de dor atingiram sua cabeça e seu estômago revirava tudo o que comeu pela manhã. Instintivamente levou uma das mãos a têmpora, massageando-a.

— Você deve ser Kara Danvers, certo? – disse Lillian se aproximando mais dela – A namorada de minha Lena. Sente-se bem, querida?

Mas Kara não conseguiu responder porque assim que Lillian lhe tocou o braço uma leve vertigem a atingiu a fazendo precisar se apoiar em Nia que estava ao seu lado.

— Ó querida, parece que realmente não está bem. Você – disse dirigindo-se a Nia – me ajude a trazê-la até minha sala.

Foi quando sentiu as mãos de Lillian mais uma vez sobre seu corpo que Kara entendeu o que acontecia e com olhos arregalados encarou sua sogra que apenas sustentou seu olhar com um sorriso maldosamente cínico. Mas antes que qualquer uma das duas pudesse dizer algo, Lena saiu do elevador e por alguns segundos ficou petrificada diante da presença de sua mãe, logo recobrou o controle de seu corpo e com passos firmes foi em direção à Kara.

Silenciosamente ficou entre as duas mulheres dando as costas a Lillian, dirigiu o olhar a Nia que ainda amparava a amiga sem entender o que estava acontecendo:

— Nia, por favor, leve Kara para a sala dela. Os demais voltem ao trabalho – virou-se para sua mãe e prosseguiu – eu ainda sou a dona deste lugar e não os pago para ficarem de conversa fiada por aí.

Todos imediatamente voltaram às suas atividades, Lena esperou que Kara se afastasse com Nia para se dirigir a sua mãe:

— O que pensa que está fazendo?

— Minha querida, por que não conversamos na minha sala?

— Sua sala? Sua sala? Só pode estar louca! Onde está Andrea?

Mas Lena não teve resposta, Lillian apenas lhe deu as costas e foi para a sala que até poucos minutos atrás era ocupada por Rojas. Lena respirava fundo para controlar a raiva quando sentiu uma mão em suas costas, se virou de susto:

— Andrea! O que raios aconteceu aqui?

— Me diga você. Sua mãe simplesmente apareceu aqui dizendo que vocês concordaram que ela assumiria a CatCo e me pôs para fora de minha sala, Lena.

Lena suspirou exasperada e passou as mãos nervosamente pelos cabelos.

— Eu vou resolver isso.

Deixou Andrea onde estava e dirigiu-se até a sala que sua mãe estava ocupando. Aquilo seria difícil, muito, muito difícil.

Ao Som do CoraçãoWhere stories live. Discover now