Capítulo 27

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Todo dia é uma estrada sinuosa, eu chego um pouco mais perto. (Sheryl Crow - Every Day Is A Winding Road)

Acordei na manhã seguinte, sentindo uma forte dor no corpo. Provavelmente porque dirigir naquela moto por horas a fio não deixou meus músculos muito felizes.

Entrei no banheiro, já escovando meus dentes e vendo o nó que tinha feito ontem à noite depois de chegar e capotar na cama. Agora, eu tinha pena de qualquer pente que tentasse se aventurar nele.

Desculpa cabelo, mas hoje não é o dia que você vai receber atenção.

Sai do quarto depois de uma tentativa rápida de domar meus fios rebeldes, vesti uma calça cargo e blusa tradicional. Desci as escadas me deparando com um Dan esparramado em cima do sofá.

— Você bebeu? — Perguntei, observando sua posição relaxada.

— Você sequestrou minha moto. — Ele continuou encarando o teto.

— Tive que tirar uma aranha de cima dela, te disse essa parte?

Ele fez uma careta, resmungando. Levantou do sofá e me encarou com o cenho franzido.

— Já está pronta?

— Sim.

Dan inclinou o rosto para a mesinha de centro, onde um relógio indicava que ainda faltavam duas horas.

— Falta duas horas. — Ele salientou.

— Ótimo, tempo suficiente para um café reforçado antes do julgamento. — Sugeri, indo em direção à cozinha.

Dan seguiu-me, parecendo mais desperto.

— Você acordou bem animada. — Ele comentou, enquanto eu preparava o café.

— E?

— E que é bem difícil entender seu humor variável — Ele fingiu fazer umas contas nos dedos, enquanto eu servia duas xícaras de café — Pelos meus cálculos, essa sua alegria não faz sentido.

— Está achando ruim que eu não esteja chorando por ai?

— Não. Estou achando estranho que desde que olhei na sua cara, tem um sorriso aí que está me deixando assustado.

Olhei para ele fazendo uma careta.

— Tem um motivo.

— Tem a ver com a sua fuga e a localização que você enviou aleatoriamente? — E acrescentando: — Não posso esquecer a parte: Jake, advogado, porra e três emojis sorrindo.

— Primeiro: Eu não dei uma fuga. — Eu usaria o termo "sai para espairecer" — segundo: sim, talvez tenha a ver com isso.

— Fantástico, porque eu quero mesmo saber o que aconteceu.

Olhei para Dan no mesmo instante em que a campainha tocou.

— Vai saber agora.

Segui até a porta com Dan atrás de mim e a abri. Tim já encarava com um sorriso, mas diferente do dia anterior, ele estava bem mais formal.

— Bom dia, Jade. — Tim comprimentou.

— Bom dia. — Retribui, demonstrando uma confiança que Dan ainda não conseguiu entender totalmente. — Tim, este é Dan. Dan, Tim. — Apresentei, observando a expressão confusa de Dan. — Ele é o advogado. — Emendei.

Dan ergueu uma sobrancelha.

— Certo — Seu tom saiu duvidoso, quando ele estendeu a mão para cumprimentar Tim. — O advogado milagroso, pelo visto.

Duskwood - Não é o fimOnde as histórias ganham vida. Descobre agora