19. Um dia a mais

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Pov Freen

Assim que a ligação terminou, eu coloquei meu telefone próximo ao meu peito, enquanto meu coração martelava dentro de mim. Sentia a adrenalina percorrer pelo meu corpo e me peguei sorrindo. Reencontro Freenbecky. Seria essa a minha chance de ver Becky novamente?

Sorri sozinha imaginando que finalmente tinha a desculpa perfeita para contatar Becky. O seu número registrado na minha agenda, agora como Rebecca depois de tanto tempo como BB, doía um pouco, não vou mentir, mas não hesitei em usar a oportunidade que tanto havia esperado. Mandei mensagem para ela perguntando o que ela achava do encontro e logo percebi que ela não saberia quem era o remetente, então me identifiquei nervosamente.

Aguardava ansiosamente a sua resposta quando Li entrou no meu quarto, segurando seu coelhinho favorito e esfregando seus olhos.

"O que houve, bebê? Não conseguiu dormir?" perguntei, abrindo meus braços em um convite que ela prontamente aceitou, se encaixando neles.

"Pesadelo," ela respondeu no meu pescoço e eu apertei sem força seu corpo no meu e voltei a me deitar na cama, agora com minha costelinha favorita aninhada em mim.

Encarei de canto de olho meu celular na cabeceira da cama quando ele alertou uma nova notificação. Estendi minha mão e peguei o aparelho, abrindo a sua mensagem.

"Eu não sei." Brilhava para mim na tela e me senti confusa e um pouco chateada. Talvez eu devesse saber melhor, mas eu ainda estava esperando um outro tipo de reação. Mas eu não desistiria. No outro dia eu tentaria de novo.

Apesar disso, ainda me sentia inquieta, porém pensei que em meus braços, eu tinha o antídoto perfeito para a noite de insônia. Com isso em mente, fechei meus olhos, deixei um beijo no topo da cabeça da minha filha e relaxei, sentindo meu corpo ser puxado lentamente para o sono profundo.

Acordei no outro dia um pouco mais confiante. Passei pela minha rotina matinal com Li e a deixei na escola. Fui até o estúdio onde estava gravando uma novela e assim que estacionei o carro, peguei meu celular e decidi responder Becky.

"Eu também não sei de muitas coisas, Becky. Mas acho que essa é uma boa chance da gente descobrir. Eu não vou responder ao Saint ainda, precisamos conversar antes disso. A gente pode se ver?"

Analisei a minha mensagem antes de finalmente enviá-la. Honestamente eu não ligava muito para a proposta do Saint. Apesar de amar meus fãs, eu preferia que meu reencontro com Becky fosse apenas nosso. Eu tinha tantas dúvidas sobre o que se tornou a nossa relação. Tanta culpa também. Mas o sentimento que vencia era a tristeza por ter perdido uma das melhores coisas que já havia acontecido na minha vida. Becky era o meu acalanto no meio do caos, o silêncio no meio da confusão. E eu não me perdoava por não ter entendidonisso antes, mesmo tendo ouvido diversas vezes que não havia sido culpa minha.

No final das contas realmente não importava se tinha sido minha culpa ou não, ela só não estava mais ali com seu sorriso gentil, com sua mão que sempre buscava meu joelho quando ela me sentia desfocada e muito menos com sua voz que sussurrava no final do dia que me amava.

Fechei meus olhos, tentando me recompor. Eu precisava acreditar que dessa vez podia ser diferente. Eu não era mais a mesma menina-mulher de antes. Eu havia lutado muito para chegar no ponto que eu estava hoje. E não importava se Becky havia me superado e não quisesse mais uma relação amorosa comigo, eu me contentaria a tendo em minha vida. Do jeito que fosse.

Eu entrei no estúdio e aproveitei a minha carga emocional e usei tudo nas minhas atuações. Eu me sentia exausta no final do dia, mas era tão inrequecedor extravasar através da arte daquela forma. Eu amava meu trabalho. Claro que tinham as partes problemáticas de estar cada dia mais nos holofotes, mas eu já sabia lidar com aquilo de uma forma saudável. Desde que eu tivera Li, eu consegui encontrar um balanço ideal entre a minha vida pública e particular.

Quando cheguei em casa aquela noite, depois de pegar Li na escola e ir jantar na casa da minha mãe, eu finalmente fui em busca da resposta de Becky e confesso que quase não cabia no meu rosto o sorriso que se formou em minha boca. Ela havia aceitado me ver. Finalmente eu a veria novamente.

Marcamos para alguns dias depois em um café. Confesso que estava extremamente ansiosa, mas ao mesmo tempo me sentindo tão feliz. Eu havia esperado tanto tempo para isso. Para estar no mesmo lugar que ela e ver de perto o quanto ela cresceu. Eu havia acompanhado sua carreira musical a distância e ela era tão talentosa com suas palavras. Nos meus piores dias eu me pegava lagrimando ouvindo suas músicas mais sentimentais e nos melhores, me via gritando suas letras mais animadas com Li no carro.

A verdade era que Becky podia não estar fisicamente presente na minha vida durante todos esses anos, mas ela nunca deixou de estar ali. Nas cópias dos livros em inglês que ela lia para mim quando estávamos juntas, nas fotos que ela havia tirado de mim nos porta retratos, nas cores das flores que ela tanto gostava de me ver ao redor e, é claro, nos meus pensamentos e sentimentos.

Eu havia me casado e formado uma família quando eu perdi a esperança de tê-la na minha vida. Eu conheci Rune ao acaso e o sorriso dele era sincero, assim como seu coração parecia puro. Eu me envolvi com ele, numa clara tentativa de recomeçar. Eu não vou mentir e dizer que não desenvolvi sentimentos fortes por ele e que o nosso relacionamento não foi real, porque foi. Eu decidi aceitar seu pedido de casamento e vivemos felizes por um tempo, mas ele sempre quis mais de mim do que eu tinha para dar.

Ele me disse quando terminou nosso relacionamento, dois anos atrás, que ele me olhava no jardim, cantarolando músicas tristes e sorrindo ao mesmo tempo. Que ele me via revirando revistas antigas e suspirando. E que ele sabia que quando eu estava distraída, a minha mente estava longe. E ele disse que queria mais que isso.

E eu o entendi. Eu não percebia que fazia essas coisas, sendo honesta. Era natural me pegar pensando no passado quando algo me provocava isso. O que eu não tinha percebido, era, que eu mesma havia espalhado gatilhos de lembranças na minha vida. As flores, os retratos, os livros e as canções. Não eram as lembranças que me perseguiam, era eu que não queria abrir mão delas.

A nossa separação foi amigável e a gente compartilhava a guarda de Li de maneira adulta e responsável. Conseguimos fazer o que muitos casais não conseguiam: manter respeito e carinho o suficiente um pelo outro para termos um bom convívio. A minha vida era tranquila.

Respirei fundo antes de entrar no café aquele dia, porque sabia que atrás daquelas portas estava o meu passado, mas um passado que eu, sem perceber, preservei no meu presente por tanto tempo. E ali, antes de dar aquele passo, tudo o que eu queria era ele permanecesse no meu futuro. Ela permanecesse. Todos os dias e um dia a mais.

Notas da autora:

Oi, bebês. Kkkkkkkk. Veio aí o pov da Freen. Eu sei que vocês estão ansiosas para as respostas das perguntas do último capítulo, mas tenham paciência que vocês vão descobrir tudo.

P.s. a Freen vai ser super boiola, já decidi. Haha.

Espero que gostem e até o próximo!

People ChangeWhere stories live. Discover now