Capítulo 4

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Eu preferia te segurar, ao invés do celular em minhas mãos (James Arthur - Car's Outside)

Guardei o celular no bolso e liguei a moto, partindo em direção ao destino.

Com a ajuda do mapa que eu tinha da cidade, não demorou muito para chegar ao local. Entretanto, a última parte do trajeto precisaria ser percorrida a pé.

Ao desligar a moto, fiquei na dúvida se Michael estaria me esperando em algum ponto específico ou se eu teria que entrar na área em busca dele.

Estacionei a moto próxima a algumas árvores e segui o restante do caminho a pé em direção à cachoeira.

Enquanto avançava, minha mente estava dividida entre a missão urgente e os sentimentos tumultuados em relação a Jake. A mensagem que eu enviara pesava como uma ansiedade emocional, e eu me questionava se tinha tomado a decisão certa ao revelar meus sentimentos naquele momento.

Óbvio que eu já sabia muito bem o que sentia, mas guardar aquilo e revelá-lo eram coisas totalmente diferentes. Será que ele entenderia aquilo como algum tipo de pressão?

Balancei a cabeça me recusando a pensar naquilo.

O caminho até a cachoeira tornou-se gradualmente mais íngreme, guiando-me por entre árvores altas que se entrelaçavam formando uma espécie de cúpula natural. A luz da lua mal conseguia penetrar nas densas folhagens, pintando o ambiente com tons de azul prateado, criando sombras que dançavam à medida que eu avançava.

Era uma floresta macabra e assustadora.

O som da água correndo ecoava à noite, crescendo em intensidade à medida que me aproximava da cachoeira.

De repente, meu celular começou a tocar freneticamente no meu bolso, e eu o peguei imediatamente.

Parei de andar ao ver o nome de Jake brilhando na tela.

Jake. Estava. Me. Ligando.

Meu estômago começou a se revirar, e uma onda de nervosismo tomou conta de mim, se é que era possível ficar ainda mais nervosa. Ele nunca tinha me ligado antes, não sem aquela voz modificada.

Apertei no botão verde e coloquei o telefone no ouvido.

— Onde você está, Jade? — sua voz ecoou, cada palavra carregada de urgência e preocupação, mas para mim, foi como se as palavras se perdessem em um mar de borboletas agitadas que dançavam em meu estômago. — Jade, por favor. — Ele implorou.

Não podia negar as vezes em que imaginava como seria ouvir sua voz sem as distorções habituais.

— Jake... — Minha voz mal passou de um sussurro — Sua voz... é bonita.

Senti um calor repentino subir ao meu rosto enquanto as palavras escapavam da minha boca. Eu mal podia acreditar no que acabara de dizer. Aquilo era ridículo. Do outro lado, houve um breve silêncio, como se Jake estivesse surpreso com meu comentário, ou talvez confuso.

— Esse não é o momento. Onde você está? — Ele finalmente respondeu, sua voz tingida de premência enquanto parecia mexer em algo, talvez em uma mochila, e então sua voz caiu para um sussurro sutil — Você me prometeu.

Senti um aperto no peito piscando quando meus olhos ficaram marejados.

— Sinto muito, Jake. — Disse tentando abafar minha emoções que ameaçavam submergir — Eu precisava.

— Não. Não precisava.

— Todos eles se colocaram em perigo. Você se colocou em perigo. Eu precisava fazer alguma coisa.

Duskwood - Não é o fimWhere stories live. Discover now